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    The Last Days of American Crime
    Críticas AdoroCinema
    1,5
    Ruim
    The Last Days of American Crime

    Distopia sem brilho

    por Barbara Demerov

    O fato de um longa-metragem ter uma duração extensa, como é o caso de Last Days of American Crime, pode fazer com que ele siga um destes caminhos: o de um desenvolvimento prolongado que evidencia positivamente todas as camadas de seu enredo, ou aquele que, mesmo com longos minutos no corte final, se apressa em apresentar seu protagonista e universo próprio apenas nos momentos iniciais, sem margem para a reflexão - tampouco para o envolvimento do espectador com relação às motivações dos personagens em si.

    Em Last Days of American Crime, a distopia inserida para construir os Estados Unidos de forma futurística, ao mesmo tempo que demarcado pela violência intensa e a corrupção, não vai de encontro com uma saída original. A premissa do filme até aparenta sair do lugar-comum de filmes de ação: os EUA criaram um dispositivo cerebral que impede as pessoas de agirem ilegalmente, controlando-os a fim de garantir a paz.

    O projeto que visa acabar de vez com o crime entrará em vigor a alguns dias a partir do início do longa. Mas o interesse do espectador que pode estar à espera de encontrar um conteúdo inovador, que garanta uma linha de pensamento sobre a capacidade de a tecnologia influenciar pensamentos e ações de seres humanos (no maior estilo Black Mirror) para por aí mesmo, no argumento do longa.

    Para trazer um olhar mais próximo às injustiças cometidas pela própria polícia diante das ações do dispositivo que é ativado via rádio, temos como protagonista um anti-herói em busca de vingança para, enfim, garantir sua paz. O ladrão Graham Bricke (Edgar Ramírez) é a síntese do personagem de um roteiro que busca inserir todo o tipo de complexidade gratuita, que pouco auxiliam em uma maior evolução (tanto para si quanto para a história engatar).

    FILME PERDE O FOCO NARRATIVO POR DIVERSAS VEZES PARA DAR ESPAÇO À AÇÃO DESENFREADA

    Bricke perdeu o irmão (também ladrão) de forma injusta, se relaciona romanticamente com outra ladra (que, por sua vez, tem ligação com o FBI) e possui alta capacidade de autodefesa e ataque. No entanto, não sabemos absolutamente nada além destes três pontos. No caso de outros filmes de ação do mesmo diretor de Last Days of American Crime, Olivier Megaton, como Busca Implacável 2 e 3, o passado do protagonista não importa mais do que o presente, pois o que vale é a urgência dos eventos exibidos. Mas o personagem que Liam Nesson encarna na franquia comandada pelo cineasta é muito mais complexo que o de Ramirez nessa produção. Apesar do empenho do ator em tornar seu protagonista mais profundo, sua própria presença acaba sendo absorvida pelas múltiplas rotas que o roteiro quer seguir de uma só vez.

    Ao introduzir personagens que pouco adicionam contexto à trama geral, como é o caso de Shelby Dupree (Anna Brewster), com sua sexualização e redução proposital a ser apenas uma mulher cheia de clichês - incluindo na motivação principal, com sua irmã feita de refém -, Last Days of American Crime se alonga por demais em uma narrativa repleta de atalhos. O que se apresenta na tela é apenas a tentativa falha de reunir o máximo de elementos do cinema de ação (perseguições, explosões e embates físicos) para preencher um conteúdo supérfluo, que não chega a lugar algum.

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