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3,5
Enviada em 24 de junho de 2015
Eu cresci vendo Jurassic Park, toda a trilogia, é verdade, mas o clássico original foi o único presente em toda minha vida até aqui, um de meus filmes/livros favoritos, além de ser um dos responsáveis por minha paixão a 7ª arte. Dito isso, não pude conter minha ansiedade a apreensão. Eu não queria apenas um filme melhor que o 2º e 3º, eu queria um filme realmente bom(não mais que o insuperável 1º), queria me divertir, porém, com conteúdo. 2 horas após a projeção, digo que é, sim, divertido e deveras emocionante pra fãs do original, mas também digo que, infelizmente, ele sofre com essa megalomania que tem estado tão presente em blockbusters Hollywoodianos ultimamente.

O início é lindo e empolgante, impossível não se emocionar com a trilha sonora de John Williams enquanto vemos o parque se abrindo, o sonho de John Hammond realizado. O desenvolvimento da trama é rápido, logo somos apresentados a todos os personagens relevantes, além da vilã que vai mover o longa, indominus Rex. As referências não param por aí, aparecem como dinossauros holográficos, prédios do original, personagens, carros, camisas e até em certos enquadramentos, tudo de forma orgânica, sem prejudicar a fluidez de Jurassic World.

Apesar de todos quererem ver dinossauros, personagens humanos bem desenvolvidos seriam algo necessário para segurar os 124 minutos de projeção, e felizmente, Chris Pratt e Bryce Dallas Howard se saem eficientes, mais por sua carisma e competência do que devido as virtudes do roteiro.. Pratt se confirma como um dos mais promissores atores da atualidade, equilibrando muito bem cenas cômicas com outras de intensidade dramática surpreendente, já Bryce consegue ir nos conquistado conforme os minutos passam, devido a uma redenção bem Spielbergiana(o diretor, aliás, tem vários “dedos” no projeto). Porém, o mesmo não pode ser dito do restante do elenco, são apenas caricaturas, como o vilão militar de Vincent D’Onofrio e as crianças em perigo(lembra algo do original?!) com uma traminha muito clichê, tornando muito difícil alguma identificação com os mesmos.

E os dinossauros? A duvidosa ideia de criar um vilão híbrido é acertada, muito pelo design intimidante e original, porém não artificial da indominus Rex, já as outras criaturas são meros coadjuvantes(não sei vocês, mas eu queria ter me maravilhado mais ao ver seres pré-históricos), com exceção, talvez, dos raptores, de longe os mais interessantes da história. O CGI está competente, mas óbvio, e o efeito prático do original continua magnânimo(mais de 20 anos depois, e vale lembrar a notória diferença do Apatossauro, único animatrônico de World...), nada vai superar os raptores e o T-Rex criados pelo gênio Stan Winston, que eram simples, entretanto, mais sinistros e orgânicos.

O maior problema da obra, porém, reside no roteiro, que muitas vezes se perde em sua megalomania, subestimando o público, flertando com o clichê e empurrando mais e mais cenas de ação na tela, como se fosse tudo que desejássemos. Um erro estranho, levando em consideração que o original investe muito mais na tensão e mistério para cativar e envolver a platéia.

No geral, Jurassic World é isso, um filme de ação, mas ver os dinossauros e o parque aberto, além da trilha de Williams, fazem valer o ingresso, principalmente pra quem, como eu, assistiu o de 93 tantas vezes. É uma boa película, mas enquanto a memória da fita de Spielberg estiver presente em nossas vidas, qualquer história de dinossauros contada no cinema, virá com pressão e expectativa enorme, e será preciso muito esmero para atendê-las.