ERA UMA VEZ UMA HISTÓRIA ENGRAÇADA
por Roberto CunhaQuando Vovó... Zona estreou cerca de 11 anos atrás, o sucesso foi incrível e o filme gerou cerca de US$ 173 milhões nas bilheterias mundo afora. A fórmula de usar um cara magrinho travestido de uma senhora pra lá de gorducha agradou em cheio o público ávido por humor de gosto duvidoso. De olho na mufunfa, os produtores repetiram o expediente uns cinco anos depois com Vovó... Zona 2, que arrecadou menos 20% no geral e uns 40% a menos somente nos Estados Unidos.
Para bom entendedor, o desempenho acima já seria um aviso e tanto, mas tem gente que custa para crer e fizeram mais. O resultado, até o momento que este texto está sendo escrito, é lastimável do ponto de vista financeiro (75% abaixo) e quando o assunto é humor, a perda foi de 100%. Não sobrou nada.
Escorado no cansado carisma de Martin Lawrence na pele do agente do FBI disfarçado de vovózona, o filme não se segura porque investe pesado nas piadas prontas. Sem contar que a maioria delas, inclusive, é com personagens levando tombos para cair nas graças do espectador, mas o resultado é de chorar e não de rir.
Na história, Trent (Brandon T. Jackson) é o enteado de Malcolm (Lawrence) e não está nem aí para os estudos, preferindo investir na sua carreira de rapper. Só que o carinha atrapalhou (numa cena absurda) uma investigação do padrasto, que queria incriminar um assassino e agora os dois precisam encontrar um pen drive escondido em uma escola de artes para mulheres. Eis que surge uma (providencial) vaga para Vovózona cuidar das moçoilas no instituto, levando Trent, agora travestido de Charmaine.
Com esse roteiro pra lá de tosco, o que se vê ao longo de quase duas horas são intermináveis tentativas de arrancar alguma risada do público, fazendo uso de personagens estereotipados, como as moças da escola, o vilão e seus dois asseclas, cenas de dancinhas e até um rápido - e surreal - flerte com musicais. O texto é pura bobagem com algumas citações musicais (Run DMC, L.L. Cool J.) e piadinhas rasas, loooonnge do objetivo.
No elenco de desconhecidos e atuações simples, pode se reconhecer o oriental maluquete (Ken Jeong) do sucesso Se Beber, Não Case! numa ponta boba que só ela. O destaque vai para a bonita voz da atriz Jessica Lucas (será dela?) em um dueto com o par romântico da hora. Ainda na seara musical, espaço para a clássica dançante “Give it me Baby”, de Rick James e clipe com todo o elenco nos créditos finais ao som de “Lyrical Miracle”, nas vozes do próprio Jackson, Lawrence e companhia.
Nada contra investir em fómulas conhecidas, mas não dá entender alguém achar que bastaria inserir uma frágil historinha de amor e de padrastos. Sorte de quem recusou convite para participar desta festa estranha com gente esquisita. Resumo da ópera? Era uma vez uma história engraçada ...
Veja imagens, curiosidade e assista o trailer em Vovó...Zona 3: Tal Pai, Tal Filho.