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De que lado você está? Sim, você já leu esta pergunta antes. Contudo, naquela ocasião, além da torcida pelo seu herói favorito, o público acabou assumindo lados opostos em relação ao próprio filme, que teve tanto admiradores quanto detratores. Com Capitão América: Guerra Civil, porém, a história é diferente, literalmente. Embora as duas produções tracem variações sobre um mesmo tema, cada um tem o seu tom. Neste longa que abre a Fase 3 da Marvel na telona, a famosa pergunta não deverá se aplicar à sua aprovação, que parece garantida, e sim à escolha do lado para o qual torcer. Essa escolha, entretanto, se mostrará muito mais complexa, depois que se conhecem os motivos e as argumentações de cada uma das partes.
Por onde os Vingadores passam, deixam destruição, ainda que involuntariamente. O governo americano (sempre ele), juntamente com as maiores lideranças mundiais, querem dar um basta nisso e ‘propõem’ ao grupo regras nas quais eles passariam a agir sob a supervisão (controle) da ONU. Tony Stark, o Homem de Ferro, diante dos fatos, apresenta uma surpreendente maturidade, revendo seu próprio histórico armamentista, e sentindo o peso de tantas mortes recaindo sobre seus ombros ao longo de todos esses anos. Ele concorda. Em contrapartida, Steve Rogers, o Capitão América, apresenta uma ainda mais surpreendente rebeldia, alicerçada por sua total perca de confiança no governo, em virtude dos acontecimentos recentes que vivenciou, regados a tantas mentiras, conspirações e traições. Ele discorda. Logo, há uma ruptura na equipe, e os demais membros assumem esse ou aquele lado, de acordo com suas próprias experiências de vida que os trouxeram até ali. Está armada, portanto, a arena para que se dê o tão aguardado confronto entre estes gladiadores modernos, (quase) todos plenamente convictos em relação às suas ideologias. Mas haveria um lado certo e um errado nessa história?
O mérito maior de Capitão América: Guerra Civil vai para os roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely. É empolgante acompanhar uma narrativa em que tudo se encaixa, mesmo havendo tantos personagens em cena. Todos têm algo pertinente a acrescentar, cada qual no seu momento de brilho. Vale lembrar que um conhecimento prévio adquirido ao longo dos filmes anteriores torna-se imprescindível para que compreendamos plenamente a psicologia de cada um. Além dos 12 super-heróis, ou ‘aprimorados’, como eles dizem, o roteiro ainda achou espaço para incluir participações de outros personagens famosos do Universo Marvel, entre eles alguns vilões muito conhecidos pelos fãs. Mas há, sim, um antagonista principal na trama, o Barão Zemo (vivido por Daniel Bruhl) que, apesar de sua discrição, agindo nos bastidores, se mostra fundamental no jogo das articulações em que segredos mórbidos do passado são desenterrados e revelados, tornando o conflito entre Stark e Rogers muito mais pessoal. O Soldado Invernal, ou Bucky (Sebastian Stan), o amigo vítima de lavagem cerebral do qual o Capitão não abre mão, é outra peça-chave neste tabuleiro que ainda inclui os estreantes Pantera Negra, ou T’Challa (Chadwick Boseman), o solene rei do país fictício Wakanda, e o novíssimo e divertidíssimo Homem-Aranha, o Peter Parker mais jovem e entusiasmado do cinema (Tom Holland, promissor), estes dois muito bem apresentados, de forma concisa, porém, precisa. Isso é que é roteiro!
Após o sensacional thriller de espionagem repleto de reviravoltas que foi Capitão América: O Soldado Invernal, a Marvel se superou com este terceiro longa do vingador que pode ser considerado o filme mais sério do estúdio até agora, e essa constatação facilmente se reflete no elenco. Chris Evans continua a sustentar com extrema credibilidade o idealismo de Steve Rogers, enquanto que Robert Downey, Jr. traz uma abordagem nova para Tony Stark: seu egocentrismo continua lá, mas seus traumas do passado somados ao peso na consciência vêm à tona, tornando-o muito mais cabisbaixo e apreensivo, e deixando os melhores momentos cômicos a cargo do já citado Homem-Aranha em sua rápida passagem pelo longa, e do Homem-Formiga (Paul Rudd), este sim faz uma enorme participação! Em meio à tensa narrativa, o humor surge em momentos certeiros, de forma a não nos desviar da seriedade da trama principal, decisão que também tem se mostrado bem sucedida na maioria dos demais filmes da Marvel Studios. Eles têm a ‘fórmula’!
