⚠ TEM SPOILERS ⚠
The Walking Dead: Dead City (1ª Temporada) 2023
"Dead City" é uma série criada por Eli Jorné (roteirista das séries "Wilfred", 2011, e "Son Of Zorn", 2016) para a AMC, baseada nos personagens originais de "The Walking Dead", Maggie (Lauren Cohan) e Negan (Jeffrey Dean Morgan). É a primeira sequência da série de televisão "The Walking Dead", e a quinta série da franquia "The Walking Dead", compartilhando continuidade com as outras séries de televisão.
A série segue Maggie e Negan viajando para uma Manhattan pós-apocalíptica isolada do continente em busca do filho sequestrado de Maggie, Hershel (Logan Kim).
"The Walking Dead" foi uma série que eu aprendi a amar desde o seu primeiro episódio lá no ano de 2010. Foi uma série que eu acompanhei religiosamente temporada por temporada, episódio por episódio, ano após ano, durante todo o seu ciclo. "The Walking Dead" foi uma série que revolucionou e influenciou a forma de se fazer séries, principalmente envolvendo o pós-apocalíptico e os zumbis. Foi uma série que trouxe os melhores e mais bem feitos zumbis da história da televisão. Foi uma série que teve um gigantesco impacto e fez um sucesso estrondoso. Foi uma série que teve uma influência direto na cultura Pop, se tornando um verdadeiro marco na história dos seriados de TV.
Eu sou um verdadeiro fã da série e a coloco no hall das melhores séries de todos os tempos.
No dia 20 de novembro de 2022 eu fiquei órfão da série, e foi um dia muito triste para mim, pois ali terminava uma vida de longos 12 anos de uma série que é simplesmente a segunda melhor série da minha vida. No entanto, nem tudo estava perdido naquele dia, pois no final a série nos apresentou cenas que abria espaço para os próximos passos da franquia, agora apostando nos Spin-off. E hoje estamos diante dos Spin-off da série "The Walking Dead"; "Dead City", "The Ones Who Live" e "Daryl Dixon".
Realmente eu achei uma excelente ideia em apostar nos Spin-off da série, o que também mostraria como estava às vidas dos principais personagens da série após o término da mesma, e daria continuidade ao eterno universo de "The Walking Dead". Em "Dead City" a premissa por si só já é extremamente interessante, pois a série junta simplesmente uma das maiores (se não for a maior) rivalidades de toda a história de "The Walking Dead". Estamos falando de Maggie e Negan, que pra quem acompanhou conhece muito bem a causa dessa rivalidade, e com razão, diga-se de passagem.
A Maggie é uma personagem que está desde a segunda temporada na série, que assim como vários personagens de "The Walking Dead", ela também foi amada e em certos pontos odiada. Eu sempre gostei muito da Maggie (apesar que no início eu amava mais a sua irmã, a Beth, interpretada magistralmente pela linda e talentosa Emily Kinney), porém em várias temporadas eu questionei bastante as suas decisões. Já o Negan entrou na série simplesmente como o maior vilão de todo o universo de "The Walking Dead", e não era pra menos, visto tudo que ele causou no grupo do Rick (Andrew Lincoln), e principalmente para a Maggie. E aqui entra um ponto muito interessante dentro da série "The Walking Dead", o fato do Negan passar de o vilão mais odiado da história da série para um personagem amado nas últimas temporadas. Eu mesmo questionei bastante essa minha motivação de começar a adorar o Negan, principalmente na temporada da Alpha (Samantha Morton).
Toda essa rivalidade sempre esteve presente entre Maggie e Negan, principalmente a sede de vingança por parte dela, fato que era exibido por ela sempre que ela tinha uma oportunidade de se vingar dele (temos até um diálogo em forma de embate entre eles na última temporada da série "The Walking Dead" que contextualiza bem isso). Dentro desse contexto, a série "Dead City" coloca novamente o Negan no caminho da Maggie quando ela decide pedir a sua ajuda para resgatar o seu filho que foi levado pelo Croata (Željko Ivanek), um antigo comparsa do quartel do Negan.
