The Dropout
'The Dropout' é uma minissérie original Star Plus criada por Elizabeth Meriwether (conhecida por criar o seriado New Girl da Fox), baseada no podcast "The Dropout" apresentado por Rebecca Jarvis e produzido pela ABC News. A minissérie acompanha a história real de Elizabeth Holmes (interpretada por Amanda Seyfried), uma jovem empresária que anunciou ter descoberto uma forma revolucionária de analisar exames de sangue. Mas tudo não passava de uma grande fraude, pois acompanhamos da ascensão à queda da empresa de biotecnologia Theranos e sua fundadora Elizabeth Holmes. A minissérie estreou na plataforma de streaming Hulu em 3 de março de 2022.
Temos aqui umas das melhores minisséries do ano, pois de fato 'The Dropout' transita por toda a jornada de Elizabeth Holmes, desde a sua infância passando pela sua adolescência até chegar em sua vida adulta, nos evidenciando a sua ascensão no Vale do Silício e como ela teve a audácia em conseguir enganar vários investidores milionários, várias indústrias farmacêuticas e toda uma população norte-americana. Uma jovem com apenas 19 anos que decidi largar a faculdade de engenharia química de Stanford para fundar o laboratório de exames de sangue Theranos, tornando-se sua diretora executiva. Theranos foi uma empresa americana de serviços de saúde-tecnológica e médico-laboratorial privada sediada em Palo Alto, Califórnia.
A história da vida de Elizabeth Holmes é incrivelmente louca!
Uma jovem bilionária que era considerada como um ícone, como uma grande influencer, uma grande empreendedora, que muitas vezes era comparada com figuras ilustres como Bill Gates e Steve Jobs (ela mesmo afirmava que se inspirava no Steve Jobs, ela queria ser um novo Steve Jobs). Holmes não era formada, não era médica, não tinha PHD, não era química, o que nos deixava ainda mais intrigados com a sua história, pois de fato ela agia apenas como o uso da persuasão, ela era extremamente persuasiva. E nisso temos que concordar, pois Holmes era uma mulher extremamente inteligente, completamente convincente, extremamente habilidosa, muito visionária, idealista, astuta, hábil e sagaz. Holmes era vista com o símbolo do progresso feminista, como o símbolo do empreendedorismo feminino.
Porém, temos um conto que deu terrivelmente errado. Como a bilionária mais jovem do mundo perdeu tudo em um piscar de olhos? De fato a jornada da vida de Holmes vai do céu aos infernos, ao fundo do poço, literalmente. A minissérie aborda com muita maestria um misto de fraudes, de ganância financeira, de falta de profissionalismo, de falta de ética, do uso da manipulação indevida, nos evidenciando e nos elucidando como a vida de Holmes foi mergulhada no drama, na tragédia, na ambição, na decepção amorosa, nos golpes e nas traições. De fato a vida de Elizabeth Holmes foi uma grande catástrofe, um grande colapso, pois hoje em dia ela foi condenada pela Justiça da Califórnia por fraude eletrônica e conspiração para fraude.
Amanda Seyfried (a inesquecível Cosette de Os Miseráveis) é a alma e o coração da minissérie, nos entrega um dos melhores trabalhos de toda a sua vida. Holmes caiu como uma luva para Seyfried, pois de fato a semelhança entre elas era absurda, em seus trejeitos, em seus olhares, em suas expressões, em seu modo de se portar, de falar, de discursar, de agir, tudo muito crível e com uma verossimilhança perfeita. Seyfried não interpretou ela incorporou a Holmes, pois tudo que ela trazia para a sua atuação só nos elucidava o quanto ela estudou a personagem e o quanto ela se entregou nesse projeto. Como o fato dela sempre se manter naquela postura inabalável, enrijecida, mesmo com o mundo desabando em suas costas. Aquela expressão sádica e maquiavélica, sempre estática e praticamente sem piscar os olhos, só fazendo movimentos com a cabeça. Seyfried nos passava o tempo todo uma figura excêntrica, letal, em alguns momentos era mais eufórica e sociável, em outros mais introspectiva e completamente tensa. Realmente devo aplaudir de pé o trabalho impecável entregue pela Amanda Seyfried personificando a Elizabeth Holmes.
Ainda tivemos ótimas participações na minissérie: como o ótimo ator Naveen Andrews (o Sayid de Lost) que deu vida ao Sunny Balwani. Sunny era o relacionamento amoroso de Holmes, que ficava sempre encoberto, e depois entrou de cabeça no projeto fraudulento com ela. Ótima a atuação de Naveen Andrews, cujo os primeiros episódios ele esteve mais comedido, mas logo em seguida sua atuação cresce muito e ao final ele já é tão parte da história como a própria Holmes.
William H. Macy (o avô bizarro de O Quarto de Jack) como Richard Fuisz - uma peça importantíssima que englobou boa parte da história.
Camryn Mi-Young Kim que fez a Erika Cheung - uma personagem muito interessante que começa descobrir às falcatruas da Theranos.
Dylan Minnette (o Clay Jensen de 13 Reasons Why) como Tyler Shultz - outro personagem que engrandeceu ainda mais o rumo final de toda a história.
Stephen Fry (da trilogia O Hobbit) como Ian Gibbons - que teve uma importante participação e colaboração nos planos iniciais de Holmes, e logo após foi escanteado, enfrentando severas consequências.
Entre vários outros atores/atrizes que estiveram muito bem na minissérie. De fato 'The Dropout' teve uma bela escolha de elenco, desde a sua protagonista até o núcleo coadjuvante.
'The Dropout' é uma minissérie muito bem dirigida por Michael Showalter, que recentemente dirigiu de forma brilhante a cinebiografia "Os Olhos de Tammy Faye". A trilha sonora é ótima, pois a mesma transita com maestria entre os hits Pops de sucessos dos anos 90 e 2000. A minissérie é muito bem pensada e muito bem elaborada, possui um roteiro bem eloquente, que sempre nos enfatizava com às mais diversas surpresas em cada um dos 8 episódios. Destaques também para todo o trabalho de cenografia e direção de arte, pois o mesmo acompanhou com muita veracidade cada virada de época, sempre se reinventando ao nos apresentar os cenários, os objetos de cena, onde cada detalhe era importante.
'The Dropout' é uma ótima minissérie, que nos traz uma história formidável sobre ambição, traição, golpe e tragédia, que explicita e escancara uma forma bizarra do ser humano em conseguir de qualquer jeito alcançar o Sonho Americano.
Eu posso apostar que 'The Dropout' vai aparecer nos festivais de premiações no próximo ano. Assim como a própria Amanda Seyfried, por nos entregar uma performance completamente memorável.
Uma boa história gera emoções e as pessoas são afetadas por emoções, pois pessoas emocionadas fazem grandes investimentos que nem sempre será lucrativos - este era o lema que movia a vida de Elizabeth Holmes! [24/05/2022]