Filmes
Séries
Programas
Nova aventura solo do herói, um thriller de espionagem, reflete a América atual.
Capitão América – O Primeiro Vingador (2011), dirigido por Joe Johnston, contou uma das mais belas histórias de origem dos últimos anos no sub-gênero que se convencionou chamar de “filme de super-herói”. A fábula do jovem franzino que, durante a 2ª Guerra Mundial, queria a todo custo servir ao seu país e acaba ganhando sua oportunidade no Exército por meio de um experimento científico, foi contada com alma, em um irresistível clima de nostalgia que nos cativou, e nos fisgou por conta da inocência e idealismo autênticos do herói. Igualmente acertada foi a escolha de incluir na narrativa, por meio da metalinguagem, campanhas publicitárias que remetem à ridicularização pela qual o personagem foi submetido no decorrer das últimas décadas, em virtude do termo cada vez mais pejorativo com que tem sido utilizada a palavra “patriotismo”, cuja depreciação só tem aumentado, principalmente na América da era Bush, que tingiu a imagem do país de forma desastrosa, só recentemente suavizada, aos poucos, graças aos esforços do governo de Barak Obama que, por sua vez, também tem suas polêmicas, mais voltadas para a questão da espionagem internacional, assunto em evidência na política externa atual, e um dos principais temas de Capitão América 2 – O Soldado Invernal, o mais novo filme solo do herói.
Ao final do primeiro longa, Steve Rogers (Chris Evans) se vê completamente desorientado ao começar a perceber que sua pátria, quase 70 anos depois da época em que viveu, já não é mais a “terra das oportunidades” (se é que um dia foi). Após o período em que ajudou a salvar o planeta, visto em Os Vingadores (2012), presenciamos, neste seu segundo filme solo, o supersoldado (quase) inteiramente adaptado ao mundo moderno, atuando como agente da S.H.I.E.L.D., a divisão do governo dos EUA – sob o comando de Nick Fury (o onipresente Samuel L. Jackson) – dedicada à missões especiais, órgão também responsável pela criação do supergrupo de heróis acima citado. Mas começam a surgir dúvidas e incertezas na mente do Capitão Rogers diante das missões para as quais ele está sendo convocado, que vão despertando no soldado idealista uma atitude até então inimaginável, o questionamento a seus superiores. É quando... ops, revelar mais do que isso poderia comprometer o prazer de assistir a uma trama repleta de suspense, conspirações, disfarces, traições, reviravoltas e revelações, que tornam este filme o mais novo remanescente do gênero “espionagem”, tão em voga no cinema americano nos anos 70 – em plena época da guerra fria – e apreciado também pelas novas gerações por meio de franquias de sucesso como “Missão Impossível” e a série “Bourne”. Não faltou aqui nem a tão famosa frase: “Não confie em ninguém!”
O roteiro, inteligentemente escrito pela mesma dupla do primeiro filme, Christopher Markus e Stephen McFeely, consegue refletir no protagonista, sem soar piegas, o papel do cidadão que acredita incondicionalmente na liberdade, na democracia, no Estado livre, o que comprova a capacidade que o cinema tem de melhorar (ou até reverter) a imagem de qualquer personagem de ficção, por mais estigmatizado que estivesse, bastando para isso uma boa história, e é exatamente o que encontramos aqui. Steve Rogers não é um cidadão qualquer, e os recursos e habilidades dos quais dispõe lhe permitem mais do que contestar, lhe dão a oportunidade para agir, em nome dos ideais em que acredita. E a ação, não apenas do herói, mas também do longa, forma no decorrer da projeção um irresistível efeito dominó, articulado justamente por conta da complexidade das situações que vão se sobrepondo, culminando em um ensurdecedor e visceral espetáculo visual, proporcionado principalmente pelo vilão citado no subtítulo do filme que se mostra um desafio físico à altura do Capitão, que por sua vez esbanja habilidade ao fazer uso de seu escudo, coberto pelas cores da bandeira dos EUA, assim como seu uniforme. Contudo, se você achar que o mistério no qual o Soldado Invernal está envolto é de fácil solução, deduzível já na primeira metade do filme, saiba que muitas pistas e surpresas lhe aguardam até o final, com revelações cujas repercussões serão vistas nos próximos filmes da franquia Marvel no cinema. É o momento propício para lembrar também acerca das já tradicionais cenas pós-créditos, aqui são duas. Não saia do cinema sem vê-las.