O primeiro episódio já inicia com a nossa Maggie em um ato de extrema fúria espancando a cabeça de um zumbi. A partir daí vamos nos inteirando na série, como o fato da comunidade de sobreviventes liderada pela Maggie que se mudou da Virgínia para Nova York. Já o Negan, que obviamente é o ex-líder dos Salvadores, ao final da série principal havia ido embora com sua esposa grávida na intenção de construir uma vida juntos. Porém isso não deu certo, já que sua esposa foi morta. Atualmente o Negan é um fugitivo da Federação da Nova Babilônia, que está sendo caçado pelo policial Perlie Armstrong (Gaius Charles) por ter matado várias pessoas. Inclusive, é nesse ponto que entra a Ginny (Mahina Napoleon), que inicialmente ela decide ficar muda por um grande trauma que ela sofreu pela morte de seu pai. Pai este que no fim o próprio Negan revela para ela que foi ele que matou, já que a Ginny ficou com o Negan após a morte de seu pai. Ou talvez não né, talvez o Negan revelou isso para ela só pra ela ir embora e deixá-lo em sua missão, já que de fato ele não poderia levá-la.
Devo mencionar que o roteiro da série é bom, pois toda essa ideia de usar O Croata como o vilão da temporada que raptou o filho da Maggie, quando na verdade descobrimos que tudo não passou de um acordo entre a própria Maggie e O Croata, para que ela levasse o Negan para ele e assim ele devolvia seu filho. E aqui entra dois pontos: O Croata sempre manteve uma certa rivalidade com o Negan desde a época em que ele era o membro sádico dos Salvadores, e eles tinham suas contas para acertarem. Atualmente O Croata é o líder dos Burazi, um grupo de sobreviventes hostis que assumiram o controle de Manhattan. O outro ponto é justamente o ataque que O Croata fez a Hilltop levando o filho da Maggie, já que dessa forma ele usaria o próprio filho dela para fazer que ela levasse o Negan até ele, já que ele sabia da rivalidade entre os dois e que a Maggie convenceria o Negan a ajudá-la no resgate de seu filho.
Como já mencionei, a ideia da série é boa, já que ela coloca frente a frente dois eternos rivais para nos convencer que ele formaram uma improvável dupla e estão atuando juntos em prol de uma causa maior. Dessa forma vamos novamente remexer no passado de ambos, vamos reviver lembranças, dores, traumas, decepções, ódio, vingança e traição. Vamos mergulhar novamente entre as diferenças de ambos os personagens, nos submundos de suas mentes, de suas ambições, de suas projeções, de seus desejos. Nesse ponto a série funciona muito bem, já que o tempo todo ela é pautada na rivalidade entre Maggie e Negan, e mesmo que inicialmente estamos vendo a formação daquela improvável dupla, porém jamais vamos nos convencer da veracidade disso, sempre vamos manter um pé-atrás. O próprio Negan já desconfiava o tempo todo desse plano de resgate da Maggie, quando ela veio pedir a sua ajuda. Tanto que quando tudo é revelado ele não não se impressiona, pois é fato que na sua mente ele já sabia de tudo - o Negan sempre foi uma pessoa extremamente inteligente e safa.
Por outro lado a série peca em alguns pontos, como o fato do desenvolvimento de episódios. Sim, temos um grande material sobre o embate entre Maggie e Negan, porém eu vejo que a série se alonga em alguns pontos dentro dos episódios que soa desnecessário, algo como esticar os episódios, e olha que a temporada tem somente 6 episódios, o que por si só já é uma série com um número de episódios fora do convencional. Acredito que o foco na trama central envolvendo a Maggie, o Negan e O Croata funciona, como já mencionei anteriormente. Porém, acredito que os personagens secundários foram mal desenvolvidos dentro do contexto principal da série. Como no caso da Ginny e o marechal Perlie. Acho que eles tinham potencial porém não foi bem explorado, talvez em uma próxima temporada, quem sabe.
