Um matador de aluguel americano se aposenta e, agora, a Agência de Inteligência da Defesa (DIA) quer vê-lo morto. Esse tipo de trama é muito comum, tão comum que ela sempre vêm em duas versões: pura ou temperada. Pura quando a trama simplesmente é o que é; alguém sai da Agência e o Governo o trai. Temperada quando adicionam algum elemento para apimentarem a trama. Projeto Gemini é temperado. O tempero é que a Agência envia um clone do matador de aluguel para matar o aposentado.
Henry Brogan, após terminar mais um serviço, decide se aposentar. Seus superiores na DIA decidem matá-lo para eliminar as pontas soltas. Só que não haviam pontas soltas. Esse é o maior problema de Projeto Gemini: os motivos não fazem sentido.
Um amigo de Henry o avisa que seu último serviço foi forjado. O rapaz que ele matou não era quem reportaram que era. Mas a trama não desenrola sobre esse conflito. A trama usa esse conflito para justificar o porque a DIA quer Henry morto. Explicações reaparecem conforme a trama se aproxima do climáx, onde aprendemos que o conflito não interessa, tornando tudo apenas uma desculpa para que o filme avance.
Após a DIA tentar matar Henry com assassinos convencionais, Clay Verrys, nosso vilão, resolve enviar um assassino especial: o clone de Henry. Aqui, parabéns pro filme: pelo menos a ideia do clone foi bem pensada. O clone não é literalmente Henry com as mesmas habilidades; bom, na verdade o clone é, só que o clone, Junior, nasceu como qualquer outro humano. Henry tem 51 anos enquanto Junior tem 20 (e poucos, talvez,) o que o torna mais ágil que Henry.
Desse ponto em diante, o filme é apenas Junior caçando Henry e seus amigos. Os amigos são Baron e Danny que se envolveram inevitavelmente. As acrobacias são espetaculares ao olhar, mas surreais. Nenhum ser humano conseguiria fazer ou suportar tudo que acontece no filme. Eu preferiria que fosse algo real, um jogo de gato e rato voltado a elementos de suspense, furtividade e ação, quando necessário.
A realidade aumentada para fazer Junior parecer Will Smith mais jovem é aceitável, mas perceptível. Junior parece de borracha ou de cera em algumas cenas. Já Will Smith em geral, não sei... Ele cai na mesma categoria que Jim Carrey para mim: eu aceito ele em filmes sérios, mas ele tem aquele ar cômico. Não pude deixar de soltar algumas risadinhas em algumas falas.
A revelação para Junior de que ele é um clone de Henry não é tão emocionante. Mas talvez eu estava criando expectativas demais. Claro que a revelação avança o filme para os eventos finais, estes, ruins. Clay faz um tumulto tão grande que duvido que não chegaria aos ouvidos do Presidente e da Imprensa Nacional e Internacional. Muitos fogos de artifício. Se você quer apagar pontas soltas, você quer fazer isso em silêncio, não avisando para o mundo todo que você está queimando arquivo.
A reviravolta final é abrupta e, tão próximo do final do filme, desnecessária. O personagem Clay acaba se tornando fraco e com motivos ruins. O final não surpreende já que Projeto Gemini é para maiores de 14 anos.
Recomendável se você quer passar um tempo em família. Se você gosta de tramas mais elaboradas, suspense, violência, pode pular.