O que mais me interessou na série não foram as cenas de nudez e sexo, até porque nos primeiros episódios há um certo exagero desnessário dessas cenas. O que mais me manteve ligada foi o drama emocional e psíquico da personagem principal, Billie, uma mulher na perto dos 40 anos com dois filhos e um marido quase perfeito, não fosse o fato que ele vive para o trabalho e não demonstra muito interesse na vida da esposa, para além do sexo inexistente, que é outra questão no casamento deles. Billie interrompeu seu PhD e seu trabalho para dedicar-se aos filhos, só que essa imersão exaustiva, solitária e invisível (ela tem uma bebê de colo que mama no peito ainda) na criação dos filhos a faz fantasiar que a vida que levava antes era melhor e mais interessante. Ela passa a expor no seu diário suas fantasias, suas memórias, suas faltas.
Ela está no campo da fantasia, relatando para si mesma a sua falta, a sua insatisfação, a sua solidão. O problema começa com seu marido lendo o seu diário (em nenhum momento isso é questionado) e com o ex ressurgindo depois de oito anos.
O que vemos é um ex que teve um comportamento perto do abusivo com Billie, uma relação de idas e vindas e traições e que volta justo no momento em que ela parece mais confusa e frágil (a cena em que ele se filma fazendo sexo com a melhor amiga dela é prova de que ele não mudou tanto assim). Além disso, o bom marido não é tão bom assim, pois as primeiras cenas mostram que ele não conversava com a esposa, não se interessava pela rotina dela, nem a procurava para um carinho ou sexo. Só depois de ler o diário dela que ele fica obcecado, não em melhorar como parceiro, mas em superar o ex, numa competição mental de egos e performance sexual (as cenas na academia são perto do ridículo).
Ela errou também, ao não bloquear o ex, ao performar aquele jantar constrangedor e ao sair correndo no final em busca de uma terceira via, a via que comporta o seu desejo sexual por Brad e seu casamento. Só que essa corrida para o Brad logo depois do teatro do filho foi um tanto quanto nonsense.
E, de novo, o marido "quase perfeito" invade a privacidade da protagonista (sejamos justos. a atriz não atua mal. isso é intriga dos patrulheiros da moral que só tacam pedras nas Genis) ao rastrear sua esposa e ainda aparece a Francesca, sua chefe, como a opção de consolo, pois ele parece não ter desejos fora do trabalho, então, para o marido, não há terceira via, apenas prêmio de consolação.
Hoje foram muitos adjetivos e spoilers...E já me adianto nas desculpas. A série vale ser vista com um olhar menos julgador.