Coração Valente (Braveheart)
"Coração Valente" foi lançado em Julho de 1995, dirigido e co-produzido por Mel Gibson, que interpreta Sir William Wallace, um guerreiro escocês do final do século XIII. O filme retrata a vida de Wallace liderando os escoceses na 'Primeira Guerra da Independência Escocesa' contra o Rei Edward I (Patrick McGoohan) da Inglaterra, logo após os soldados ingleses terem assassinado a sua esposa Murron MacClannough (Catherine McCormack) em plena noite de núpcias. A história é inspirada no poema épico do século 15 de Blind Harry, 'The Actes and Deidis of the Illustre and Vallyeant Campioun Schir William Wallace', e foi adaptado para a tela por Randall Wallace.
Os anos 90 foi uma década de ouro dos cinemas, pois era uma época em que as grandes obras cinematográficas nos retratava grandes histórias, grandes contos, grandes passagens, era uma época totalmente diferente de se fazer cinema. Sem dúvidas "Coração Valente" está incluso nessa lista de ouro dos cinemas do anos 90, pois o longa de Mel Gibson é um épico, uma lenda, uma obra de arte cinematográfica, uma pérola da sétima arte, uma verdadeira obra-prima da história dos cinemas. "Coração Valente" foi um 'marco' na história dos cinemas, um verdadeiro arrasa-quarteirões, alvo de inúmeras críticas (tanto positivas quanto negativas), alvo de grandes discursões, pois em todos os cantos só se falavam do longa de Mel Gibson, uns amavam e defendiam o filme, outros já criticavam pelo fato dos seus numerosos desvios históricos (de acordo com a opinião de cada um, e de acordo com o consenso dos historiadores, é claro).
Eu considero "Coração Valente" não só como um dos melhores filmes dos anos 90, mas uma das mais belas películas cinematográficas de todos os tempos. Mel Gibson fez história com o seu épico, foi um verdadeiro divisor de águas, sendo muito bem lembrado por todos até hoje (quase 27 anos depois), cuja história serviu de inspiração para vários filmes que viria nos anos seguintes, como por exemplo a obra-prima de Ridley Scott, "Gladiador", pra citar uma. Uma verdadeira obra-prima nunca é esquecida e sempre é lembrada, é comentada, é homenageada, é inspirada, e "Coração Valente" é exatamente tudo isso, pois pra mim o filme não ficou datado, não ficou ultrapassado, envelheceu muito bem. Os anos 90 era uma época que ainda não estávamos em um período tão evidente com a internet como hoje, e o longa explodiu da forma que foi, fez todo o alvoroço, foi badaladíssimo, principalmente no Oscar, imagine se tivesse a força que a internet tem hoje em dia, tanto pelo lado positivo quanto negativo. E hoje em dia é praticamente impossível não se esbarrar nos inúmeros memes que o filme carrega, isso só evidencia o quanto o poderoso épico de Mel Gibson é lembrado, seja da forma que for.
O roteiro de Randall Wallace (diretor e roteirista de Fomos Heróis - 2002) é magnífico, uma história soberba, primorosa, avassaladora, que transcorria entre o drama, o romance, a intriga e o heroísmo desesperado pela liberdade da Escócia. Pois o longa nos retrata exatamente a figura histórica de William Wallace como um guerreiro, um patriota escocês, um herói medieval, por outro lado temos uma faceta em até certo ponto mais romântica, mais idealista, mais pertinente, mais humanizada, porém sempre sanguinária. A narrativa do filme é esplendorosa, pois temos pontos que nos remete a um conjunto de acontecimentos que fundamentam a história que nos está sendo contada, pois em nenhum momento eu considero o filme maniqueísta historicamente. O mesmo digo das batalhas, pois pra mim "Coração Valente" nos traz verdadeiras batalhas épicas, do mais alto escalão da história dos cinemas, que nos relata os inúmeros confrontos de uma forma amarga, cruel e muito sanguinolenta, que nos incomodava em todos os sentidos, nos deixando completamente perplexo (principalmente no último ato do filme).
Como não destacar aquela cena icônica do discurso de William sobre a liberdade que ele fez no campo de batalha encorajando e aflorando todo o seu exército contra os ingleses (que estavam em maior número). Cena épica, sensacional, maravilhosa, que ficou imortalizada.
A própria cena da grande batalha é muito sangrenta, sem nenhum pudor, uma brutalidade absurda, uma marca registrada dos filmes desse gênero nos anos 90. Apenas mais uma das várias cenas épicas e icônicas desse clássico.
