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2001: Uma Odisséia No Espaço, a obra-prima intelectual-filosófico-espacial de Stanley Kubrick, lançada em 1968, contou com uma estranha campanha de marketing não oficial. Ocorreu que, independente de terem gostado ou não da história – que pode ser considerada aberta e, portanto, de livre interpretação – a maioria dos expectadores saíam das salas de exibição extasiados com a sessão ‘entorpecedora’ que haviam acabado de presenciar (por conta, principalmente, da sequência de dez minutos, no ato final, em que a tela é totalmente inundada por luzes, cores e formas lisérgicas, além, é claro, de várias outras virtudes do clássico). Quem assistia ia espalhando a notícia das cenas surreais que o filme apresentava, fazendo com que muitos, principalmente a juventude hippie da época, também quisessem ver o filme, só para também embarcarem nessa ‘viagem alucinante’. Com isso, surgiu o termo “the trip” (a viagem), para se referir justamente a essa completa e total fuga da realidade proporcionada pela magia do cinema, por meio de seus efeitos especiais que, sem dúvida, tinham dado um salto cósmico com a ousada empreitada de Kubrick. Nestes quase 50 anos que se passaram desde 2001 (o filme), o cinema tem criado cenas inacreditáveis, e nos levado a mundos inimagináveis por meio de jornadas inenarráveis. Matrix dos então irmãos (hoje irmãs) Wachowski e Avatar de James Cameron são bons exemplos disso. Outra obra de visual surpreendente sem dúvida foi A Origem, de Christopher Nolan. A viagem interestelar pinkfloydiana proporcionada por Doutor Estranho, certamente o coloca, também, nesta categoria de filmes com visual arrebatador.
A história nos apresenta o bem sucedido neurocirurgião Dr. Stephen Strange (Benedict Cumberbatch, que já havia ganho fama como o Sherlock Holmes da série de TV) que, após um acidente, ficou com os movimentos de suas mãos – imprescindíveis para o exercício de sua profissão – seriamente comprometidos. Sua obsessão pela cura o levará a abrir mão de seu orgulho e buscar métodos alternativos. É quando conhece, no Nepal, o mago Mordo (Chiwetel Wjifor, indicado ao Oscar de Melhor Ator por 12 Anos de Escravidão) que, por sua vez, o leva até o Ancião, digo, a Anciã. A opção por alterar o gênero deste personagem na sua transposição das HQs para as telas não interfere em absolutamente nada no desenvolvimento da história. Pelo contrário, já que a mestra suprema das artes místicas só saiu ganhando com a interpretação enigmática da oscarizada Tilda Swinton (curioso lembrar que ela também viveu o Anjo Gabriel naquele malfadado filme do ‘herói místico’ da concorrente DC Comics, Constantine, em 2005!). À medida que as portas para outras dimensões vão se abrindo para o Dr. Strange, e ele vai tomando conhecimento das forças ocultas que ameaçam a Terra, a cura de suas mãos será o menor de seus problemas...
Completam o competente elenco principal Mads Mikkelsen (conhecido pelo papel-título da série Hannibal), como o ‘bruxo do mal’ Kaecilius, Benedict Wong vivendo o hilário mago bibliotecário Wong e Rachel McAdams (indicada este ano ao Oscar de Atriz Coadjuvante por Spotlight – Segredos Revelados) na pele de Christine, a assistente do Dr. Strange. Quanto ao protagonista, a forma como ele evolui no decorrer do longa, não só nas artes místicas mas também em seus valores morais, só evidencia o quanto foi acertada a escolha de Cumberbatch para o papel. Algumas cenas exigiram uma carga dramática maior, e foram devidamente executadas com a austeridade que se espera do imponente ator. E quando parece que a situação vai ficar tensa demais, eis que acontece algo engraçadinho para nos lembrar de que, afinal, trata-se de mais um filme da Marvel. E no quesito graça, o manto da levitação dá um show, remetendo até a alguns momentos impagáveis perpetrados pelo tapete voador no longa de animação Aladim... da Disney(!).