O elenco, composto por rostos já tão familiares desde o primeiro Homem de Ferro (2008), colabora muito para o nosso envolvimento e preocupação com o destino dos personagens. O papel de Nick Fury desta vez exige uma intensidade muito maior por parte de Samuel L. Jackson, que o faz com seu habitual talento, propiciando com isso a sua mais decisiva participação na franquia até agora. Scarlett Johansson, em sua terceira aparição como a Viúva Negra, ganha mais espaço e deixa claro seu “estilo”, bem diferente do adotado por seu parceiro de missões, de escudo em punho, vivido com naturalidade por Chris Evans. Anthony Mackie no papel de Sam Wilson, também conhecido como Falcão, é outra interessante adição ao time do Capitão. E a ilustre presença do veterano Robert Redford – que protagonizou, entre tantos longas icônicos, um marcante filme de investigação jornalística, Todos Os Homens do Presidente, em 1976, sobre o caso real do escândalo de Watergate – só engrandece esta obra baseada em um super-herói dos quadrinhos, mas tão bem calcada na realidade que acompanhamos cotidianamente nos noticiários internacionais.
Os diretores, os irmãos Anthony e Joe Russo já realizaram várias séries de humor (?!) para a TV americana e, no cinema, algumas comédias, entre elas Dois É Bom, Três É Demais (2006) com Owen Wilson. Um currículo assim poderia assustar... mas os “Russo brothers” acertaram a mão, e mantiveram o mesmo padrão de narrativa (e de qualidade) dos demais filmes da Marvel Studios, distribuindo o humor sutilmente em doses certas, sem comprometer o tom sério da trama.
Capitão América 2 – O Soldado Invernal, portanto, é um filme onde máscaras caem e novos rumos são tomados, elevando surpreendentemente o nível dos “filmes de super-heróis”. Neste sensacional thriller de espionagem, a América atual se vê refletida, enquanto todo o restante do mundo constata o quanto é difícil ser patriota naquele país... por mais idealista que se queira ser...
Capitão América – O Primeiro Vingador (2011), dirigido por Joe Johnston, contou uma das mais belas histórias de origem dos últimos anos no sub-gênero que se convencionou chamar de “filme de super-herói”. A fábula do jovem franzino que, durante a 2ª Guerra Mundial, queria a todo custo servir ao seu país e acaba ganhando sua oportunidade no Exército por meio de um experimento científico, foi contada com alma, em um irresistível clima de nostalgia que nos cativou, e nos fisgou por conta da inocência e idealismo autênticos do herói. Igualmente acertada foi a escolha de incluir na narrativa, por meio da metalinguagem, campanhas publicitárias que remetem à ridicularização pela qual o personagem foi submetido no decorrer das últimas décadas, em virtude do termo cada vez mais pejorativo com que tem sido utilizada a palavra “patriotismo”, cuja depreciação só tem aumentado, principalmente na América da era Bush, que tingiu a imagem do país de forma desastrosa, só recentemente suavizada, aos poucos, graças aos esforços do governo de Barak Obama que, por sua vez, também tem suas polêmicas, mais voltadas para a questão da espionagem internacional, assunto em evidência na política externa atual, e um dos principais temas de Capitão América 2 – O Soldado Invernal, o mais novo filme solo do herói.
Ao final do primeiro longa, Steve Rogers (Chris Evans) se vê completamente desorientado ao começar a perceber que sua pátria, quase 70 anos depois da época em que viveu, já não é mais a “terra das oportunidades” (se é que um dia foi). Após o período em que ajudou a salvar o planeta, visto em Os Vingadores (2012), presenciamos, neste seu segundo filme solo, o supersoldado (quase) inteiramente adaptado ao mundo moderno, atuando como agente da S.H.I.E.L.D., a divisão do governo dos EUA – sob o comando de Nick Fury (o onipresente Samuel L. Jackson) – dedicada à missões especiais, órgão também responsável pela criação do supergrupo de heróis acima citado. Mas começam a surgir dúvidas e incertezas na mente do Capitão Rogers diante das missões para as quais ele está sendo convocado, que vão despertando no soldado idealista uma atitude até então inimaginável, o questionamento a seus superiores. É quando... ops, revelar mais do que isso poderia comprometer o prazer de assistir a uma trama repleta de suspense, conspirações, disfarces, traições, reviravoltas e revelações, que tornam este filme o mais novo remanescente do gênero “espionagem”, tão em voga no cinema americano nos anos 70 – em plena época da guerra fria – e apreciado também pelas novas gerações por meio de franquias de sucesso como “Missão Impossível” e a série “Bourne”. Não faltou aqui nem a tão famosa frase: “Não confie em ninguém!”
