Maid
EUA, 2021
Minissérie, Netflix
A sofrida Alex tem de lidar, habitualmente, com as adversidades e vicissitudes, que sua rotina irregular lhe impõe.
Oriunda de um lar disfuncional, ela luta para dar a sua filhinha, a adorável Maddy, uma vida diferente da que leva, até então.
A única com quem conta, é Paula. Sua mãe. Bipolar não diagnósticada e encarcerada num mundo de fantasia e solidão.
Para agravar ainda mais o quadro, Sean, o marido alcóolatra e descontrolado, não dá paz a Alex e Maddy.
Alex, por outro lado, não compreende num primeiro momento, a profundidade das hostilidades diárias que sofre: de suas empregadoras, colegas, mãe e ex marido. Não é violência física. É violência psicológica e mental. Dói tanto ou mais que um tapa. Dilacera e destrói tal qual um corte no corpo.
Só com o tempo, ela capta, o quão adversa sua vida é.
Enquanto rememora sua origem pregressa, busca compreender, com as poucas lembranças que tem, seu histórico problemático.
Após um evento assustador, vivido numa das casas em que trabalha, seu passado traumático junto a mãe, vem à tona. E traz compreensão e lucidez acerca de sua infância ao lado do pai, violento com Paula.
Com limitada experiência profissional, encara os piores trabalhos domésticos em busca de sua sobrevivência e de Maddy.
Os mais próximos desencorajam e desestimulam suas ações. E torna-se cada vez mais difícil, continuar. No fundo, infelizmente, as pessoas que cercam a personagem são vulneráveis e frágeis, como ela. Estão enredadas também, numa teia de violência física, verbal, moral e emocional. Ao ponto de, retroceder ou estagnar, parecer ser mais coerente que prosseguir. O lugar conhecido, mesmo que penoso, é equivocadamente seguro.
É um trabalho de desconstrução de laços, posturas viciadas e preconceitos. Bastante difícil de romper. E só quem vivencia isso é que sabe. Nossa heroína que o diga. Entre tropeços, recaídas e retrocessos, ela vai e volta nas posições e decisões.
Com o avançar dos acontecimentos e contato com toda espécie de gente, que trazem para ela, reflexões inimagináveis, Alex amadurece e adquire coragem e confiança, gradualmente.
Há, em sua tumultuada existência, um honesto apoio do abrigo, em que ela procura ajuda. Este é, um dos poucos alívios dessa triste história. A doce Maddy é sem dúvida nenhuma, o sol que ilumina a saga sombria.
O ciclo de desalentos cotidianos é constante e Alex padece, mas segue em frente.
O reencontro com uma patroa, antes antipática e agora sinceramente simpática, traz novas esperanças. Pois o desafio seguinte é duríssimo: enfrentar, no tribunal, Sean e obter a guarda unilateral da filha.
Paralelamente, seu talento para escrita floresce, e é possível vislumbrar, luz no fim do túnel.
A trajetória de Alex, aponta enfim, para um desfecho feliz.
A minissérie Maid merece cada lágrima derramada, ao longo da narrativa: Nua, crua, pungente e emocionante.