"Para o homem, só um passo. Para a humanidade, um salto gigantesco"
APOLLO 13 - DO DESASTRE AO TRIUNFO
Lançado em 1995, o longa narra a história verídica da desastrosa missão Apollo 13, da NASA. Sendo a sétima missão do projeto Apollo e a terceira com a intenção de pousar na lua, porém a missão não obteve êxito devido a um acidente que ocorreu durante a viagem, o que impediu a descida na lua.
Dirigido por Ron Howard, Apollo 13 é baseado no livro Lost Moon: The Perilous Voyage of Apollo 13, de Jim Lovell e Jeffrey Kluger. E conta com um elenco respeitadíssimo com nomes como: Tom Hanks no papel principal, Bill Paxton, Kevin Bacon, Gary Sinise, Ed Harris e Kathleen Quinlan.
Ron Howard entrou para a história ao dirigir esse icônico filme dos anos 90, usando uma história real com uma temática muito boa, dosando momentos de tensão com bastante sabedoria e muita competência, diga-se de passagem. E principalmente por escalar três nomes que estavam em bastante evidência na época, como o gênio Tom Hanks, Bill Paxton e Kevin Bacon. O longa já começa exibindo todo "ufanismo" dos norte-americanos com o sucesso da missão Apollo 11, endeusando Neil Armstrong (primeiro homem a pisar na lua) e Buzz Aldrin (segundo homem a pisar na lua). A partir daí o roteiro nos guia em narrativas muito bem exploradas em todos os preparamentos que antecedem o lançamento da Apollo 13.
Howard utiliza uma dinâmica muito boa e funcional, mostrando os medos e as ambições, como o próprio Jim Lovell (Hanks). Essa primeira hora do filme é concentrada em tentar humanizar os personagens que seguiriam para a Apollo 13, focando em alguns dramas pessoais, como o sonho do acidente que Jim teve antes mesmo de embarcar. A substituição de Ken Mattingly (Gary Sinise), aquela motivação e tensão que se instalava no ar com a aproximação do dia do lançamento. Gostei das passagens de tempo de dia após dia, acredito que foi uma bela sacada do roteiro, conseguindo nos imergir cada vez mais na trama, e finalmente chegando ao dia tão aguardado, dia esse que é totalmente tomado pela tensão e toda euforia dos presentes ao local. O momento da contagem regressiva é um verdadeiro show à parte, impossível não se contagiar com aquela trilha sonora envolvida em um show dos efeitos especiais, demonstrando toda emoção e preocupação estampada nos rostos das esposas.
A segunda parte do filme é totalmente focada no acidente e em todas as consequências que ele trouxe. O filme muda de tom, aquela emoção e euforia de início dá espaço para a tensão e o medo. Na minha opinião o longa ganha mais forças e começa a desenvolver certos personagens que são de extrema importância para a história, como o próprio Gene Kranz (Ed Harris), Ken Mattingly (Gary Sinise) e a Marilyn Lovell (Kathleen Quinlan). A explosão no módulo de serviço da Apollo 13 obriga os tripulantes a travar uma verdadeira luta pela sobrevivência ao encarar uma viagem arriscada ao retorno pra terra. Sem dúvida estas são as melhores partes do filme, quando acompanhamos os três astronautas que sobrevivem a explosão, mas em contrapartida são expostos aos riscos de ficarem sem oxigênio e terem a nave quase destruída ao reentrar na órbita terrestre.
O gênio James Horner (infelizmente já falecido) que foi eternizado nas clássicas e elegantes trilhas sonoras de "Titanic", "Aliens - O Resgate", "Coração Valente" e "O Menino do Pijama Listrado", aqui entrega mais uma de suas obras-primas. A trilha sonora de Apollo 13 é o coração do filme, conseguindo ser profunda e leve, tensa e pesada, alegre e eufórica, com destaque maior para o encerramento com o subir dos créditos - que perfeição! (justíssima indicação ao Oscar). A fotografia é de encher os nossos olhos, juntamente com a direção de arte, que fizeram um trabalho absurdo. E como não destacar os efeitos especiais, muito à frente de sua época, com uma riqueza de detalhes incrível (outra indicação justa ao Oscar).
Tom Hanks estava no auge nos anos 90, havia acabado de ganhar o Oscar por "Philadelphia" e "Forrest Gump", e já estrelava Apollo 13, aliás, é só eu que acha que os melhores filmes de Tom Hanks estão nos anos 90? Dessa vez Hanks viveu Jim Lovell, o comandante da operação que levaria Apollo 13 à lua. Jim era um homem comprometido, um idealizador, que seguia sua missão com muito afinco e cheio de otimismo. Apesar de Tom Hanks não apresentar sua melhor atuação em Apollo 13, mesmo assim eu gostei do seu trabalho.
O saudoso Bill Paxton viveu o astronauta Fred Haise e Kevin Bacon completa a tripulação com o personagem Jack Swigert, porém acho que essa é a parte falha do roteiro, em ambos os personagens de Paxton e Bacon. Na minha opinião, acho que faltou um pouco mais de ritmo, um pouco mais de desenvolvimento, o roteiro poderia dar mais ênfase em ambos, principalmente na maneira um tanto quanto insegura de Fred Haise e na ambição de Jack Swigert. Com nomes tão importantes assim no elenco e com as qualidades que eles possuem, poderiam ser mais bem explorados.
Ao contrário de Bill Paxton e Kevin Bacon, Ed Harris e Kathleen Quinlan foram muito bem explorados e muito bem utilizados em cenas. Ed Harris trouxe o personagem Gene Kranz numa crescente grandiosa logo após o acidente, conseguindo transpor sua melhor forma, saindo do caricato e do esteriótipo e sendo peça-chave na ligação entre a base e os astronautas. Ótimo trabalho entregue por Ed Harris! Kathleen Quinlan que fez Marilyn Lovell, esposa de Jim Lovell, também entrega uma atuação fantástica e prazerosa. Marilyn é uma esposa apaixonada pelo marido, que sempre o apoia, mesmo que isso possa ir contra sua vontade de início, mas ela sempre está com ele, sempre acreditando em seu potencial e se destacando como uma fervorosa torcedora pelo seu sucesso. Kathleen está muito bem em cena, uma verdadeira dama, atua com uma leveza espantosa, ao mesmo tempo que nos impressiona com sua dramaticidade. Ambos foram indicados ao Oscar naquele ano nas categoria Ator e Atriz coadjuvante.
Não posso deixar de destacar Gary Sinise, que viveu o personagem Ken Mattingly, um dos astronautas cotados para embarcar na Apollo 13. Porém, pelo seu grande comprometimento com o trabalho, de qualquer forma ele foi um dos hérois da missão. Gostei muito da atuação de Gary Sinise, muito segura e muito bem ajustada.
Apollo 13 recebeu 9 indicações ao Oscar de 1996, levando duas estatuetas por edição e som, além da disputa de Melhor Filme, perdendo para ninguém mais ninguém menos que o épico "Coração Valente."
Um verdadeiro clássico dos anos 90!
"Houston, we have a problem here" [28/12/2018]