O roteiro, inteligentemente escrito pela mesma dupla do primeiro filme, Christopher Markus e Stephen McFeely, consegue refletir no protagonista, sem soar piegas, o papel do cidadão que acredita incondicionalmente na liberdade, na democracia, no Estado livre, o que comprova a capacidade que o cinema tem de melhorar (ou até reverter) a imagem de qualquer personagem de ficção, por mais estigmatizado que estivesse, bastando para isso uma boa história, e é exatamente o que encontramos aqui. Steve Rogers não é um cidadão qualquer, e os recursos e habilidades dos quais dispõe lhe permitem mais do que contestar, lhe dão a oportunidade para agir, em nome dos ideais em que acredita. E a ação, não apenas do herói, mas também do longa, forma no decorrer da projeção um irresistível efeito dominó, articulado justamente por conta da complexidade das situações que vão se sobrepondo, culminando em um ensurdecedor e visceral espetáculo visual, proporcionado principalmente pelo vilão citado no subtítulo do filme que se mostra um desafio físico à altura do Capitão, que por sua vez esbanja habilidade ao fazer uso de seu escudo, coberto pelas cores da bandeira dos EUA, assim como seu uniforme. Contudo, se você achar que o mistério no qual o Soldado Invernal está envolto é de fácil solução, deduzível já na primeira metade do filme, saiba que muitas pistas e surpresas lhe aguardam até o final, com revelações cujas repercussões serão vistas nos próximos filmes da franquia Marvel no cinema. É o momento propício para lembrar também acerca das já tradicionais cenas pós-créditos, aqui são duas. Não saia do cinema sem vê-las.
O elenco, composto por rostos já tão familiares desde o primeiro Homem de Ferro (2008), colabora muito para o nosso envolvimento e preocupação com o destino dos personagens. O papel de Nick Fury desta vez exige uma intensidade muito maior por parte de Samuel L. Jackson, que o faz com seu habitual talento, propiciando com isso a sua mais decisiva participação na franquia até agora. Scarlett Johansson, em sua terceira aparição como a Viúva Negra, ganha mais espaço e deixa claro seu “estilo”, bem diferente do adotado por seu parceiro de missões, de escudo em punho, vivido com naturalidade por Chris Evans. Anthony Mackie no papel de Sam Wilson, também conhecido como Falcão, é outra interessante adição ao time do Capitão. E a ilustre presença do veterano Robert Redford – que protagonizou, entre tantos longas icônicos, um marcante filme de investigação jornalística, Todos Os Homens do Presidente, em 1976, sobre o caso real do escândalo de Watergate – só engrandece esta obra baseada em um super-herói dos quadrinhos, mas tão bem calcada na realidade que acompanhamos cotidianamente nos noticiários internacionais.
Os diretores, os irmãos Anthony e Joe Russo já realizaram várias séries de humor (?!) para a TV americana e, no cinema, algumas comédias, entre elas Dois É Bom, Três É Demais (2006) com Owen Wilson. Um currículo assim poderia assustar... mas os “Russo brothers” acertaram a mão, e mantiveram o mesmo padrão de narrativa (e de qualidade) dos demais filmes da Marvel Studios, distribuindo o humor sutilmente em doses certas, sem comprometer o tom sério da trama.
Capitão América 2 – O Soldado Invernal, portanto, é um filme onde máscaras caem e novos rumos são tomados, elevando surpreendentemente o nível dos “filmes de super-heróis”. Neste sensacional thriller de espionagem, a América atual se vê refletida, enquanto todo o restante do mundo constata o quanto é difícil ser patriota naquele país... por mais idealista que se queira ser...