Já na questão de cenários, ambientação, cenografia, fotografia e trilha sonora, acredito que foi bem desenvolvido. De qualquer forma temos ali uma espécie de Nova York pós-apocalíptica, que atualmente exibe os seus perigos, as suas leis, o seu terror, onde temos um mundo em que a anarquia impera. Isso funciona bem na série. Porém, acho que poderiam ter explorado mais a cidade em si, como os próprios cenários infestados por zumbis, onde temos aquela parte onde a Maggie enfrenta uma espécie de mutação de zumbis, que são vários corpos de zumbis interligados, algo que me lembrou o jogo "The Last Of Us".
Sobre o elenco:
A Maggie e o Negan carregam a série nas costas, obviamente. E tudo se dá exatamente pela Lauren Cohan e o Jeffrey Dean Morgan, que são dois dos principais rostos do universo de "The Walking Dead". A Lauren mantém a mesma postura da sua personagem que terminou a série principal, sendo a representatividade de uma mulher forte, aguerrida, decidida, destemida, que enfrenta tudo e todos em busca dos seus objetivos, ainda mais quando esse objetivo é seu filho. Por outro lado vemos uma certa pressão e vulnerabilidade nela quando se trata do seu difícil relacionamento com seu filho. Já o Jeffrey é um poço de simpatia e carisma. É impressionante como ele é um ator versátil, inteligente, carismático, com um timing e uma veia cômica absurda. O Jeffrey deu todo o seu talento ao performar em um personagem que é visto inicialmente como um vilão odiado por todos, e logo após passa a conquistar o amor de todos esses que o odiaram. É realmente impressionante, eu não me lembro de outro personagem que fez essa passagem e transformação dentro de um personagem como o Jeffrey Dean Morgan fez com o Negan.
Do resto do elenco vale destacar o Željko Ivanek, pois ele conseguiu dar o timing perfeito na pele do Croata, sendo um personagem frio, letal, calculista, sádico, sendo aquele típico personagem em que a gente olha e realmente vê ali um certo nível de vilão.
Como já mencionei anteriormente, os personagens Ginny e Perlie não foram bem aproveitados, mas a atriz Mahina Napoleon e o ator Gaius Charles foram bem de acordo com o que o roteiro pedia de seus personagens.
Recepção crítica:
O Rotten Tomatoes relatou um índice de aprovação de 80%, com uma classificação média de 7,2/10, com base em 54 resenhas críticas. O Metacritic atribuiu uma pontuação de 57 em 100, com base em 9 críticas.
A primeira temporada de "Dead City" estreou em 18 de junho de 2023. Em julho de 2023, foi renovada para uma segunda temporada.
Falando sobre o último episódio da série:
Temos toda a revelação entre a Maggie e o Negan, o que culmina em uma bela cena de embate entre os dois. Logo a Maggie entrega o Negan para O Croata, selando assim o acordo que eles tinham e seu filho é devolvido. Um fato curioso, é que logo após o Negan está frente a frente com a "The Dama" (Lisa Emery), uma senhora idosa, estranha, sombria, intrigante, que podemos considerar como uma aliada próxima do Croata. Eu ainda não entendi perfeitamente todas as motivações dessa personagem na história, mas podemos considerar como uma personagem que será muito importante na próxima temporada, ainda mais considerando aquela revelação sobre ter cortado o dedinho do pé do Hershel e ter guardado em uma caixinha. Se eu pudesse apostar, apostaria que o Negan fará a vingança sobre o Hershel com esta senhora, algo como ele fez com a Alpha. O velho Negan não morreu, só está adormecido. Também acredito que na próxima temporada teremos a volta daquele Negan brutal e letal, como já vimos algumas vezes.
No mais, "The Walking Dead: Dead City" é um bom Spin-off de um dos maiores universos de séries de todos os tempos, que acerta ao trazer o embate de dois dos principais personagens da série, prolongando ainda mais toda a rivalidade entre eles. Acredito que a série peque em alguns pontos aqui e acolá, mas que é entendível, até porque para construir a história principal e dar o seu devido foco é preciso compor histórias paralelas de personagens paralelos dentro de todo o contexto, por mais que no meu ponto de vista faltou um melhor desenvolvimento. Mas no fim o saldo é mais positivo do que negativo, onde eu como um eterno fã do universo de "The Walking Dead" fiquei satisfeito com este Spin-off, que mantém vivo e prolonga a história de uma série que eu amo de paixão.
- 30/04/2024