Há três décadas e meia, uma jovem atriz se aventurava em uma novela que, infelizmente, não ficou na memória do público pelos melhores motivos... Na época, o SBT apostava em uma trama inovadora, produzida de maneira independente. O resultado? Um dos maiores fiascos da teledramaturgia brasileira. Hoje, essa mesma mulher se tornou uma jornalista renomada, que conduz seu programa com uma simpatia singular! Já sabe de quem estamos falando?
O fracasso de Cortina de Vidro
Se respondeu Sandra Annenberg, a apresentadora do Globo Repórter, acertou em cheio! Em 1989, ela estrelou Cortina de Vidro, a primeira novela produzida fora dos estúdios tradicionais da TV – uma coprodução entre Miksom e AVP Arte Vídeo, com exibição no SBT. A trama, escrita por Walcyr Carrasco, girava em torno dos acontecimentos de um luxuoso edifício empresarial de São Paulo, onde diversos personagens se cruzavam.
Sandra interpretou Ângela Cortez, uma sindicalista forte e determinada, que se envolvia em um triângulo amoroso com o empresário Frederico (Herson Capri) e a jovem Branca (Betty Gofman). Contudo, apesar das promessas de inovação, Cortina de Vidro encontrou uma série de obstáculos desde o início.
Logo após a estreia, o prédio onde muitas cenas eram gravadas foi vendido, deixando a produção sem locação. A solução improvisada foi um incêndio que não apenas destruiu o edifício, mas também "eliminou" vários personagens da trama. "Eu precisava de uma razão dramatúrgica para sairmos de lá, para mudar o rumo da história", explicou o escritor ao livro A Seguir, Cenas do Próximo Capítulo, de André Bernardo e Cíntia Lopes.
Divulgação/SBT
Mesmo com nomes de peso no elenco, como Antônio Abujamra e Débora Duarte, a novela não conseguiu cativar o público, recebendo críticas pesadas. Uma cena particularmente controversa, envolvendo uma relação incestuosa entre pai e filha, selou o destino trágico do folhetim, que saiu do ar sem deixar saudades...
Sandra Annenberg trabalhou em mais de uma novela
Embora Cortina de Vidro não tenha sido exatamente um ponto alto na carreira de Sandra (longe disso, coitada!), ela já vinha construindo sua trajetória como atriz antes do fiasco. Em 1987, a comunicadora estreou no humorístico Bronco, ao lado de Ronald Golias, onde interpretava a personagem Julinha.
No ano seguinte, apareceu na minissérie Chapadão do Bugre, da Band, contracenando com Edson Celulari. Depois disso, foi chamada para atuar ao lado de Tarcísio Meira e Glória Menezes na série Tarcísio & Glória, onde viveu a filha deles.
Divulgação/TV Globo
Annemberg também marcou presença - pela primeira vez em uma novela - em Pacto de Sangue, em 1989, na Globo, interpretando Celeste, uma abolicionista. A obra foi inovadora por ter sido gravada inteiramente antes de sua exibição, algo inédito na época! Depois de Cortina de Vidro, Sandra ainda participou da minissérie A, E, I, O... Urca, seu último trabalho como atriz.
A carreira de atriz não foi um mar de rosas
Este ano, em entrevista ao Mamilos Podcast, a apresentadora do Globo Repórter relembrou as dificuldades e abusos que enfrentou no início da carreira artística:
Eu enfrentei assédio sexual, enfrentei uma competição muito cedo, enfrentei um espaço que para você conseguir conquistar o seu tem que jogar um jogo que não é legal
"O fato é que não joguei esse jogo, e eu não sei muito bem como eu consegui trilhar o meu caminho sem fazer parte de um time que jogava um jogo de interesse, de troca, dentro do assédio sexual também. Talvez eu tivesse ido mais longe, muito rápido, se tivesse concordado em fazer parte da turma, mas eu perdi espaço por isso. Fui cortada do elenco de uma novela porque não cedi”, acrescentou ela.
Em 1990, Sandra decidiu trocar os scripts pela bancada do jornalismo. Começou na Rede Record e, logo em seguida, foi contratada pela Globo, onde se tornou uma das jornalistas mais respeitadas e admiradas do Brasil! Maravilhosa que brilha em qualquer lugar em que estiver, não é mesmo?