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Ei, você. É, você mesmo, que está começando a ler esta crítica agora. Lembra daquela clássica comédia oitentista Curtindo a Vida Adoidado? Nela, o estudante Ferris Bueller (personagem que marcou o auge da carreira de Matthew Broderick) conversava com a plateia durante todo o filme, que se passava em apenas um dia, no qual ele vivia momentos divertidíssimos com seus amigos. Quando olhava para a câmera e falava diretamente conosco, nos deixando a par de suas intenções, o jovem – que matou aula para poder tirar esse dia de ‘folga’ – nos colocava na condição de ‘cúmplices’ de seu ‘delito estudantil’ e, consequentemente, de suas aventuras. A última intervenção de Ferris, após os créditos finais, é antológica: “Ainda estão aí? Já acabou! Vão embora!” Esse é apenas um entre tantos exemplos de um curioso recurso narrativo chamado de quebra de quarta parede. No teatro – onde teria surgido esse conceito – teoricamente existem três 'paredes', a quarta seria justamente a que separa o palco do público. Quando um ator 'conversa' com os espectadores, ele está 'quebrando' essa parede, proporcionando com isso situações hilárias, como a descrita acima. Quem conhece o personagem Deadpool dos quadrinhos, sabe que ele 'derruba' a quarta parede o tempo todo. Ao descobrirem que o anti-herói iria protagonizar seu próprio longa, seus muitos fãs logo pensaram: "Será que no cinema ele também vai interagir conosco?" A resposta é um empolgante e entusiasmado SIM!
O longa nos apresenta, de forma não linear, a história de Wade Wilson (Ryan Reynolds), um mercenário meia-boca que descobre estar acometido de um câncer terminal. Ele resolve então aceitar uma misteriosa proposta que lhe é feita envolvendo um projeto secreto que poderá não apenas curá-lo, mas fazer dele um super-herói! Só que ele não mediu as consequências... Após ficar com o rosto e o corpo desfigurados, em virtude da tal operação (que o livrou do câncer e lhe deu um certo ‘fator de cura’), Wade passa a usar um traje de couro vermelho, e busca reencontrar seu algoz, Francis – ou Ajax, como prefere ser chamado (!) – na esperança de que o vilão (vivido por Ed Skrein) lhe devolva sua aparência normal. A maior motivação do sujeito é a sua amada Vanessa (a bela morena Morena Baccarin), para a qual quer voltar, e retomar o relacionamento feliz (e liberal) que haviam iniciado há pouco tempo. Deadpool, no fim das contas, é uma história de amor... Você não vai acreditar nessa última frase, vai?
O tom escrachado e irreverente se faz presente na projeção do início ao fim, deixando claro que se trata de um projeto inovador (e ousado). Havia o risco das piadas soarem sem graça (e algumas até são), e do humor proposto não encontrar o seu público, acostumado com os super-heróis em sua maioria austeros vistos todo ano na telona desde a virada do milênio, o que inclui a franquia mutante da Fox. Em contrapartida, o atrevimento com que a obra foi apresentada (desde os cartazes até os trailers e chamadas para TV), e o curioso detalhe da censura 16 anos (18 nos EUA), 'preparam' o espectador para o que irá ver. Nesse sentido, a campanha de marketing foi acertadíssima, vendendo o filme como uma obra repleta de humor, que esbarra no escatológico, gags infames e alfinetadas certeiras ao seu próprio universo, e à indústria que o concebeu, tudo isso temperado com sequências de ação sanguinárias e ‘colossais’, e lutas dignas dos mais violentos combates de MMA. Ou você acha que a lutadora profissional Gina Carano entrou no elenco para fazer o papel de donzela em perigo?
Contudo, o que realmente fez a diferença nessa nova proposta foi mesmo a ‘parede quebrada’ por Deadpool. Ele sabe que é um personagem de ficção, que está em um filme, e que é vivido por Reynolds, conhece até a filmografia do sujeito. Aliás, Deadpool é uma enciclopédia ambulante de Cultura Pop, despejando citações mordazes a todo momento. O anti-herói não poupa ninguém de seus comentários sarcásticos (sobra até pro Batman). Ao ouvir sobre o Professor X, ele pergunta: “James McAvoy ou Patrick Stewart? Eu sempre me confundo com essas linhas temporais!” Quanto a Wolverine... Bem, digamos que seu intérprete faz uma aparição surpresa em um momento crucial da trama! Deadpool representa, sim, mais um passo evolutivo para os filmes de super-heróis, sendo inegável a influência que deverá exercer para obras similares que virão, isso sem falar das paródias. Agora imagine a paródia de um original que já é quase uma paródia...
O ritmo frenético das tiradas do protagonista, porém, não teria surtido o mesmo efeito se o acertado elenco de apoio não correspondesse à altura da proposta. A picante relação de Wilson com a curvilínea Vanessa de Morena Baccarin, os papos de amigo com o “Fuinha” vivido por T. J. Miller (comediante com timing certo), a rivalidade com Francis levada ao extremo e as heroicas parcerias firmadas ao longo da trama, todos possuem uma ótima interação com o herói piadista, e consequentemente são ‘vítimas’ do seu ácido humor.
Ryan Reynolds, afinal, encontrou em Deadpool (bem conduzido pelo diretor estreante Tim Miller) a redenção que buscava. Sua atuação despojada e descontraída sugere a sua satisfação pessoal com o projeto, no qual se envolveu diretamente. Depois desse sucesso, o verde não é mais uma lanterna vergonhosa para ele, e sim um semáforo sinalizando caminho livre para a continuação (já confirmada) do anti-herói que se veste de vermelho-sangue, olha para a câmera e conversa com a plateia. Ah, atento leitor, e se até agora não foi mencionado aquele Deadpool equivocado, interpretado pelo mesmo Ryan Reynolds no primeiro filme solo do Wolverine, é porque ele realmente não merece menção. É pra ser esquecido mesmo, como se nunca tivesse existido...
