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O filme pode ser interpretado sob a ótica do “livro” de sete tópicos criado por Richard Kelly durante as filmagens (A Filosofia da Viagem no Tempo) que foi baseado no livro do físico Stephen Hawking, Uma Breve História do Tempo ou sob o contexto da física em geral. O livro de Hawking foi lançado em 1988, mesmo ano que se passa o filme e mesmo livro que aparece na mesa do professor Kenneth Monnitoff quando conversa com Donnie sobre a aceleração do DeLorean, meio de transporte para viajar no tempo usado em De Volta Pro Futuro. Roberta Sparrow e Justin Sparrow são personagens fictícios, a primeira é a Vovó Morte e o segundo é Iraq Jack, neto da mesma no filme Samantha Darko. Usando os conceitos de Kelly, por exemplo, há dois Franks no filme, um que aparece só para Donnie como Manipulado Morto ou entidade espiritual vinda do futuro e que se desloca no universo paralelo ou tangente livremente com a roupa de coelho e o Frank namorado de Elisabeth Darko que dirige o Pontiac vermelho no início do filme e cujo ronco do motor se houve quando a deixa em casa e a queda da turbina faz com que o lustre da sala se solte. Esse existe no universo paralelo e primário. A questão da Vovó Morte estar sempre indo a caixa de correio para receber a carta de Donnie informando que ele leu seu livro e sabe como enfrentar aquele período no universo tangente, pois provavelmente Roberta Sparrow vivenciou experiências em universos paralelos que motivou a teorização e o lançamento do livro fictício de sua autoria. A questão de “Os Destruidores”, ensaio do escritor inglês Grahan Greene lido em sala de aula e os atos cometidos por Donnie semelhantes aos dos personagens do mesmo (queimar a casa do Cunningham e alagar a escola). A questão da famosa frase do filme sob porque um veste a fantasia estúpida de coelho e o outro de ser humano, surgindo posteriormente Donnie com uma fantasia de esqueleto humano para ir numa festa. A curiosidade ao se aumentar o volume da televisão pode-se ouvir o ruído da turbina do avião chegando no início do filme quando Donnie se levanta e volta de bicicleta para casa ainda no universo primário. A turbina racha, cria o universo tangente e cai no quarto de Donnie. Sob a ótica da teoria criada pelo diretor, ao final do filme quando o vórtice destruidor do universo instável (tangente ou paralelo) aparece sob a casa de Donnie, ele vai até a região montanhosa do início do filme e com os poderes de Receptor Vivo contidos no “livro” de Kelly, racha a turbina do avião e cria um outro vórtice ou wormhole onde a turbina viaja e adentra o universo primário em que vivemos, selando o tangente e matando o protagonista em seu quarto. Há um contra-senso aqui, pois a turbina é retirada do avião em que a mãe e a irmã de Donnie viajam no universo tangente, vindo Kelly a teorizar que objetos podem ser duplicados nos dois universos. A cópia da turbina original causa a instabilidade do universo tangente (o fim deste mundo em 28 dias, 6 horas, 42 minutos e 12 segundos que somados resultam 88 e 1988 é o ano em que se passa o filme), porém a duplicidade no universo primário não o torna instável e passível de destruição. Creio que o governo americano deve estar se perguntando até hoje de onde veio a turbina ou a mesma adentrou outro universo tangente gerando um ciclo de eventos não mostrado no filme para finalmente adentrar o universo primário e dizimar Donnie. São atribuídas á inteligências superiores do futuro a manipulação do Receptor Vivo e do Manipulado Morto, respectivamente, Donnie e Frank, sendo manifestações das mesmas aqueles tubos aquáticos que se formam no torso dos personagens. Somente o Receptor Vivo enxerga tais tubulações que manipulam e comandam os demais personagens, mostrando-se no filme como um meio de contato entre o Frank - espírito e Donnie, bem como, quais as tarefas que o protagonista deve cumprir. Assim como Donnie, Roberta Sparrow sabe que se encontra em um universo tangente e da existência das entidades superiores, tendo inclusive colocado gravuras destas em "seu livro", A Filosofia da Viagem no Tempo. Tais inteligências são percebidas em sua totalidade pelo protagonista quando Frank avança com seu Pontiac vermelho sobre Gretchen em frente ao "Cellar Door" de Roberta Sparrow. Donnie exclama "Deus Ex Machina - Our Savior", ou seja, Deus vindo da máquina - Nosso salvador. Nesse momento percebe lucidamente que entidades superiores estão "dando as cartas do jogo" e que precisará escolher entre sacrificar a si mesmo ou não para selar o universo tangente. Deus Ex Machina é a morte de Gretchen arquitetada por inteligências superiores para que Donnie coloque ordem no caos. Os Manipulados Mortos possuem lapsos de memória do que se passou no universo tangente, sendo mostrado isso ao final do filme, no universo primário e quando Frank toca seu olho, Jim Cunningham chora ou Gretchen cumprimenta a mãe de Donnie (ela só conhece e se envolve com Donnie no universo tangente). A existência e funcionamento de um universo tangente dentro de um universo primário é mostrado no filme Samantha Darko durante a chuva de Tesseracts ou hipercubos. Interessante que o termo Tesseract foi utilizado pela primeira vez em 1888 e o filme se passa em 1988. Daniel Brasil