A direção ficou a cargo de Scott Derrickson, que consolidou sua carreira com produções de terror (entre elas O Exorcismo de Emily Rose). Entretanto, o cineasta provavelmente resistiu às tentações de sua função (ou foi devidamente ‘orientado’ pelos produtores) e realizou um filme que, embora introduza o universo místico da Marvel, o faz sem apelar para o ‘lado negro’ do misticismo, que é muito mencionado, mas pouco visto na tela. Ele preferiu investir em um visual que agradasse à maioria, sem ser demasiadamente sombrio. É neste quesito que o filme surpreende, nas suas imagens extraordinárias. A forma como a realidade é distorcida, nos levando, por meio de portais dimensionais, a mundos ocultos e universos paralelos, com direito até a loops temporais, é alucinante... quase alucinógeno. Quando a Anciã ‘dá uma canja’ da vastidão do universo para Strange, o que vemos é uma sucessão de imagens psicodélicas e surreais de dar orgulho a Stan Lee e Steve Dikto, que criaram o personagem em 1963 para as HQs da Marvel. Aquelas maravilhosas imagens extradimensionais que incontáveis leitores de quadrinhos admiraram por mais de meio século acabaram de ganhar vida na tela do cinema! É, sim, motivo para muito fã ficar em êxtase! As cenas (mostradas de relance nos trailers) que quebram as leis da gravidade em pleno centro de Nova York, bem como outra sequência (essa o marketing do filme escondeu bem) envolvendo manipulação do tempo, são inacreditavelmente sensacionais. Tudo isso, visto em 3D, te fará mergulhar nessa vastidão de efeitos cuja imersão e profundidade, além de tudo, ainda estão a serviço da história. Acredite, desta vez, o 3D realmente faz toda a diferença!
Dr. Estranho, afinal, e a despeito de toda essa sua grandiosidade visual, é um filme de super-heróis (e esse usa capa!), no qual a Marvel cumpriu novamente com o que propôs, contar a origem de um novo e importantíssimo personagem, utilizando para isso de uma direção segura, elenco afinado, diálogos explicativos necessários para ‘comprarmos a ideia’ de um mundo tão etéreo, altas doses de aventura, aquele humor sutil (quase sempre) na hora certa e uma ou outra interligação com personagens da casa, com consequências futuras (não perca as cenas pós-créditos). Enfim, a fórmula ‘mágica’ da Marvel funcionou outra vez, literalmente. Agora a magia já está estabelecida no Universo Cinematográfico Marvel, por conta da apresentação do senhor Doutor Stephen Strange, mestre do ocultismo, que impôs respeito em sua primeira aparição nas telas, e é detentor de um vasto potencial, a ser explorado nos próximos filmes, para continuar a nos levar a dimensões paralelas ainda mais inimagináveis, inacreditáveis e inenarráveis. Ufa, que viagem!
A história nos apresenta o bem sucedido neurocirurgião Dr. Stephen Strange (Benedict Cumberbatch, que já havia ganho fama como o Sherlock Holmes da série de TV) que, após um acidente, ficou com os movimentos de suas mãos – imprescindíveis para o exercício de sua profissão – seriamente comprometidos. Sua obsessão pela cura o levará a abrir mão de seu orgulho e buscar métodos alternativos. É quando conhece, no Nepal, o mago Mordo (Chiwetel Wjifor, indicado ao Oscar de Melhor Ator por 12 Anos de Escravidão) que, por sua vez, o leva até o Ancião, digo, a Anciã. A opção por alterar o gênero deste personagem na sua transposição das HQs para as telas não interfere em absolutamente nada no desenvolvimento da história. Pelo contrário, já que a mestra suprema das artes místicas só saiu ganhando com a interpretação enigmática da oscarizada Tilda Swinton (curioso lembrar que ela também viveu o Anjo Gabriel naquele malfadado filme do ‘herói místico’ da concorrente DC Comics, Constantine, em 2005!). À medida que as portas para outras dimensões vão se abrindo para o Dr. Strange, e ele vai tomando conhecimento das forças ocultas que ameaçam a Terra, a cura de suas mãos será o menor de seus problemas...
