Nada de Fernanda Montenegro, Paulo Betti, Sandra Corveloni ou Deborah Secco. Selecionamos dez atores talentosos em início de carreira, que brilharam na tela entre os longas-metragens exibidos em competição no evento, a quem desejamos vida longa no cinema nacional. Para eles, mérde, como dizem os franceses.
Débora Ingrid (A História da Eternidade) Ela pode tirar onda. Desbancou Fernanda Montenegro (Infância) e Debora Secco - esta em seu melhor papel no cinema (Boa Sorte). Mas teve que dividir o prêmio de Melhor Atriz no 6º Paulínia Film Festival com suas companheiras de elenco, as veteranas Zezita Matos e Marcelia Cartaxo. Com elas, compõe o trio feminino central de A História da Eternidade, o grande vencedor do festival. Nada mal para a atriz de apenas 21 anos, em sua estreia em longas-metragens. Antes, ela havia participado do curta Doce de Coco, de Allan Deberton, selecionado para a edição 2010 do Cine Ceará.
Clarissa Pinheiro (Casa Grande) Quem comeu poeira, aqui, foi Sandra Corveloni (Palma de Ouro de Melhor Atriz no Festival de Cannes em 2008). Outra estreante no cinema, Clarissa Pinheiro, a atriz pernambucana de 31 anos, rouba as cenas em que aparece como a doméstica Rita, no segundo filme mais premiado do Festival, Casa Grande. Para o papel da empregada que é objeto de fetiche (e representa a liberdade) do menino rico, o diretor abriu mão do roteiro durante as filmagens, em várias cenas de Clarissa, tamanha a compreensão da atriz respeito do papel. E tudo flui com muito humor. O filme circulou o mundo antes de estrear em Paulínia (Roterdã, Nova York, Sydney, Buenos Aires, Seul, Toulouse, Copenhague, entre outros). Olha que, até então, ela só havia feito um curta, Corrente (2012), de Marcus Percinoto.
Thales Cavalcanti (Casa Grande) É ele o tal menino rico que vive no quarto da empregada arretada interpretada por Clarissa Pinheiro. Thales Cavalcanti é outro estreante. O diretor do filme, Fellipe Barbosa, o encontrou entre os alunos do Colégio São Bento, tradicional do Rio de Janeiro, onde boa parte da ação do filme, autobiográfico, se passa. Jean (Thales) tem 17 anos e, filho de pais superprotetores, tem que lidar com a derrocada financeira da família – e os conflitos das relações sociais de classes. Muito emocionado, o ator chorou quando foi apresentado pelo diretor antes da primeira exibição do filme no Brasil. Ele fez um belo trabalho no longa.
Bruna Amaya (Casa Grande) Depois que Jean (Thales Cavalvanti) passa a pegar ônibus para se deslocar para a escola, ele conhece a aluna do (colégio público) Pedro II, a mestiça Luiza. Quem interpreta a mocinha de Casa Grande é a novata Bruna Amaya, definida pela respeitada revista especializada Variety como “a real spark of brightness” – algo como uma faísca de claridade de verdade. (“Nem eu saberia traduzir isso”, brincou o diretor, que morou nos Estados Unidos, ao apresentar a atriz no palco do Theatro Municipal de Paulínia). Precisa dizer mais?
Bruna Amaya (Casa Grande) Depois que Jean (Thales Cavalvanti) passa a pegar ônibus para se deslocar para a escola, ele conhece a aluna do (colégio público) Pedro II, a mestiça Luiza. Quem interpreta a mocinha de Casa Grande é a novata Bruna Amaya, definida pela respeitada revista especializada Variety como “a real spark of brightness” – algo como uma faísca de claridade de verdade. (“Nem eu saberia traduzir isso”, brincou o diretor, que morou nos Estados Unidos, ao apresentar a atriz no palco do Theatro Municipal de Paulínia). Precisa dizer mais?
