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    10 discursos políticos (e polêmicos) no Oscar

    Climão!

    A sétima arte, como qualquer outra, pode ser uma importante ferramenta política. Assim, não surpreende que a principal premiação de cinema do mundo, o Oscar, seja palco de protestos contundentes a respeito das mais variadas injustiças ao longo da História. Ora singelos, ora muito polêmicos, esse momentos são sempre um convite à reflexão — e, muitas vezes, na plateia ficou um climão

    Acima, veja dez dos maiores discursos políticos realizados no principal evento da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas. E note como mesmo a organização do Oscar foi alvo da insatisfação de seus homenageados.

    Igualdade

    Um dos mais belos discursos na História do Oscar é também um dos mais singelos e contundentes. Hattie McDaniel foi a primeira negra a ganhar um prêmio de melhor atriz, pelo clássico ...E o Vento Levou, e usou o seu momento para revelar toda alegria com a honraria, além de sua responsabilidade enquanto uma pioneira. "Vou levar isso como uma inspiração para tudo que eu possa fazer no futuro. Eu espero, sinceramente, que eu possa sempre ser um exemplo para a minha raça e para a indústria cinematográfica. Meu coração está cheio demais para que eu possa dizer exatamente como me sinto. Eu só devo dizer 'Obrigada'", disse a atriz, caindo em lágrimas. Curiosa e infelizmente, ao fim do discurso, Hattie McDaniel teve de voltar ao assento em que ficou separada dos colegas de elenco, brancos.

    Guerra à guerra

    Michael Moore é o rei do climão em premiações de cinema. O documentarista vencedor do Oscar por Tiros em Columbine aproveitou seus minutos de completo protagonismo para se manifestar contra o governo de George W. Bush, que mandava o povo norte-americano para a Guerra no Iraque "por motivos fictícios": "Nós somos contra esta guerra, senhor Bush. Que vergonha, senhor Bush", disse Moore, entre aplausos e vaias.

    Vietnã

    Em 1975, um dos produtores mais influentes da Nova Hollywood leu um telegrama polêmico durante a cerimônia do 47º Oscar. Bert Schneider citou a ironia de ser premiado pelo documentário Corações e Mentes a poucas semanas do fim da sagrenta Guerra do Vietnã; e foi porta-voz do governo norte-vietnamita ao agradecer ao povo americano, por seu apoio ao fim do conflito. Segundo relatos, choveram telegramas repudiando o discurso de Schneider, e o apresentador Frank Sinatra foi ao palco dizer que as palavras do produtor não condiziam com o pensamento da Academia. A retratação irritou gente como Shirley MacLaine e Warren Beatty — que chamou Sinatra de "seu velho republicano".

    Relações exteriores

    Premiado por sua transformação em Clube de Compras Dallas, Jared Leto usou seu momento de glória para mencionar as agitações na Ucrânia, após a ocupação russa da Crimeia, e na Venezuela, onde manifestantes pediam a renúncia do presidente Nicolas Maduro. "Quero dizer que estamos aqui enquanto vocês lutam para os seus sonhos se realizarem para viver o impossível. Nós estamos pensando em vocês esta noite", disse o politizado ator e músico.

    Aborto

    John Irving foi todo agradecimentos ao comemorar sua vitória por Regras da Vida. Ele agradeceu à Liga Nacional de Direito ao Aborto e à principal ONG pró-saúde sexual dos Estados Unidos, à Academia, por celebrar um filme sobre o polêmico tema, e principalmente à Miramax, "por ter a coragem de fazer esse filme".

    Política mesmo!

    Melhor atriz coadjuvante do Oscar 1987, por Feitiço da Lua, Olympia Dukakis protagonizou um momento insólito ao apoiar Michael Dukakis nas primárias da corrida presidencial de 1988. "OK, Michael, let's go!", bradou a atriz, que viu o primo se tornar o candidato do Partido Democrata no ano seguinte.

    Direitos LGBT

    Ganhador do Oscar 2009 após viver o ativista político Harvey Milk, Sean Penn mostrou ter as mesmas crenças que o protagonista de Milk - A Voz da Igualdade. O ator foi veemente ao criticar a Proposta 8, emenda constitucional que proibia o casamento homoafetivo: "Sentem, reflitam e prevejam essa grande vergonha, a vergonha nos olhos de seus netos", disse o premiado ator, enfatizando a necessidade de "direitos iguais para todos".

    Direitos indígenas

    Marlon Brando se recusou a aceitar o Oscar de melhor ator por seu papel como Don Vito Corleone em O Poderoso Chefão. Em seu lugar, o ator enviou uma representante dos povos indígenas para fazer um discurso em seu nome, protestando contra o modo como os Estados Unidos e Hollywood, nos filmes e na TV, discriminavam os nativos americanos. Veja o discurso de Sacheen Littlefeather aqui.

    Crise de 2008

    Trabalho Interno ganhou o prêmio de melhor documentário, em 2011, ao denunciar a terrível crise econômica de 2008. Diretor do filme, Charles Ferguson usou o microfone para lembrar que "três anos após uma crise financeira horrível causada por uma fraude enorme, nenhum executivo responsável foi preso, e isso é errado". Verdade. E, infelizmente, os anos se passaram e muito pouco foi feito em termos de justiça. Ainda pior, Wall Street parece estar voltando a incorrer nos mesmos erros desse sombrio passado recente.

    Protesto ao Oscar

    Jorge Drexler foi impedido de cantar sua própria música, "Al otro lado del río", por conta da grotesca política comercial da AMPAS, que preferiu ter o ator Antonio Banderas e o músico Carlos Santana (conhecidos do público norte-americano) interpretando a canção do filme Diários de Motocicleta, de Walter Salles. Vencedor do Oscar, o cantor e compositor uruguaio apenas cantou o refrão de sua música e deu "tchau" para a Academia, num sutil, elegante, memorável protesto aos organizadores do Oscar.

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