Orson Welles foi um dos grandes atores da década passada, protagonizando filmes de peso como Cidadão Kane e A Marca da Maldade, além de dirigi-los e roterizá-los. Ele também participou de momentos polêmicos da história do radialismo, como a leitura ao vivo do livro A Guerra dos Mundos.
Hoje, Welles completaria 100 anos de idade. Para comemorar o centenário desse icônico astro, que tal relembrar momentos marcantes da carreira dele?
Nascido em 6 de maio de 1915 em Los Angeles, na Califórnia, George Orson Welles tinha o dom para muitas artes quando criança, como mágica, piano e pintura.
Após se formar no colégio em Illinois, Welles recusou ofertas de faculdade para fazer um tour com desenhistas pela Irlanda.
Welles tentou entrar para o teatro de Londres e da Broadway, mas não conseguiu e, então, viajou um pouco mais, visitando o Marrocos e a Espanha, onde chegou a participar de touradas.
Indicado por dois roteriristas e dramaturgos, Orson fez sua estreia nos palcos em Nova York, no ano 1934, com o personagem Tybalt na peça Romeu e Julieta.
No mesmo ano, ele se casou com a atriz Virginia Nicolson, com quem teve uma filha, dirigiu seu primeiro curta e fez sua estreia como locutor de rádio.
Em 1937, Welles fundou o The Mercury Theatre em Nova York juntamente com o ator e produtor John Houseman.
Um ano depois, os dois produziram o programa de rádio "The Mercury Theatre on the Air". Welles locutava, mostrando a sua voz forte e característica.
Em 30 de outubro de 1938, Welles narrou uma versão radiofônica do livro "A Guerra dos Mundos", de H.G. Wells. Era para ser uma travessura de Halloween, mas como o programa foi realizado no formato de boletins de notícias que interrompiam um programa musical, gerou pânico nos Estados Unidos, com muitos ouvintes acreditando que os eventos narrados eram realmente verídicos.
No dia seguinte, Welles divulgou um pedido de desculpas pelo ocorrido, mas devido ao grande número de processos que a CBS teve que enfrentar (inclusive de familiares de pessoas que tiraram suas vidas em pânico de um ataque marciano), Welles e toda a equipe foram demitidos.
O primeiro filme digirido, roterizado e protagonizado por Welles foi Cidadão Kane. O longa foi um fracasso de bilheteria na época, mas ganhou o status de cult e hoje é considerado um dos melhores filmes já feitos.
Apesar de sua reputação como ator e diretor, ele manteve durante muito tempo sua licença da Magician's Union, além de praticar periodicamente mágicas, assim poderia seguir adiante em uma carreira caso fosse impedido de continuar trabalhando no cinema.
Welles em um de seus truques de mágica.
Com 30 anos de idade, Welles visitou o Rio de Janeiro a fim de documentar o carnaval, o samba, as favelas e fazer uma propaganda contra o fascimos na América Central e América do Sul.
Na década de 40, no Brasil, a ideia de fazer a propaganda e filmar a cidade não deumuito certo, foi uma bagunça e a equipe ficou insatisfeita com o trabalho, dizendo que ninguém gostaria de ver "um bando de negros". Algo bastante racista, com a qual Welles não concordava.
Nos anos 40, sua carreira entrou em decadência: Welles não tinha muita influência no rádio, suas produções cinematográficas não eram bem recebidas pelo público, crítica e até mesmo pelos estúdios, mas, aos poucos, ele deu a volta por cima. Quando leu A Guerra dos Mundos no rádio, a América acreditara nele (errôneamente); Cidadão Kane fora um sucesso e agora ele precisava, aos poucos, conquistar o seu espaço. E conseguiu.
Em 1940, o artista se divorciou de Virginia Nicolson e, em 1943, se casou com a atriz Rita Hayworth, com quem ficou até 1948.
Rita Hayworth e Orson Welles tiveram uma filha juntos.
Em 1956, ele dirigiu, roterizou e estrelou A Marca da Maldade, lançado em 1958. Também foi um fracasso de bilheteria mas ganhou um prêmio na Feira Mundial de Brussels.
Em 1955, se casou com a atriz Paola Mori, com quem ficou até sua morte, em 1985, e teve uma filha.
Ele tentou realizar uma versão cinematográfica do livro Dom Quixote. As filmagens tiveram início em 1955 e seguiram até a década de 70, com grandes períodos de paralisação. Uma versão incompleta do filme chegou a ser lançada na Espanha, em 1992.
Muitos filmes e documentários foram feitos sobre a sua personalidade marcante e difícil de se lidar, incluindo Magician: The Astonishing Life And Work Of Orson Welles (ainda inédito no Brasil), Orson Welles e Eu e Orson Welles.
Welles digiriu cerca de 40 longas metragens, além de alguns curtas, roterizou mais de 50 filmes e atuou em mais de cem filmes, emprestando sua voz para alguns personagens em longas e desenhos animados.
Welles chegou a recusar fazer a voz do personagem Darth Vader em Guerra nas Estrelas. Ele tinha uma personalidade bastante difícil de se lidar.
Na década de 70 realizou uma sátira a Hollywood chamada The Other Side of the Wind estrelada por John Huston e Peter Bogdanovich. As filmagens chegaram a ser concluídas, mas problemas legais e também na sua pós-produção impediram que fosse lançado nos cinemas. O longa "perdido" está previsto para ser lançado ainda este ano nos Estados Unidos.
Welles possui uma estrela na Calçada da Fama, em Hollywood.
Orson Welles morreu de ataque cardíaco em 10 de outubro de 1985, deixando um legado para o cinema e para o mundo.