“Gêmeas: Mórbida Semelhança é uma serie traumatizante, e absurda demais e entrega algo bem diferente de que estamos acostumados nos dias de hoje”
Gêmeas: Mórbida Semelhança é um remake do filme Gêmeos: Mórbida Semelhança (1988) do diretor David Cronemberg que muitos consideram esse longa um clássico. Sempre ao fazer um remake de uma obra deve-se ter coragem e um enorme cuidado, por muitas pessoas já conhecerem a história que será contada, ou seja, tem que trazer algo novo ao mesmo tempo em que se deve respeitar a obra original. Os remakes são algo constante no mercado audiovisual e pode- se dizer que eles são ou muito bons ou muito ruins. Essa série se enquadra nos Muito bons.
Qual a história de Gêmeas Mórbida Semelhança?
Gêmeas - Mórbida Semelhança reimagina, em formato de minissérie, o longa-metragem Dead Ringers (1988) do diretor David Cronemberg para os dias de hoje. As gêmeas Beverly e Elliot Mantle ambas interpretadas pela Rachel Weisz - são renomadas cirurgiãs que compartilham tudo: desde a profissão até amantes e drogas. Na missão de romper as barreiras do patriarcado na medicina e revolucionar os métodos de parto e saúde feminina, elas desenvolvem um novo método de cirurgia ginecológica e obstetrícia. Altamente investidas na empreitada, elas testam os limites da ética médica e acabam se envolvendo em tensões profissionais, psicológicas e sexuais.
A série nos traz uma história um pouco diferente, sendo traumatizante e absurdo, algo pouco visto nos dias de hoje. As personagens gêmeas apesar de apresentarem características físicas idênticas, as características emocionais são diferentes, assim como seus cárteres. Essa contradição entre elas é algo bacana e muito bem desenvolvido trazendo aspectos diferentes do caráter de cada uma. Beverly é a certinha e faz tudo de um jeito ético e seguro. Já a Elliot é a antiética, se arrisca e em certo momento vira tóxica e cai em um poço sem saída devido as suas ações. Elliot é a personagem mais interessante da série. O Roteiro desenvolve muito bem a jornada dela até ela se afundar e arruinar a própria vida fazendo o espectador entender suas ações. O Final da temporada é traumatizante e surpreendente e não deixa muitas pontas soltas tendo um final claro. O arco narrativo da personagem Greta( Poppy Liu) é bem sem graça e não faz sentido para a história somente deixa o espectador confuso.
As locações da série são a casa das gêmeas, restaurantes caros, hospitais e a clínica das irmãs. A casa é um apartamento pequeno, como elas moram juntas e ninguém mora com elas, não é necessário um apartamento maior. A presença de restaurantes caros fazem sentido estar presentes por as gêmeas precisarem que alguém financie a clínica delas e para isso elas se encontram com pessoas ricas para fazer um acordo para financiamento. A clínica é um lugar chique e enfeitado e tem vários laboratórios, Isso mostra que elas receberam um bom financiamento.
Os figurinos do filme são bons. Enquanto as irmãs gêmeas estão na clínica delas, elas usam vermelho que chamam atenção. faz sentido ser vermelho indicando energia, desejo, força e amor. As roupas indicam que elas conseguiram o que elas queriam que era ter a sua clínica. As roupas que as gêmeas usam quando não estão na clínica são roupas tradicionais, mas cada uma usa um estilo diferente. Enquanto Elliot usa roupas mais bem arrumadas e charmosas, Beverly usa roupas mais formais e é um pouco menos arrumada e estilosa. Os diferentes usos de figurino das irmãs é uma sacada bacana que mostra que apesar de elas serem idênticas a personalidade delas e o estilo são diferentes.
A série tem uma iluminação escura, as vezes até demais. Em alguns momentos o espectador não consegue ver direito. A iluminação escura faz sentido para a narrativa, já que ela é sombria e a fotografia ajuda a tornar mais sombria, mas em certos momentos há um exagero de escuridão em que não vemos direito. Essas cenas tinham que ter sido um pouco mais iluminadas, assim a fotografia teria ficado perfeita.
A serie flui bem entre as cenas. A edição consegue imprimir um bom ritmo. Temos cortes mais demorados, isso faz com que a série não fique muito rápida e sim no ritmo ideal.
Os sons na temporada são bem utilizados principalmente a trilha sonora que é o principal destaque e ajuda a destacar momentos de tensãos, dramáticos e emocionais.
A atuação de Rachel Weisz é simplesmente magnífica. Apesar de ela interpretar duas personagens que são gêmeas, elas tem personalidades diferentes. Rachel Weisz conseguiu trazer para a tela essas duas personalidades de um jeito muito bom, onde em nenhum momento as personalidades se misturam. Temos cenas onde há a interação entre as gêmeas, então ela teve que conseguir criar uma interação entre duas pessoas interpretando as duas.
Durante a temporada tivemos vários diretores, mas todos os episódios conseguiram ficar com uma cara parecida e com uma linguagem semelhante. A direção da série em geral é boa. Os diretores conseguem pegar um roteiro complicado e fazer algo em que o espectador entenda e ainda consegue ter uma boa leitura trazendo enquadramentos muito bons e que fazem sentido com a narrativa e a utilização de a câmera começar longe dos personagens e ir se aproximando quando a cena se tornava mais intima e emocionante. Essa sacada foi sensacional e fez nas cenas intimas e emocionantes melhores e fazendo o espectador pode se conectar com os personagens na tela.
Essa série consegue respeitar a obra original e ao mesmo tempo traz algo totalmente novo e inesperado. Apesar da série ser ótima haverá muitas pessoas que não vão gostar porque é algo diferente do que estão acostumados e há momentos em que elas ficaram confusas e muitas pessoas hoje em dia querem obras em que tudo seja claro e redondo e não tenha que pensar.