Lacrolância em filmes de apocalipse zumbi desde 1968, hahahhahah
Mas falando sério: achei um filme supreendente, sobretudo pelo conjunto de ironias com que aborda a questão racial.
Admito que lá pela metade do filme, me desesperei achando que ele não tinha mais para onde ir
(toda a passagem em que os únicos personagens da casa parecem ser Ben e Bárbara, apesar de necessária, é muito longa para o meu gosto)
, mas com a surpresa que estava guardada no porão
(os novos 5 personagens)
o filme ganha novo dinamismo (e arma-se de um conjunto de ironias bastante eficazes) e encaminha-se para um final surpreendente
(na verdade, aterrorizador - um dos finais de filme mais intragáveis que assisti, sem qualquer redenção, nem moral, nem estética - um terror a seco!)
.
Recomendo muitíssimo.
Ps: Sobre algumas das ironias raciais do filme: visivelmente, quando o Ben entra em cena de supetão, sem qualquer preparação prévia, parte do medo de Bárbara tem ele como objeto. Pensando na sociedade americana, com seus estereótipos raciais, é fácil prever que a audiência da época também compra esse medo da Bárbara, afinal são uma mulher e um homem negro sozinhos... Uma das coisas maravilhosas que o filme faz é subverter esses estereótipos. O filme gasta tanto tempo só com Ben e Bárbara para nos mostrar que os receios da Bárbara e a expectativa da audiência são infundados, e só depois disso, ele passa para a segunda parte, com a polarização entre Ben e Harry, em que todo o egoísmo autocentrado desse último faz brilhar a disposição para um liderança mais inteligente e empática do primeiro. Apesar disso, o próprio Ben, não final das contas, não fica imune às ironias do filme, adotando a solução de se esconder no porão, que foi durante todo o filme o plano de Harry.