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    Festival do Rio 2023: Um dos maiores romances da literatura brasileira ganha as telas e salva de palmas em casamento perfeito entre teatro e cinema
    Júlia Barbosa
    Júlia Barbosa
    Criada no palco, sempre foi movida pela arte. Defensora ferrenha de Crepúsculo e Ricardo Darín, fala pelos cotovelos sobre as histórias que vemos nas telas e nos bastidores.

    Dirigida por Bia Lessa, adaptação de Grande Sertão: Veredas emociona o evento carioca com sua potência.

    No último domingo (8), a Première Brasil do Festival do Rio 2023 recebeu um dos títulos mais aguardados e aclamados do evento. Dirigido e escrito por Bia Lessa, O Diabo na Rua no Meio do Redemunho lotou o clássico salão do Cine Odeon com a adaptação de Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa.

    Sob as láureas de "Hors Concours", ou seja, exibido fora da mostra competitiva por ser considerado excepcional, o longa mescla a linguagem teatral e cinematográfica para transportar a história do ex-jagunço Riobaldo (Caio Blat) para a tela. Em constante conflito sobre quem é e o que defende, o sertanejo questiona até a existência do próprio diabo enquanto viaja em bando para combater o temido Hermógenes.

    Antes do apagar das luzes, a diretora fez questão de ressaltar que o filme é a culminância de anos de trabalho. A trajetória de Bia Lessa com a obra de Guimarães Rosa iniciou em 2006 com uma exposição imersiva no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. Em seguida, a peça “Grande Sertão: Veredas" ganhou os palcos ao redor do Brasil e conquistou o Prêmio Shell de Teatro 2018 nas categorias de Melhor Direção para Lessa e Melhor Ator para Caio Blat.

    O ator que protagoniza a trama na peça e no filme ainda destacou a importância desse processo em sua carreira: “Esse é o resultado final de um trabalho que transtornou e transformou a vida de todos nós. Com certeza, é o trabalho mais importante da minha vida”.

    Guia do Festival do Rio 2023: Confira tudo o que está acontecendo no evento carioca este ano

    O Diabo na Rua no Meio do Redemunho traduz a visceralidade de Guimarães Rosa

    José Roberto Eliezer

    Lançando mão do pacto cênico com o público, o filme utiliza recursos do teatro e do cinema para criar uma experiência sensorial e dinâmica. Os atores vestidos todos de preto e concentrados em um único ambiente, também preto, interagem entre si e com o cenário volante para criar seus personagens, que mudam de cangaceiros para sapos em um piscar de olhos. Na neutralidade da escuridão, as nuances e os ápices da história ganham vida com performances de corpo viscerais e um jogo de luz impressionante.

    As questões morais de Riobaldo têm como centro sua relação com Diadorim (Luisa Lemmertz), um jovem muito belo e misterioso que atiça nele uma paixão inconcebível no contexto. No longa, os pensamentos intrusivos do jagunço são retratados em momentos de guerra e do cotidiano árido do sertão, mas sem carecer de sensibilidade. Afinal, o próprio Guimarães Rosa carimba em seu texto imortal: “Só se pode viver perto de outro, e conhecer outra pessoa, sem perigo de ódio. Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura”.

    O Festival do Rio acontece entre os dias 5 e 15 de outubro de 2023, no Rio de Janeiro.

    O Diabo na Rua no Meio do Redemunho
    O Diabo na Rua no Meio do Redemunho
    Criador(es): Bia Lessa
    Com Luiza Lemmertz, Luisa Arraes, Caio Blat

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