João Pedro Zappa (Boa Sorte) João Pedro Zappa fez alguns trabalhos na TV Globo, como a minissérie Cinquentinha e a série A Segunda Dama, que foi ao ar recentemente, e na qual viveu o filho problemático de Marali (Heloísa Périssé). Também estava em cartaz até pouco tempo no teatro, com a peça A Importância de Ser Perfeito. Já no cinema, até então, seu papel de maior destaque havia sido em um curta-metragem, Os Mortos-Vivos (2012), selecionado para o Cine Ceará. Em Boa Sorte, prêmio do público no Festival de Paulínia, ele vive um jovem de 17 anos que está começando a vida e se apaixona por Judite (Deborah Secco, 14Kg mais seca), uma soropositiva que já foi viciada em drogas e está com os dias contados. Apesar da temática pesada, a relação entre os dois é leve. E Zappa segura muito bem a onda.
Pablo Sanábio (Boa Sorte) Outro que se destaca em Boa Sorte, apesar do papel pequeno, é Pablo Sanábio. Em cartaz atualmente na minissérie O Rebu, da TV Globo, ele faz um maluco beleza no longa de Carolina Jabor. Egresso do teatro, onde comprou os direitos da montagem de Edukators, baseada no filme, ele também esteve no elenco do sucesso R&J de Shakespeare e produziu Incêndios, protagonizado por Marieta Severo. No cinema, atuou nos longas Meu Passado Me Condena – o Filme, VIPs e Sem Controle. Em Boa Sorte, é o coadjuvante que rouba a cena.
Eduardo Gomes (Sinfonia da Necrópole) Deodato. Guarde este, que é o nome do sensível aspirante a coveiro – que tem aversão a gente morta -, vivido com delicadeza pelo ator Eduardo Gomes no musical Sinfonia da Necrópole - também selecionado para a próxima edição do Festival de Gramado. O ator, que já é conhecido no meio teatral, tem firmado uma bela parceria com a diretora Juliana Rojas (Sinfonia), com o parceiro profissional dela, Marco Dutra (Quando Eu Era Vivo) e esteve também no elogiado longa dirigido em parceria pelos dois cineastas, Trabalhar Cansa, selecionado para a mostra Un Certain Regard, no Festival de Cannes 2011. Eduardo está simplesmente cativante no papel do guardião do cemitério, que ainda exigiu que ele cantasse em cena. Ele poderá ser visto no documentário experimental Pinta, de Jorge Alencar, sobre sexualidade.
Luciana Paes (Sinfonia da Necrópole) E Deodato não existe sem Jaqueline (Luciana Paes). Ao contrário dele, ela é durona, do tipo fatal, e foi tão bem encarnada pela atriz – outra revelação do teatro – que, no debate com a imprensa, no Festival, Luciana foi chamada o tempo todo pelo nome de seu personagem. Recentemente, foi destaque na novela Além do Horizonte e foi, até, parar no Domingão do Faustão, onde cantou no quadro Artista Completão. O humor involuntário de Jaqueline e a fisionomia almodovariana de Luciana conquistaram o público de Paulínia de cara.
Rômulo Braga (Sangue Azul) O teatro também foi (e talvez ainda seja) a primeira casa do ator Rômulo Braga. No palco, ele se destacou com as peças Aqueles Dois, que contou com direção coletiva da Cia Luna Lunera; e Trabalhos de Amor Perdidos, da Cia Lúdica dos Atores de Belo Horizonte. É ele quem faz o personagem do tio, no elogiado Mutum, de 2007. E Rômulo também já era conhecido de outros festivais. Passou por Tiradentes, com As Horas Vulgares; e Gramado (O que se Move). Em Sangue Azul, tem grande destaque, como Cangulo, o noivo de Raquel (Caroline Abras), que foi separada do irmão Zolah (Daniel de Oliveira). Está no elenco de O Sol nos Meus Olhos, ainda sem previsão de estreia.
Laura Ramos (Sangue Azul) O furacão cubano que responde quando alguém chama pelo nome Laura Ramos tem uma bela participação no filme de Lírio Ferreira. Graduada em artes cênicas na argentina, ela já havia participado de programas de TV e novelas na Espanha e na Colômbia. O Brasil não ficou de fora. Prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá por seu papel em Viva Sapato! (Luiz Carlos Lacerda), já havia trabalhado também com outro brasileiro, Wolney Oliveira. Em Sangue Azul, ela faz a dançarina do circo, amante de Zorah. Sorte de Daniel de Oliveira.