Assim como a dupla de roteiristas, os diretores Anthony e Joe Russo, após terem conduzido o formidável segundo filme solo do Capitão, continuam acertando o timing, acrescentando ainda, de forma inteligente, alguns momentos de calmaria e silêncio que valorizam o suspense, e que inevitavelmente vão levar a uma sequência explosiva, ou a uma perseguição sobre rodas ou aérea, ou ainda a um confronto corpo a corpo entre os envolvidos. As lutas (e elas são muitas) estão extremamente bem coreografadas, sob uma fotografia à luz do dia que ajuda a ressaltar o lado humano de (quase) todos os super-heróis envolvidos nessa contenda e, com isso, aproximando-os ainda mais do público, que pode facilmente se identificar com seus dilemas. Por mais espetaculares que sejam as batalhas (e são elas que, obviamente, justificam a existência do filme), é este maravilhoso roteiro – por meio do qual entendemos tão bem as motivações de cada personagem – que nos dá o entusiasmo de querer acompanhar os rumos tomados pela história em direção ao seu dramático e decisivo desfecho.
Descontando-se as inevitáveis adaptações que se fazem necessárias, a famosa HQ Guerra Civil, escrita por Mark Millar e lançada pela Marvel em 2006 está muito bem representada no cinema por este filme! Algumas cenas parecem ter sido ‘escaneadas’ diretamente dos quadrinhos, para delírio dos fãs. É importante ressaltar que, apesar de tanta gente brigando no longa, o maior conflito da narrativa é o psicológico – que já vem de longa data – entre Steve Rogers e Tony Stark. É essa triste perca de confiança mútua que torna a batalha final tão pessoal e intimista e, justamente por isso, tão intensa e climática.
O futuro da Marvel Studios, pelo menos até 2020, está muito bem delineado, e tudo tem transcorrido perfeitamente, de acordo com os planos. O sucesso de toda essa empreitada não é por acaso. Os profissionais envolvidos, além de extremamente competentes, têm trabalhado com esmero, gostam do que fazem, e isso faz toda a diferença. O resultado se reflete na tela. Capitão América: Guerra Civil não só cumpre o prometido, como ainda nos deixa com aquela angustiante e ao mesmo tempo saborosa sensação de “quero mais”, na expectativa para os próximos episódios... e eles estão a caminho, para continuar a nos surpreender.
Por onde os Vingadores passam, deixam destruição, ainda que involuntariamente. O governo americano (sempre ele), juntamente com as maiores lideranças mundiais, querem dar um basta nisso e ‘propõem’ ao grupo regras nas quais eles passariam a agir sob a supervisão (controle) da ONU. Tony Stark, o Homem de Ferro, diante dos fatos, apresenta uma surpreendente maturidade, revendo seu próprio histórico armamentista, e sentindo o peso de tantas mortes recaindo sobre seus ombros ao longo de todos esses anos. Ele concorda. Em contrapartida, Steve Rogers, o Capitão América, apresenta uma ainda mais surpreendente rebeldia, alicerçada por sua total perca de confiança no governo, em virtude dos acontecimentos recentes que vivenciou, regados a tantas mentiras, conspirações e traições. Ele discorda. Logo, há uma ruptura na equipe, e os demais membros assumem esse ou aquele lado, de acordo com suas próprias experiências de vida que os trouxeram até ali. Está armada, portanto, a arena para que se dê o tão aguardado confronto entre estes gladiadores modernos, (quase) todos plenamente convictos em relação às suas ideologias. Mas haveria um lado certo e um errado nessa história?
