“Fiz o que um homem deveria fazer. Era a minha obrigação de homem com duas mulheres no quarto.” – Gustavo Correa – que evitou o assassinato da modelo Ana Hickmann, matando o psicopata
Sim. Este artigo contem todos os spoilers possíveis. Entretanto, quero crer que você é tão fã quanto eu, já assistiu ao último episódio e está lendo isto apenas para saber o que outra pessoa pensa.
Primeiro ponto positivo: de todos os episódios da série este é o primeiro no qual o conceito de Deus, como nós conhecemos é colocado explicitamente. Não é uma “força” impessoal ou um acidente de um acelerador de partículas. Tudo o que aconteceu na vida de Barry Allen teve um propósito. Um porquê. Isto é mostrado quando Joe diz no enterro de Henry, pai de Barry, que tem esperanças que um dia todo o sofrimento pelo qual ele, Henry, passou tenha um significado e que “estaremos juntos novamente”.
Algumas coisas que acontecem neste episódio lembra a loucura que o mundo moderno está. Em alguns momentos Zoom (Teddy Sears) e outros, tentam convencer Barry Allen (Grant Gustin) de que sua “moral” não o permitirá matar o vilão. Toda esta lenga lenga de que matar é sempre errado, a não ser quando é o bandido que mata, produz o seguinte rastro de tragédia na vida de alguém poderoso como Barry: sua mãe é assassinada; seu pai passa 16 anos na prisão pelo assassinato dela, sendo inocente; a versão de seu pai adotivo Joe é assassinada em uma outra terra, seu pai é assassinado. Seu irmão adotivo quase é assassinado. Seu pai adotivo quase é assassinado. Em resumo: só quem tem de ficar com peninha de tirar uma outra vida é quem está sofrendo horrores nas mãos dos bandidos. Então o fato de Barry matar 2 vilões em míseros 40 minutos provoca espasmos em muitos corações sensíveis.
O ponto mais importante deste episódio e que também mostra a hipocrisia do mundo moderno é o que eu chamo de Síndrome de Gabriela, conceito tirado da Modinha para Gabriela: “eu nasci assim, eu cresci assim e sou mesmo assim, vou ser sempre assim! ”. O melhor exemplo disto pode ser mostrado na seguinte manchete: Mãe de fã que atacou Ana Hickmann diz que filho não ia fazer mal a ela. Esqueça um pouco o que uma mãe diz e pense no título da matéria que chama um quase assassino de “Fã”. O sujeito que tenta matar Ana Hickmann ou o namoradinho que mata a namorada por ciúme, não é de modo algum um fã, ou alguém que tem qualquer tipo de sentimento bom. Ele é um psicopata perigoso e deve ser impedido de continuar fazendo maldades, mesmo que ele tenha a cara de alguém a quem você amou profundamente, como neste episódio é defendido por Dra. Caitlin Snow. Não importa que Zoom é gêmeo idêntico do grande amor da vida dela. Ele é um ser amoral e sem nenhum tipo de sentimento bom e deve ser parado a qualquer custo. O resultado de se desculpar este tipo de gente é bem retratado em 60 mil assassinatos por ano no Brasil, dos quais apenas 8% são elucidados.
E é simplesmente fantástica toda a emoção, de todos os tipos, que Grant Gustin mostra na tela. Ele é o filho que Joe quer ter, é o irmão que Wally deseja, é o irmão que Cisco quer ter. Tudo de bom que Barry é seria impossível com qualquer outro ator. O amor e a dor são interpretados com tanta intensidade que não há premio que possa recompensar com o devido peso o talento do ator? Este sentimento de que a virtude é algo que deve ser desejada, protegida e amada é definido em uma frase dita pela 2 versão de Harrison Wells, quando ele diz a Barry: “Eu sou um homem melhor agora do que quando cheguei aqui. E isto é por causa de você. ” Não é nenhum romantismo homo afetivo que o faz dizer isto. É a admiração pelo Barry Allen é e que Grant Gustin transmite com tanta verdade.
Para ser um episódio perfeito, ele ainda faz várias homenagens às várias versões que o personagem Flash já teve. E assim o ator John Wesley Shipp que interpreta o pai de Barry, aparece como Jay Garryck, com um uniforme muito parecido com o que ele usava na série dos anos 90, na qual ele era Barry Alen. Ele usa também o chapéu de Jay, que foi o primeiro personagem a ser chamado de Flash.
Fechando com chave de ouro, Barry finalmente para de pensar que ele é o único ser humano que merece apenas a desgraça. Ele volta no tempo para mudar aquilo que foi o ponto de partida para tudo de ruim que ele teve na vida, o assassinato de sua mãe quando ele era criança. Este ato do herói, pensando apenas e tão somente em sua própria dor pode abrir um mundo para todas grandes possibilidades na terceira temporada. Se sua mãe não morreu e ele foi criado por ela por Henry, ele terá ao crescer o mesmo amor que tem por Joe, Iris e Wally? O que mudará na série? Ele será um homem diferente com defeitos que esta versão sofrida não tem? Ele será namorado de Iris ou será o falecido Ed que se matou para evitar um futuro trágico para sua amada? É o que é mais importante: ele terá consciência de tudo o que lhe aconteceu nesta vida alternativa? Esta é enfim a chave de ouro na melhor série de TV que tenho assistido ultimamente.