Estúdios de cinema que trabalham com o público infanto-juvenil precisam pensar duas vezes antes de produzir uma nova história, principalmente quando falamos de adaptações de famosos contos de fadas e narrativas folclóricas mais antigas, como as dos Irmãos Grimm ou Hans Christian Andersen.
O estúdio da Disney, por exemplo, que no início de seus lançamentos trabalhou com milhares de adaptações desses clássicos contos, sendo sua primeira Branca de Neve e os Sete Anões, que recentemente recebeu uma nova adaptação em live-action, teve que repensar novos enredos e finais alternativos para trazer essas histórias às telinhas, já que eles eram sombrios demais para qualquer um que fosse assistir, principalmente as crianças.
E claro que o AdoroCinema separou cinco deles para você conferir:
Enrolados (2010)
A adaptação de 2010, Enrolados, é considerada uma impressionante representação moderna do conto de fadas dos Irmãos Grimm, que trabalhavam de forma significativamente mais sombria.
No filme, acompanhamos Rapunzel (Mandy Moore), uma jovem que decide deixar a proteção de sua mãe Gothel (Donna Murphy) e da segura torre que sempre morou com Flynn Rider (Zachary Levi) e aventurar-se no mundo real pela primeira vez. No caminho, ela descobre segredos que revela sua verdadeira identidade.
Mas na história original dos Irmãos Grimm, o encontro entre o jovem casal segue uma narrativa mais macabra, já que quando a bruxa descobre o relacionamento secreto de Rapunzel com o príncipe, ela corta seu longo cabelo e a envia para a floresta.
Enquanto isso, quando o príncipe sobe pelos cabelos, é enganado pela bruxa e cai em um arbusto de espinhos, ficando cego. Essa abordagem certamente não seria do feitio da Disney.
A Pequena Sereia (1989)
A Pequena Sereia foi um sucesso em seu lançamento no ano de 1989, com aclamação da crítica e prêmios por sua história, animação e música. Mas a história original apresenta elementos muito mais funesto sobre a jornada da sereia para se tornar humana.
A trama de Hans Christian Andersen é frequentemente considerado um dos contos de fadas mais sombrios que existem, e a Disney teve que mudar muitos aspectos da história para se adequar à sua adaptação.
Uma delas se refere ao encontro de Ariel com a vilã Úrsula (Pat Carroll), diferentemente do filme, na narrativa original a bruxa corta a língua da sereia em troca de pernas humanas. Mais tarde, Ariel é forçada a assistir o príncipe se casar com outra mulher antes de pular no mar e se transformar em espuma.
O final da Disney provou ser mais popular entre os espectadores, quando Ariel (Jodi Benson) se casa com o príncipe Eric (Christopher Daniel Barnes) e vive feliz para sempre.
Mulan (1998)
Considerada uma das maiores personagens femininas do estúdio de animação, no filme de 1998, Mulan disfarçando-se de homem assume o lugar de seu pai no exército, já que ele se encontra doente e debilitado. Na aventura, ela faz de tudo para se tornar uma guerreira feroz e, ao final, mesmo sendo descoberta, traz honra à sua família ao salvar o imperador.
Mas na história original de Chu Renhuo, as coisas são bem mais realistas e trágicas. Mulan também se disfarça e passa muitos anos servindo ao exército antes de retornar à sua terra natal. Logo descobre que seu amado pai morreu e que sua mãe se casou novamente.
Ao fim, ela é obrigada a servir Khan em uma união estável. Não aceitando a situação, Mulan escolhe cometer suicídio, e não seguir esse destino. Dado o final sombrio da história de Renhuo, é compreensível porque a Disney quis dar à guerreira feroz um final mais feliz com Shang (BD Wong).
Branca de Neve e os Sete Anões (1937)
Branca de Neve e os Sete Anões marcou o verdadeiro início do sucesso de Walt Disney pois foi o primeiro conto de fadas adaptado para um filme de animação pela empresa e é considerado um dos melhores filmes já feitos, uma adaptação direta do conto de fadas dos Irmãos Grimm, mas a Disney teve que garantir que a história não iria traumatizar as crianças.
O destino da Rainha Má (Lucille La Verne) é bem diferente na história original. Enquanto no filme ela cai de um precipício, no conto dos Grimm, ela recebe uma punição muito mais severa por seus crimes: depois de interromper o casamento de Branca de Neve (Adriana Caselotti), a Rainha é ordenada a usar sapatos de ferro incandescentes e dançar com eles até cair morta.
Pinóquio (1940)
Pinóquio, lançado em 1940 como o segundo filme de animação da Disney, também foi aclamado pela crítica e é frequentemente listado como um dos melhores filmes de animação da história, é uma adaptação do famoso conto de Carlo Collodi.
Apesar de Pinóquio não ser a melhor referência de animação feliz, já que apresenta momentos tensos como a cena de Pleasure Island, onde Pinóquio e outros meninos se transformam em burros e são explorados por diversão, alguns aspectos mais sórdidos foram repensados pelo famoso estúdio.
Na história original, a consciência de Pinóquio, o Grilo Falante, é morta a marteladas pelo próprio boneco de madeira enquanto tentava dar conselhos ao fantoche. A Disney mudou esse aspecto da narrativa original e transformou o Grilo Falante na consciência leal e no amigo mais próximo de Pinóquio (Dickie Jones).