O mérito maior de Capitão América: Guerra Civil vai para os roteiristas Christopher Markus e Stephen McFeely. É empolgante acompanhar uma narrativa em que tudo se encaixa, mesmo havendo tantos personagens em cena. Todos têm algo pertinente a acrescentar, cada qual no seu momento de brilho. Vale lembrar que um conhecimento prévio adquirido ao longo dos filmes anteriores torna-se imprescindível para que compreendamos plenamente a psicologia de cada um. Além dos 12 super-heróis, ou ‘aprimorados’, como eles dizem, o roteiro ainda achou espaço para incluir participações de outros personagens famosos do Universo Marvel, entre eles alguns vilões muito conhecidos pelos fãs. Mas há, sim, um antagonista principal na trama, o Barão Zemo (vivido por Daniel Bruhl) que, apesar de sua discrição, agindo nos bastidores, se mostra fundamental no jogo das articulações em que segredos mórbidos do passado são desenterrados e revelados, tornando o conflito entre Stark e Rogers muito mais pessoal. O Soldado Invernal, ou Bucky (Sebastian Stan), o amigo vítima de lavagem cerebral do qual o Capitão não abre mão, é outra peça-chave neste tabuleiro que ainda inclui os estreantes Pantera Negra, ou T’Challa (Chadwick Boseman), o solene rei do país fictício Wakanda, e o novíssimo e divertidíssimo Homem-Aranha, o Peter Parker mais jovem e entusiasmado do cinema (Tom Holland, promissor), estes dois muito bem apresentados, de forma concisa, porém, precisa. Isso é que é roteiro!
Após o sensacional thriller de espionagem repleto de reviravoltas que foi Capitão América: O Soldado Invernal, a Marvel se superou com este terceiro longa do vingador que pode ser considerado o filme mais sério do estúdio até agora, e essa constatação facilmente se reflete no elenco. Chris Evans continua a sustentar com extrema credibilidade o idealismo de Steve Rogers, enquanto que Robert Downey, Jr. traz uma abordagem nova para Tony Stark: seu egocentrismo continua lá, mas seus traumas do passado somados ao peso na consciência vêm à tona, tornando-o muito mais cabisbaixo e apreensivo, e deixando os melhores momentos cômicos a cargo do já citado Homem-Aranha em sua rápida passagem pelo longa, e do Homem-Formiga (Paul Rudd), este sim faz uma enorme participação! Em meio à tensa narrativa, o humor surge em momentos certeiros, de forma a não nos desviar da seriedade da trama principal, decisão que também tem se mostrado bem sucedida na maioria dos demais filmes da Marvel Studios. Eles têm a ‘fórmula’!
Assim como a dupla de roteiristas, os diretores Anthony e Joe Russo, após terem conduzido o formidável segundo filme solo do Capitão, continuam acertando o timing, acrescentando ainda, de forma inteligente, alguns momentos de calmaria e silêncio que valorizam o suspense, e que inevitavelmente vão levar a uma sequência explosiva, ou a uma perseguição sobre rodas ou aérea, ou ainda a um confronto corpo a corpo entre os envolvidos. As lutas (e elas são muitas) estão extremamente bem coreografadas, sob uma fotografia à luz do dia que ajuda a ressaltar o lado humano de (quase) todos os super-heróis envolvidos nessa contenda e, com isso, aproximando-os ainda mais do público, que pode facilmente se identificar com seus dilemas. Por mais espetaculares que sejam as batalhas (e são elas que, obviamente, justificam a existência do filme), é este maravilhoso roteiro – por meio do qual entendemos tão bem as motivações de cada personagem – que nos dá o entusiasmo de querer acompanhar os rumos tomados pela história em direção ao seu dramático e decisivo desfecho.
Descontando-se as inevitáveis adaptações que se fazem necessárias, a famosa HQ Guerra Civil, escrita por Mark Millar e lançada pela Marvel em 2006 está muito bem representada no cinema por este filme! Algumas cenas parecem ter sido ‘escaneadas’ diretamente dos quadrinhos, para delírio dos fãs. É importante ressaltar que, apesar de tanta gente brigando no longa, o maior conflito da narrativa é o psicológico – que já vem de longa data – entre Steve Rogers e Tony Stark. É essa triste perca de confiança mútua que torna a batalha final tão pessoal e intimista e, justamente por isso, tão intensa e climática.
O futuro da Marvel Studios, pelo menos até 2020, está muito bem delineado, e tudo tem transcorrido perfeitamente, de acordo com os planos. O sucesso de toda essa empreitada não é por acaso. Os profissionais envolvidos, além de extremamente competentes, têm trabalhado com esmero, gostam do que fazem, e isso faz toda a diferença. O resultado se reflete na tela. Capitão América: Guerra Civil não só cumpre o prometido, como ainda nos deixa com aquela angustiante e ao mesmo tempo saborosa sensação de “quero mais”, na expectativa para os próximos episódios... e eles estão a caminho, para continuar a nos surpreender.