No final de Unthinkable, último episódio da 2ª temporada, Oliver agradece Slade Wilson por tê-lo ajudado a se tornar um herói. E, parando para pensar, essa é a maior premissa e evolução que a temporada apresenta.
No começo da temporada tivemos a mudança do discurso de Oliver durante a abertura. Ele quer se tornar algo maior, diferente. E no final da temporada vemos todo o fechamento de suas decisões. A atitude de não matar os soldados de Slade, mas sim usar a cura neles, a rejeição a qualquer resolução de problema que envolvesse alguma morte, como a trama de Roy Harper, e até poupar Slade da morte demonstram isso claramente.
Os personagens
O maior acerto da temporada está no desenvolvimento do universo do herói. Inúmeros personagens foram apresentados, conhecemos a ARGUS, o Esquadrão Suicida, a Liga das Sombras, alguns pequenos vilões da DC e o grande vilão Exterminador. Todos foram muito bem apresentados e tiveram seus momentos e suas ligações com Oliver exploradas e, quando não houve isso, como no caso de Amanda, é porque a próxima temporada promete esse desenvolvimento.
Contudo, isso não deixou de abrir espaço para alguns erros. Roy Harper é o maior deles. Não fica claro porque houve tanto descaso com o personagem, mesmo ele sendo grande. Desde a sua apresentação ficou claro quem ele seria no futuro, mas não houve qualquer desenvolvimento para transformá-lo no sidekick esperado. O garoto aparecia em episódios dispersos, sempre gerando problemas, principalmente com o Mirakuru nele. E no último episódio somos apresentados a um garoto com alta habilidade de luta e arco-e-flecha. Numa série que busca o equilíbrio perfeito entre ficção e realismo, isso é um erro perigoso e juvenil de se cometer.
Outro ponto negativo da trama se mostra na figura de Laurel Lance. A personagem passou a temporada entre flutuações de humor, servindo apenas como um centro dramático quando não havia alguém melhor para ocupar seu espaço. Esse deslize só foi corrigido no final da temporada, quando ela voltou a ter alguma utilidade para a trama e deixou de ser um peso, como estava sendo até o episódio 15, mais ou menos.
Tal ponto, felizmente, não se repete com o resto da família Lance. O detetive cresceu durante a temporada, se tornando um aliado do herói e até mesmo entrando na ação, e Sarah Lance teve o melhor desenvolvimento possível. A personagem foi apresentada de forma interessante, cresceu durante a temporada e trouxe ótimas companhias com ela, na figura da Liga das Sombras. O cuidado com sua apresentação foi muito melhor do que o de Roy, transformando a no Canário que esperávamos ver, e suas decisões sempre tiveram uma coesão com sua história, culminando na separação dela e sua volta para a Liga.
Outro ponto central da temporada foi o desenvolvimento de personagens do centro de Oliver. Felicity teve muito mais tempo de tela (e ação), com os roteiristas sempre flertando com a relação dela e Oliver. Diggle ganhou até mesmo episódios dedicados a ele, desenvolvendo melhor sua história e trazendo uma profundidade interessante pro amigo de Oliver. A família do arqueiro também ganhou destaque, ainda mais levando em conta como ela acaba no final do episódio. A preocupação com os personagens sempre foi central a série, principalmente as consequências de suas ações refletidas em Oliver e essa temporada não deixou muitos erros nesse quesito.
Slade Wilson
Uma temporada não se constrói sem um bom vilão. E Arrow acertou em cheio ao utilizar Slade como o grande antagonista da temporada, pois não se tratava de um vilão sem propósito, mas um com algo forte para atacar o herói: vingança.
A figura que, na primeira temporada, foi irmão de Oliver, retornou disposto a tudo para matá-lo, culminando nos melhores momentos da temporada, quando ele se demonstrava sempre superior ao herói, até mesmo destruindo sua família. A luta final entre os dois foi um dos pontos altos do episódio final, não por sua coreografia, mas pelo seu peso na trama. Foi ali que ficou extremamente clara a loucura de Slade, além de ser o gancho para a transformação de Arrow no herói que veremos na próxima temporada.
Infelizmente, o desenvolvimento dessa trama levou um tempo excessivo no passado, em relação a história deles na Ilha. A temporada não conseguiu o mesmo equilíbrio que a 1ª teve nesse núcleo da série, apresentando um desenvolvimento lentíssimo em boa parte dos episódios. E isso culminou num último episódio com uma trama mais acelerada e que poderia ter mais tempo de tela. A cena onde Oliver enfim derrota Slade, enfiando a flecha em seu olho, foi ótima, mas nos deixa imaginando o que aconteceria se tivessem mais tempo para mostrar isso.
Essa mesma acelerada na trama pode ser vista nas partes de batalha do episódio. Tudo se acumulou e aconteceu muito rapidamente. Roy se recuperou e ganhou sua máscara, a Liga das Sombras se juntou a Oliver para vencer o exército de Slade, o Esquadrão Suicida se juntou para impedir Amanda de explodir Starling City… muita coisa em pouco tempo. E, mesmo assim, as cenas foram ótimas. Imaginem o que pode acontecer com a divisão equilibrada de todas essas tramas e personagens?
A temporada acabou sem deixar muito espaço para novas tramas, assim como a primeira. Não há um grande vilão futuro. Repetindo o que já foi feito, o gancho vem dos personagens normais e da trama na Ilha. As pontas soltas vem na figura de Laurel, da relação entre Oliver e Felicity, da fuga de Thea Queen e do que aconteceu com Oliver no tempo em que ele ficou desaparecido. Resta saber agora como eles explorarão isso. A única certeza é a de que a série promete crescer cada vez mais, deixando-nos com uma esperança de, quem sabe, ver o personagem no vindouro Liga da Justiça ;)