É inegável: depois de Seinfeld (1989-1998), Friends (1994-2003) é definitivamente uma das percussoras de sitcons. Acabando em 2002, a Warner Bros. precisava urgentemente de um novo sucesso implacável para por na sua grade de séries. Alguns anos mais tarde, em 2007, veio o piloto de The Big Bang Theory, que acabou sendo bastante aprovado e sendo assim ganhou uma temporada. A Warner Bros. havia conseguido enfim achar seu substituto para a clássica Friends. A pergunta que fica no ar é: será que a série de Bill Prady e Chuck Lorre é merecedora de todo esse sucesso que atravessa anos e se concretiza até os dias de hoje?
A série conta sobre dois físicos, Leonard (Johnny Galecki) e Sheldon Cooper (Jim Parsons) que dividem um apartamento. Quando uma nova vizinha, Penny (Kaley Cuoco) chega para ocupar o apartamento ao lado tudo muda pois Leonard tem agora como objetivo conquistá-la. Howard (Simon Helberg) e o indiano Raj (Kunal Nayyar) movimentam o grupo de cientistas.
The Big Bang Theory conta com todos os elementos para compor uma sitcom: o grupo de amigos, as risadas de fundo e a atmosfera de humor. O problema, em si, não está em seguir o padrão das sitcons, mas sim, em sua execução, tentar oferecer algo novo e fazer isso da forma mais exagerada o possível. Tudo está lá, só que num nível alto de exagero: a patricinha burra (Penny) e os nerds esquisitões. Sendo assim, a primeira temporada da série não consegue traduzir a imagem de seus personagens com fidelidade — mas talvez essa seja a proposta, afinal de contas.
Além desses fatores, as risadas de fundo não ajudam em absolutamente nada, já que as piadas e os momentos engraçados não têm absolutamente nenhum humor, fazendo com que as risadas do "público" se tornem artificiais — mais do que já são, acredite. As risadas também acabam tornando, consequentemente, a atmosfera da série bastante superficial.
E a cultura pop e o teor científico, que servem para pano de fundo da série, se tornam um elemento completamente inútil e descartável. Quando ambos os elementos estão presentes ou num diálogo ou numa piada, não possuem senso de humor/graça nenhum: o personagem diz algo relacionado ao científico ou a cultura pop e a reação do público, no máximo, só pode ser "ah, legal, eu entendi essa referência". E não precisa ser muito esperto para entendê-las: afinal, no geral são bastante simples e realmente nã possuem humor.
Porém, não é preciso ter um roteiro recheado de diálogos humorísticos para se obter uma excelente comédia — vide o recente A Espiã Que Sabia de Menos (2015) estrelado por Melissa McCarthy. Sendo assim, os roteiros dos episódios semanais de The Big Bang Theory são bons? Claro, aliás não se precisa de muito esforço quando se tem uma sitcom para se criar os roteiros. E, apesar do tom exagerado e de não contar com muita atmosfera humorística, a série consegue seu humor nos personagens: Leonard tentando conquistar a Penny; Raj sem conseguir falar com mulher alguma a não ser que beba; Howard dando em cima da Penny em todas as linguagens possíveis; e Sheldon personificando ao máximo a imagem do nerd esquisitão.
A abertura da série é bem composta tanto como música como a abertura em si, e talvez se torne um dos principais pontos altos da série em geral.
Além do fator exagero e das risadas de fundo desnecessárias, The Big Bang Theory cumpri com o propósito e afinal consegue se fazer um bom passatempo. Se torna um material marcante: não pelo seu bom produto, mas sim pelas inúmeras vezes que é reprisada. Assista sem compromisso, quando precisar matar o tempo, que com certeza valerá a pena.
Nota: 6.5/10