E você, caro leitor, já foi conferir Deadpool? Ainda não? Então, corra para o cinema mais próximo – desde que você tenha mais de 16 anos – e divirta-se à beça com este personagem anárquico que não para de falar, saído dos quadrinhos da Marvel diretamente para os cinemas nesta caprichada produção da Fox. Ah, não se esqueça, é claro, da tradicionalíssima e, como não poderia deixar de ser, hilária cena pós-créditos. Alerta de Spolier: você não vai querer perder o tchau, né?!
O longa nos apresenta, de forma não linear, a história de Wade Wilson (Ryan Reynolds), um mercenário meia-boca que descobre estar acometido de um câncer terminal. Ele resolve então aceitar uma misteriosa proposta que lhe é feita envolvendo um projeto secreto que poderá não apenas curá-lo, mas fazer dele um super-herói! Só que ele não mediu as consequências... Após ficar com o rosto e o corpo desfigurados, em virtude da tal operação (que o livrou do câncer e lhe deu um certo ‘fator de cura’), Wade passa a usar um traje de couro vermelho, e busca reencontrar seu algoz, Francis – ou Ajax, como prefere ser chamado (!) – na esperança de que o vilão (vivido por Ed Skrein) lhe devolva sua aparência normal. A maior motivação do sujeito é a sua amada Vanessa (a bela morena Morena Baccarin), para a qual quer voltar, e retomar o relacionamento feliz (e liberal) que haviam iniciado há pouco tempo. Deadpool, no fim das contas, é uma história de amor... Você não vai acreditar nessa última frase, vai?
O tom escrachado e irreverente se faz presente na projeção do início ao fim, deixando claro que se trata de um projeto inovador (e ousado). Havia o risco das piadas soarem sem graça (e algumas até são), e do humor proposto não encontrar o seu público, acostumado com os super-heróis em sua maioria austeros vistos todo ano na telona desde a virada do milênio, o que inclui a franquia mutante da Fox. Em contrapartida, o atrevimento com que a obra foi apresentada (desde os cartazes até os trailers e chamadas para TV), e o curioso detalhe da censura 16 anos (18 nos EUA), 'preparam' o espectador para o que irá ver. Nesse sentido, a campanha de marketing foi acertadíssima, vendendo o filme como uma obra repleta de humor, que esbarra no escatológico, gags infames e alfinetadas certeiras ao seu próprio universo, e à indústria que o concebeu, tudo isso temperado com sequências de ação sanguinárias e ‘colossais’, e lutas dignas dos mais violentos combates de MMA. Ou você acha que a lutadora profissional Gina Carano entrou no elenco para fazer o papel de donzela em perigo?
Contudo, o que realmente fez a diferença nessa nova proposta foi mesmo a ‘parede quebrada’ por Deadpool. Ele sabe que é um personagem de ficção, que está em um filme, e que é vivido por Reynolds, conhece até a filmografia do sujeito. Aliás, Deadpool é uma enciclopédia ambulante de Cultura Pop, despejando citações mordazes a todo momento. O anti-herói não poupa ninguém de seus comentários sarcásticos (sobra até pro Batman). Ao ouvir sobre o Professor X, ele pergunta: “James McAvoy ou Patrick Stewart? Eu sempre me confundo com essas linhas temporais!” Quanto a Wolverine... Bem, digamos que seu intérprete faz uma aparição surpresa em um momento crucial da trama! Deadpool representa, sim, mais um passo evolutivo para os filmes de super-heróis, sendo inegável a influência que deverá exercer para obras similares que virão, isso sem falar das paródias. Agora imagine a paródia de um original que já é quase uma paródia...
O ritmo frenético das tiradas do protagonista, porém, não teria surtido o mesmo efeito se o acertado elenco de apoio não correspondesse à altura da proposta. A picante relação de Wilson com a curvilínea Vanessa de Morena Baccarin, os papos de amigo com o “Fuinha” vivido por T. J. Miller (comediante com timing certo), a rivalidade com Francis levada ao extremo e as heroicas parcerias firmadas ao longo da trama, todos possuem uma ótima interação com o herói piadista, e consequentemente são ‘vítimas’ do seu ácido humor.
Ryan Reynolds, afinal, encontrou em Deadpool (bem conduzido pelo diretor estreante Tim Miller) a redenção que buscava. Sua atuação despojada e descontraída sugere a sua satisfação pessoal com o projeto, no qual se envolveu diretamente. Depois desse sucesso, o verde não é mais uma lanterna vergonhosa para ele, e sim um semáforo sinalizando caminho livre para a continuação (já confirmada) do anti-herói que se veste de vermelho-sangue, olha para a câmera e conversa com a plateia. Ah, atento leitor, e se até agora não foi mencionado aquele Deadpool equivocado, interpretado pelo mesmo Ryan Reynolds no primeiro filme solo do Wolverine, é porque ele realmente não merece menção. É pra ser esquecido mesmo, como se nunca tivesse existido...
E você, caro leitor, já foi conferir Deadpool? Ainda não? Então, corra para o cinema mais próximo – desde que você tenha mais de 16 anos – e divirta-se à beça com este personagem anárquico que não para de falar, saído dos quadrinhos da Marvel diretamente para os cinemas nesta caprichada produção da Fox. Ah, não se esqueça, é claro, da tradicionalíssima e, como não poderia deixar de ser, hilária cena pós-créditos. Alerta de Spolier: você não vai querer perder o tchau, né?!