O espanto que Fallout tem causado, nos fãs do gênero fílmico e games, tem uma explicação. A série é cinema, não é game, por isso não podemos chamar de "adaptação". Adaptação talvez seja o que realizaram antes outras propostas, unicamente interessadas que os jogadores reconhecessem, em outro produto cultural, seu objeto de desejo, investido em tantas horas de jogo. Fallout, assim como The Last of Us, vão mais fundo, provando que game designer não é roteirista, é um outro profissional que tem sua importância, no universo dos jogos digitais, em construir uma boa modelagem. Construir narrativas é pra quem sabe mesmo e o cinema já provou, neste aspecto, quando quer, que é a Sétima Arte faz tempo. Fallout filme entrega uma história densa, redonda, usando tudo aquilo que o cinema proporciona em imagem, dinâmica dos tempos narrativos, efeitos especiais, planos, fotografia, figurinos, direção de arte, maquiagem, cenários etc etc etc e, principalmente, sem dúvida alguma, na atuação de seus atores, o que o game não faz, pelo menos por enquanto… Vamos e venhamos, Walton Goggins já merece um Oscar. Haja carisma!!! Não satisfeito com seu bombardeio técnico artístico, Fallout filme ainda traz no seu bojo o próprio game, quando determina objetivos nos episódios, quando homeopaticamente vai apresentando seus vilões e, assim, consegue seu maior intento, resgata a vontade de voltar ao jogo e estimula novos usuários!! Enfim, Fallout filme coroa a convergência cultural, o que Henry Jenkins, em seu livro, tão bem nos apresenta: os vários produtos, em várias linguagens, que se complementam entre si, a partir de uma mesma narrativa. Que Fallout abra caminho para outras produções fílmicas por mim, e muitos, esperadas: Misty, Half Life, Bioshock, Heavy Rain, Beyond two souls…