OZ. Nenhuma outra série dialogou tão profundamente com a realidade que eu vivi, nenhuma outra série me fez repensar tão profundamente sobre a essência dos meus atos e sentimentos. Isto porque eu já estive do lado de dentro - foram apenas 3 meses, mas o que eu vivi e aprendi nesse meio tempo equivale a anos de simples aproximação teórica. A experiência de dividir um espaço apertado com pessoas que, assim como eu, haviam fracassado em certo ponto da vida, muda totalmente a forma de se enxergar o lado de fora - o mundo e suas possibilidades. OZ é uma crítica feroz acerca da problemática que envolve o sistema - e não apenas o penitenciário, mas a todo o sistema, regido por leis, as quais são justas aos olhos do Estado, mas e quanto aos que são oprimidos por esse próprio Estado? É exatamente isso que OZ aborda com tanta maestria: a justiça não é cega, nunca foi e nunca será. A justiça sempre beneficiará o lado mais forte (afinal a corda sempre arrebenta no ponto mais fraco, não é?), portanto justiça nada mais é do que a decisão de um ou alguns indivíduos que, muitas vezes, estão ali por motivações políticas e não por mérito. Por pessoas que não estão interessadas no bem comum, pessoas egoístas, pessoas corruptas. Mas, a grande moral que fica (pelo menos para mim) desta grandiosa série, é que por pior que sejam seus feitos passados ou presentes, todo ser humano tem o direito de uma segunda chance; todo ser humano deveria ser tratado com dignidade, mesmo aqueles que estão presos, porque uma coisa é certa: ódio só gera mais ódio. A razão de existir de uma colônia penal é a reabilitação do indivíduo, mas com as condições que se encontra o sistema penitenciário, você acha que os presos saem reabilitados a viver em sociedade? Claro que não. Eles saem com mais ódio por tudo que são submetidos dentro das prisões, isto é, pela negligência e falta de controle do Estado, e esse ódio é o gatilho para a próxima atrocidade e, portanto, deveria ser intensamente combatido, mas a realidade é cruel; nada mudou desde o lançamento da série, há mais de duas décadas. Pelo menos não por aqui.