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Ficção científica com crítica social e tempero brasileiro
Em 2009, uma ficção científica de baixo orçamento, porém com um grande nome na produção, chamou a atenção. O longa de estreia do sul-africano Neill Blomkamp, produzido por Peter Jackson, mostrava uma nave alienígena que caía acidentalmente na capital da África do Sul, Joanesburgo, o que provocava, por parte do governo, a decisão de manter os extraterrestres sobreviventes em confinamento em uma área restrita e precária, denominada Distrito 9, desencadeando uma série de consequências nos âmbitos moral, social e político, discussão que se estende, claro, à realidade de nosso mundo. A ideia de “Distrito 9” foi desenvolvida por Blomkamp a partir de seu curta-metragem “Alive in Jorburg”, de 2005, que por sua vez remete à fatos de sua própria infância ocorridos na África do Sul em plena época do apartheid. Ou seja, seu discurso político-social é tema recorrente de sua obra, e sua voz tem ecoado forte. “Distrito 9” se mostrou uma surpresa, por ter formulado tão bem a metáfora da discriminação e do preconceito raciais, tendo sido indicado a quatro Oscars, inclusive melhor filme, uma proeza para um diretor iniciante. Quatro anos depois, e com um aumento no prestígio, ele nos entrega seu segundo longa, “Elysium”, no qual podemos observar uma nova abordagem da questão das desigualdades, desta vez mais focada nas classes sociais.
Elysyim é uma luxuosa estação orbital construída para abrigar as pessoas de maior poder aquisitivo da Terra, uma vez que o planeta não oferece mais condições saudáveis de vida, tendo se tornado um lugar extremamente sujo e empoeirado, no qual os menos favorecidos estão sujeito a todo e qualquer tipo de doença, cuja cura só seria possível com a alta tecnologia disponibilizada apenas no satélite, do qual os habitantes terrestres não têm acesso. Além da escassez de recursos, os pobres moradores do planeta vivem sob o regime ditatorial imposto pelos governantes que assistem a tudo de longe, em Elysium, de onde a diretora do satélite, Delacourt (Jodie Foster), conduz a situação com punho de ferro. Max (Matt Damon) é um operário que, após ser gravemente infectado por uma radiação que pode lhe tirar a vida em poucos dias, fará de tudo para chegar em Elysium, pois só lá há salvação para sua crítica situação. No decorrer da história ele conhece Spider (Wagner Moura), uma espécie de hacker que se dispõe não só a ajudá-lo, como também propõe um plano para que todos os habitantes excluídos da Terra também passem a ter acesso a Elysium e, com isso, possam se curar de suas doenças, o que inclui a leucemia da qual foi acometida a filha de Fray (Alice Braga). Max e Fray se conhecem desde a infância e, logo no início do filme, testemunhamos uma promessa que ele faz a ela, numa emblemática analogia dos anseios de toda classe excluída por uma vida melhor.
A habitual seriedade de Damon (vista com eficácia nos filmes da série “Bourne”) aqui ajuda a construir um personagem ciente da responsabilidade à qual se impôs, bem como da dificuldade em cumprir sua tarefa. A diretora de Elysium, por sua vez, é vivida por Jodie Foster com a frieza adequada ao papel. E preste atenção no mercenário vivido pelo também sul-africano Sharlto Copley (em sua 3ª parceria com o diretor, pois também esteve em “Distrito 9” e estrou no curta “Alive in Jorburg”), ele vai te surpreender.
“Elysium” traz um atrativo a mais aos brasileiros. Desde que Rodrigo Santoro fez uma pequena ponta em “As Panteras: Detonando”, em 2003, os olhares de Hollywood parecem ter se voltado com mais atenção para os talentos nacionais e a contribuição que eles podem dar para a indústria cinematográfica. O próprio Santoro teve um papel de destaque no filme “300” (2006) e será visto novamente na sequência que está vindo por aí. Alice Braga, sobrinha da veterana Sônia Braga, dividiu a cena com Denzel Washington no filme “Eu Sou a Lenda”, em 2007, e com Adrien Brody em “Predadores”, em 2010. Comprovando o êxito da safra brazuca na terra do Tio Sam, a já “experiente” Alice no “país das maravilhas cinematográficas” faz bonito em “Elysium”, juntamente com o “estreante” Wagner Moura, que ficou encantado com o nível de produção e com o dinheiro que se gasta para se fazer um filme nessas proporções. Suas atuações renderam elogios por parte da crítica norte-americana, feito que nos enche de orgulho, cinéfilos patriotas que somos.
Neill Blomkamp conseguiu, portanto, deixar mais uma vez o seu recado, nesta obra que também preza pela qualidade técnica, eficaz e a serviço da história. Assim como foi “Distrito 9”, “Elysium” se mostra mais uma rica fonte para discussões envolvendo classes sociais, e desta vez, com tempero brasileiro.
