Este poderia ser apenas mais um filme sobre resgate, vilões repugnantes, violência gráfica, jogo de cena e personagens estilizados, mas a diretora Lynne Ramsay (Precisamos Falar Sobre o Kevin) faz tudo parecer uma mistura de diferentes obras (Psicose para emergir o protagonista, Taxi Driver para o herói; ou até mesmo Drive, de Nicolas Winding Refn, são referências) e desse mix de sentimentos desabrochar uma síntese original, sagaz e pertinente para uma discussão contemporânea cuja camada inconsciente é justamente o que torna a história possível: ninguém realmente liga para o problema dos outros. Engraçado que o filme ao saber que não é original ele consegue não apenas uma “desculpa” de criar as mesmas situações e a atmosfera de descaso e consequente violência urbana, mas a expande e atualiza.