Outro ponto que eleva ainda mais a qualidade dessa obra-prima: a trilha sonora do gênio, do mestre, do icônico James Horner. Horner sempre foi um verdadeiro gênio na história das trilhas sonoras, que já nos brindou com verdadeiras pérolas da sétima arte como "Aliens, O Resgate", "Uma Mente Brilhante", "O Menino do Pijama Listrado" e "Titanic" (apenas pra contextualizar algumas das suas inúmeras obras-primas), e em "Coração Valente" temos mais uma obra de arte. Uma trilha sonora profunda, pesada, avassaladora, que seguia cada passo da história de uma forma brilhante, sempre nos evidenciando com diferentes ritmos, diferentes melodias, diferentes sons, com composições que iam de violinos, violões, pianos, até a clássica gaita escocesa - um verdadeiro marco, um verdadeiro show!
Destaque para a cena que William Wallace grita proclamando a sua vitória com aquela trilha sonora de fundo ensurdecedora, é realmente magnífico. Poxa, gênios como James Horner jamais deveriam falecer - muito triste!
A fotografia do longa é outro grande destaque, belíssima, lindíssima, com enquadramentos perfeitos, principalmente nas cenas das batalhas. A direção de arte e a cenografia também estão incríveis, com cenários magníficos (como os gigantescos campos de batalhas), muito fiéis à época, ricos nos detalhes. Os figurinos e as maquiagens são um verdadeiro luxo, pois tudo estava rigorosamente bem arquitetado dentro dos padrões da época, tanto pelo lado dos plebeus, quanto pelo lado dos reis e seus súditos. A montagem é excelente, a edição é perfeita, assim como os efeitos sonoros, que se destacavam com bastante clareza, incrível, ainda mais se tratando de um filme feito nos anos 90, onde não tínhamos a tecnologia que temos hoje.
Eu não tenho nenhuma dúvida que "Coração Valente" é o melhor trabalho da carreira de Mel Gibson (juntamente com A Paixão de Cristo), tanto em direção, quanto em atuação e principalmente em personagem, onde temos o icônico William Wallace. Em direção Gibson nos entregou um trabalho competente, magnífico, primoroso, feito com muita atenção e com muita dedicação, principalmente nas batalhas, onde tínhamos um trabalho de câmeras impecáveis, sempre frisando cada movimento dos embates, sempre nos elucidando o quanto os confrontos eram brutais e sanguinolentos, sendo muito bem coroado com o Oscar de direção. Em atuação Gibson estava em seu momento, estava no seu ápice, estava em seus tempos áureos, e o William Wallace lhe caiu como uma luva, pois não existiria ninguém melhor do que ele para dar vida a um personagem tão épico, tão histórico e tão icônico, que ficou eternizado em sua filmografia e principalmente na história dos cinemas.
Completando o elenco com a Catherine McCormack (Jogo de Espiões), a Murron MacClannough, grande amor de William inicialmente e a grande responsável em lhe suavizar e lhe humanizar, mas em contrapartida também foi a principal válvula para acender a faísca do conflito. Atuação impecável de Catherine, um doce de atriz. Patrick McGoohan (falecido em 2009), o Rei Inglês Edward, um ser perverso, inescrupuloso, doentio, com uma forma de governar totalmente contraditória. Atuação de gênio já resume todo o trabalho entregue por Patrick McGoohan. Sophie Marceau (007 - O Mundo Não é o Bastante), a Princesa Isabelle da França, que até tentou um certo envolvimento com William, mas não deu tempo, porém acredito que esse envolvimento era mais trazido para o campo do interesse. A cena final dela lamentando todo os acontecimentos que estavam por vir e que ela não poderia impedir é sensacional, uma belíssima atuação e entrega de Sophie Marceau. Brendan Gleeson (Harnish Campbell), Peter Hanly (Edward Príncipe de Gales), Brian Cox (Argyle Wallace), todos entregaram trabalhos primorosos. Ainda tivemos a participação do irmão mais novo de Mel Gibson, Donal Gibson.
"Coração Valente" foi o grande vencedor do Oscar de 1996, o longa foi indicado em 10 categorias e ganhou 5: Efeitos Sonoros, Maquiagem, Fotografia, Direção e, claro, Melhor Filme. Também ganhou três prêmios BAFTA (Fotografia, Figurino e Som) e um Globo de Ouro (Diretor).
Aquela cena final do William Wallace gritando 'FREEDOOOOOOOM' imortalizou na história dos cinemas, e ainda ecoa pelos quatro cantos do planeta e da minha mente. Isso é o que eu chamo de cena clássica e épica dos cinemas!
Verdadeiro clássico dos anos 90. Campeão do Oscar de Melhor Filme de 1996. Pérola cinematográfica. Obra de arte histórica. Épico. Icônico. Lendário. Obra-prima incontestável. [15/04/2022]