Completam o competente elenco principal Mads Mikkelsen (conhecido pelo papel-título da série Hannibal), como o ‘bruxo do mal’ Kaecilius, Benedict Wong vivendo o hilário mago bibliotecário Wong e Rachel McAdams (indicada este ano ao Oscar de Atriz Coadjuvante por Spotlight – Segredos Revelados) na pele de Christine, a assistente do Dr. Strange. Quanto ao protagonista, a forma como ele evolui no decorrer do longa, não só nas artes místicas mas também em seus valores morais, só evidencia o quanto foi acertada a escolha de Cumberbatch para o papel. Algumas cenas exigiram uma carga dramática maior, e foram devidamente executadas com a austeridade que se espera do imponente ator. E quando parece que a situação vai ficar tensa demais, eis que acontece algo engraçadinho para nos lembrar de que, afinal, trata-se de mais um filme da Marvel. E no quesito graça, o manto da levitação dá um show, remetendo até a alguns momentos impagáveis perpetrados pelo tapete voador no longa de animação Aladim... da Disney(!).
A direção ficou a cargo de Scott Derrickson, que consolidou sua carreira com produções de terror (entre elas O Exorcismo de Emily Rose). Entretanto, o cineasta provavelmente resistiu às tentações de sua função (ou foi devidamente ‘orientado’ pelos produtores) e realizou um filme que, embora introduza o universo místico da Marvel, o faz sem apelar para o ‘lado negro’ do misticismo, que é muito mencionado, mas pouco visto na tela. Ele preferiu investir em um visual que agradasse à maioria, sem ser demasiadamente sombrio. É neste quesito que o filme surpreende, nas suas imagens extraordinárias. A forma como a realidade é distorcida, nos levando, por meio de portais dimensionais, a mundos ocultos e universos paralelos, com direito até a loops temporais, é alucinante... quase alucinógeno. Quando a Anciã ‘dá uma canja’ da vastidão do universo para Strange, o que vemos é uma sucessão de imagens psicodélicas e surreais de dar orgulho a Stan Lee e Steve Dikto, que criaram o personagem em 1963 para as HQs da Marvel. Aquelas maravilhosas imagens extradimensionais que incontáveis leitores de quadrinhos admiraram por mais de meio século acabaram de ganhar vida na tela do cinema! É, sim, motivo para muito fã ficar em êxtase! As cenas (mostradas de relance nos trailers) que quebram as leis da gravidade em pleno centro de Nova York, bem como outra sequência (essa o marketing do filme escondeu bem) envolvendo manipulação do tempo, são inacreditavelmente sensacionais. Tudo isso, visto em 3D, te fará mergulhar nessa vastidão de efeitos cuja imersão e profundidade, além de tudo, ainda estão a serviço da história. Acredite, desta vez, o 3D realmente faz toda a diferença!
Dr. Estranho, afinal, e a despeito de toda essa sua grandiosidade visual, é um filme de super-heróis (e esse usa capa!), no qual a Marvel cumpriu novamente com o que propôs, contar a origem de um novo e importantíssimo personagem, utilizando para isso de uma direção segura, elenco afinado, diálogos explicativos necessários para ‘comprarmos a ideia’ de um mundo tão etéreo, altas doses de aventura, aquele humor sutil (quase sempre) na hora certa e uma ou outra interligação com personagens da casa, com consequências futuras (não perca as cenas pós-créditos). Enfim, a fórmula ‘mágica’ da Marvel funcionou outra vez, literalmente. Agora a magia já está estabelecida no Universo Cinematográfico Marvel, por conta da apresentação do senhor Doutor Stephen Strange, mestre do ocultismo, que impôs respeito em sua primeira aparição nas telas, e é detentor de um vasto potencial, a ser explorado nos próximos filmes, para continuar a nos levar a dimensões paralelas ainda mais inimagináveis, inacreditáveis e inenarráveis. Ufa, que viagem!