O Festival de Cannes, mais importante evento do calendário anual audiovisual - ao lado do Oscar -, completa 70 edições em 2017. Idealizado nos anos 1930 como uma resposta à intromissão fascista no Festival de Veneza, ele nasceu oficialmente em 1946 e desde então vem apresentando ao mundo as melhores e mais aguardadas produções. Como toda longa história, a sua tem percalços.
- A primeira edição ocorreria em setembro de 1939. Convites foram enviados, a programação foi montada, o cartaz foi produzido, mas o tenso clima político, que culminou na declaração de guerra da Fraça e Reino Unido contra a Alemanha, cancelou a mostra. Em 2002 um júri comandado pelo filósofo Jean d'Ormesson avaliou os filmes que seriam exibidos em 1939 e deu em unanimidade a Palma de Ouro a Union Pacific, de Cecil B. DeMille.
- Nos anos de 1948 e 1950 a falta de recursos impediu a realização do Festival.
- A edição de 1968 aconteceu, mas foi encerrada cinco dias antes do previsto por causa dos protestos de estudantes e trabalhadores que abalaram a França naquele mês de maio. Diretores removeram seus títulos da competição, jurados pediram dispensa e não houve premiação.
Entre 1946 e 1954 o prêmio principal se chamou Grand Prix du Festival International du Film. Em 1946 onze cineastas receberam o troféu por causa de uma regra que afirmava que todos os países com filmes em competição deveriam sair vencedores. A busca pelo modelo ideal também fez com que em 1947 os prêmios fossem dividos por gêneros, até que em 1949, finalmente, apenas um longa ganhou o Grand Prix, que seria substituído pela Palma de Ouro em 1955. A novidade, no entanto, dividiu opiniões e a organização acabou voltando ao Grand Prix entre 1964 e 1974. Até que em 1975 a Palme d'Or retornou com tudo e se consolidou como símbolo do Festival.
Confira no slideshow todos os longas premiados até hoje. Os asteriscos apontam decisões unânimes dos jurados. A 70ª edição do Festival de Cannes ocorrerá entre 17 e 28 de maio.
1946
Roma, Cidade Aberta, de Roberto Rossellini; Desencanto, de David Lean; Farrapo Humano, de Billy Wilder; De Røde Enge, de Bodil Ipsen e Lau Lauritzen; A Sinfonia Pastoral, de Jean Delannoy; Neecha Nagar, de Chetan Anand; Maria Candelária, de Emilio Fernández; Iris och löjtnantshjärta, de Alf Sjöberg; A Última Porta, de Leopold Lindtberg; Muži Bez Křídel, de František Čáp; e Velikiy Perelom, de Fridrikh Ermler
1947
Antoine et Antoinette, de Jacques Becker (melhor filme psicológico e de amor); Ziegfeld Follies, de Vincente Minnelli e outros (melhor comédia musical); Dumbo, de Ben Sharpsteen (melhor desenho animado); Crossfire, de Edward Dmytryk (melhor filme social); e Les Maudits, de René Clément (melhor filme de aventura e policial)