Ricardo M.
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4,0
Enviada em 2 de novembro de 2019
Diante de uma mortal doença que acomete o rei Henrique IV (Ben Mendelsohn), o rebelde Hal (Timothée Chalamet) precisa assumir precocemente o trono deixado pelo pai. Agora sob o título de Henrique V, o jovem tem em mãos a complicada tarefa de apaziguar os ânimos de seus seguidores e, ao mesmo tempo, planejar a delicada tarefa de controlar as constantes provocações do franceses acerca da legitimidade de seu trono.

Tocada sem preocupações financeiras pela produtora Plan B e a Netflix, o longa O REI traz para as telinhas um breve apanhado histórico sobre o complicado reinado da coroa inglesa, aqui no período situado no início do século XV. O rei Henrique V conhece bruscamente a alta cúpula da monarquia e como a teia que controla cada artimanha é tecida minunciosamente visando muito mais interesses pessoais do que coletivos. Os bastidores não são realçados em detalhes pontuais e históricos, muitas vezes obscurecidos em prol de liberdades artísticas que visam um melhor desenvolvimento narrativo, o que por um lado tende a ser funcional no contexto do entretenimento.

A famosa batalha de Azincourt tem destaque no terceiro ato e, embora não tenha a devida grandeza histórica traduzida nas telas, ainda sim é competente ao representar a essência do que ocorreu no período. O diretor David Michôd explora bem os cenários e os belos figurinos que criam uma boa ambientação de época, além de ter um bom elenco capitaneado pelo ótimo Timothée Chalamet, Joel Edgerton e um divertido Robert Pattinson quase como participação especial.

Não há dúvidas que o maior mérito do filme reside na transcrição do cotidiano de Henrique V e como cada decisão tem um peso não só em sua vida, mas também nas diversas outras pessoas, sejam elas próximas ou inimigas. As consequências impostas ao monarca chamam atenção pela dureza, frieza e retidão sem atenuadores, gerando grandes resultados que nem sempre são esperados ou planejados com grande cuidado.

Como adaptação histórica o filme tem pouco a oferecer aos amantes da precisão, mas tem diversão na medida para quem curte um bom filme de época que inspira-se em ocorridos reais. Os interesses políticos e as crenças nas pessoas são bem traduzidas pelo personagem Sir John Falstaff na seguinte fala: "um rei não tem amigos, mas inimigos e seguidores", sendo essa a máxima que permeia cada momento revelador do longa.