Minha nota é cinco estrelas de qualquer forma. A sacada é absurda de genial, pois começou como um CSI do fim do século XIX, sendo William Murdoch o oposto dos gênios das séries americanas (católico praticante, conservador, sóbrio, sério, abstêmio, um oposto de um House ou de um Grissom). Para criar complexidade e confronto com a época, não é a personagem principal, mas uma das protagonistas o amor de Murdoch, a bela Dra Júlia Ogden, de altos conhecimento e perícia como legista, que representa uma quase super-heroína do pensamento progressista (sufragista, defensora dos direitos das mulheres, dos homossexuais, dos métodos contraceptivos). Para criar amparo ao gênero policial, o honesto e temperamental Thomas Brackenreid, e um toque delicado e excelente de humor com George Cabtree, do tipo que você pensa se as Jennings não pensam numa série só para ele (por vezes, Jonny Harris rouba a cena com seus marcianos, duendes...). Também acho uma ótima forma de entender o funcionamento do pensamento conservador na América do Norte, bem como dos momentos históricos (levante dos Boxers, guerra dos Boeres, imperialismo...). Como (a certo ponto) baixa nota só o fato da falta de verossimilhança de tantos personagens históricos se reunindo na pouco desenvolvida Toronto (já passaram por ali Winston Churchill, Thomas Edison, Nikola Tesla, Emma Goldman, Mark Twain, Lucy Maud Montgomery... essa galera ia para Nova York, Paris, Londres...), além de uma rotatividade meio grande dos secundários (sinto falta do policial Jackson, das belas dras Rebecca James e Emily Grace, agora também do honesto Parker...). Nada disso entretanto reduz a sedução da série, que espero continue por muitos anos, ou então, com um desfecho a altura de toda a série... Parabéns aos produtores!!!