Mas o que diabos está acontecendo com Hollywood?
Não há como negar que "Além da Escuridão - Star Trek" levou a franquia a um novo patamar de ação e feitos especiais. Mas como em uma viagem em dobra, foi vertiginosamente rápido. O que me leva a refletir um pouco sobre o que Hollywood está passando agora. Uma onda de filmes feitos pela ação, e apenas por ela. Capitão Kirk, Spock, Uhura... Todos eles estão lá. Mas a essência de Star Trek se perdeu. J.J. Abrams entrega um filme para o grande público, mas não consegue entregar um filme para os fãs da série. Pois bem, o filme, sim, é bom. mas há muito do que se reclamar.
Uma dessas coisas, por mais incrível que se pareça, é a ação desenfreada. Isso tira do filme vários momentos reflexivos e conversas bem mais elaboradas. Há poucos momentos calmos, pois o filme é intenso ao extremo. Filmado em 2D convencional e convertido para 3D posteriormente, até que se pensou até demais no formato. A grandiosidade vista na tela é linda, maravilhosa. As viagens, as brigas, os combates são todos bonitos. Mas não é necessário haver tantas explosões seguidas e tantos momentos de tensão. É preciso um pouco mais de calma. É para isso que existe o clímax em um filme. É ali que se solta toda a tensão guardada durante os conflitos dos personagens. Isso não ocorre em "Além da Escuridão". É tensão o filme todo, sendo liberada a cada cena. Ação pela ação.
Mas deixando a reclamação de lado, há muitas coisas boas também. O vilão conduzido por Benedict Cumbertach é ótimo. Bom, em alguns momentos o ar misterioso e sua voz imponente não assustam mais e podem até parecer exagerados, mas ainda assim salva uma ótima atuação. Outro ator que se supera mais uma vez é Zachary Quinto. O Spock. Se havia alguma dúvida sobre sua escolha para o personagem, nesse filme elas são dizimadas como foi Vulcano. É, sem dúvidas, a melhor atuação do filme, que pode parecer fácil para alguns, mas definitivamente, não é. Chris Pine e Zoe Saldana continuam mantendo o mesmo ar de seus personagens, nem melhoram nem pioram, mas, assim como os outros, cravam seus nomes em seus lugares de direito como Kirk E Uhura.
A parte técnica está impecável e isso não é novidade. Como dito, as cenas no 3D estão de encher os olhos. Melhor ainda se você for assistir no formato iMAX. A Enterprise mais parece uma personagem do filme quando, à bela trilha sonora, surge imponente na tela em vários momentos de glória - e desgraça. Até agora, o filme tem os melhores efeitos, edição e montagem de som do ano.
O filme não possui um grande alívio cômico, mas suas piadas, quando existentes, são inteligentes e bem apropriadas. O que é um ponto bom do filme.
Muitos já devem ter assistido o filme nas pré-estreias especiais, mas ainda tem muito chão para o novo filme da franquia - o último dirigido por Abrams, que já deixa um ar de Star Wars em Star Trek. O que posso dizer, resumindo tudo isso é que a ação feita para conquistar o novo público não pareceu suficiente. Então botaram mais ação. E mais. E então coisas muito importantes foram esquecidas e deixadas de lado. O teletransporte faz coisas que na série antiga era impossível por exemplo. O filme é um bom entretenimento, mas até certo ponto decepciona. E que o final proposto pelo filme marque os novos rumos da franquia, indo aonde o homem nunca foi.
Se eu pudesse dar-lhe uma nota, "Além da Escuridão - Star Trek" não receberia nota máxima.
Vida longa e próspera à Enterprise. E boa sorte ao diretor do terceiro filme. Vai ter que concertar muita coisa.