Em 2009, uma ficção científica de baixo orçamento, porém com um grande nome na produção, chamou a atenção. O longa de estreia do sul-africano Neill Blomkamp, produzido por Peter Jackson, mostrava uma nave alienígena que caía acidentalmente na capital da África do Sul, Joanesburgo, o que provocava, por parte do governo, a decisão de manter os extraterrestres sobreviventes em confinamento em uma área restrita e precária, denominada Distrito 9, desencadeando uma série de consequências nos âmbitos moral, social e político, discussão que se estende, claro, à realidade de nosso mundo. A ideia de “Distrito 9” foi desenvolvida por Blomkamp a partir de seu curta-metragem “Alive in Jorburg”, de 2005, que por sua vez remete à fatos de sua própria infância ocorridos na África do Sul em plena época do apartheid. Ou seja, seu discurso político-social é tema recorrente de sua obra, e sua voz tem ecoado forte. “Distrito 9” se mostrou uma surpresa, por ter formulado tão bem a metáfora da discriminação e do preconceito raciais, tendo sido indicado a quatro Oscars, inclusive melhor filme, uma proeza para um diretor iniciante. Quatro anos depois, e com um aumento no prestígio, ele nos entrega seu segundo longa, “Elysium”, no qual podemos observar uma nova abordagem da questão das desigualdades, desta vez mais focada nas classes sociais.
Elysyim é uma luxuosa estação orbital construída para abrigar as pessoas de maior poder aquisitivo da Terra, uma vez que o planeta não oferece mais condições saudáveis de vida, tendo se tornado um lugar extremamente sujo e empoeirado, no qual os menos favorecidos estão sujeito a todo e qualquer tipo de doença, cuja cura só seria possível com a alta tecnologia disponibilizada apenas no satélite, do qual os habitantes terrestres não têm acesso. Além da escassez de recursos, os pobres moradores do planeta vivem sob o regime ditatorial imposto pelos governantes que assistem a tudo de longe, em Elysium, de onde a diretora do satélite, Delacourt (Jodie Foster), conduz a situação com punho de ferro. Max (Matt Damon) é um operário que, após ser gravemente infectado por uma radiação que pode lhe tirar a vida em poucos dias, fará de tudo para chegar em Elysium, pois só lá há salvação para sua crítica situação. No decorrer da história ele conhece Spider (Wagner Moura), uma espécie de hacker que se dispõe não só a ajudá-lo, como também propõe um plano para que todos os habitantes excluídos da Terra também passem a ter acesso a Elysium e, com isso, possam se curar de suas doenças, o que inclui a leucemia da qual foi acometida a filha de Fray (Alice Braga). Max e Fray se conhecem desde a infância e, logo no início do filme, testemunhamos uma promessa que ele faz a ela, numa emblemática analogia dos anseios de toda classe excluída por uma vida melhor.
A habitual seriedade de Damon (vista com eficácia nos filmes da série “Bourne”) aqui ajuda a construir um personagem ciente da responsabilidade à qual se impôs, bem como da dificuldade em cumprir sua tarefa. A diretora de Elysium, por sua vez, é vivida por Jodie Foster com a frieza adequada ao papel. E preste atenção no mercenário vivido pelo também sul-africano Sharlto Copley (em sua 3ª parceria com o diretor, pois também esteve em “Distrito 9” e estrou no curta “Alive in Jorburg”), ele vai te surpreender.
“Elysium” traz um atrativo a mais aos brasileiros. Desde que Rodrigo Santoro fez uma pequena ponta em “As Panteras: Detonando”, em 2003, os olhares de Hollywood parecem ter se voltado com mais atenção para os talentos nacionais e a contribuição que eles podem dar para a indústria cinematográfica. O próprio Santoro teve um papel de destaque no filme “300” (2006) e será visto novamente na sequência que está vindo por aí. Alice Braga, sobrinha da veterana Sônia Braga, dividiu a cena com Denzel Washington no filme “Eu Sou a Lenda”, em 2007, e com Adrien Brody em “Predadores”, em 2010. Comprovando o êxito da safra brazuca na terra do Tio Sam, a já “experiente” Alice no “país das maravilhas cinematográficas” faz bonito em “Elysium”, juntamente com o “estreante” Wagner Moura, que ficou encantado com o nível de produção e com o dinheiro que se gasta para se fazer um filme nessas proporções. Suas atuações renderam elogios por parte da crítica norte-americana, feito que nos enche de orgulho, cinéfilos patriotas que somos.
Neill Blomkamp conseguiu, portanto, deixar mais uma vez o seu recado, nesta obra que também preza pela qualidade técnica, eficaz e a serviço da história. Assim como foi “Distrito 9”, “Elysium” se mostra mais uma rica fonte para discussões envolvendo classes sociais, e desta vez, com tempero brasileiro.