Mare of Easttown
Mare of Easttown é uma série limitada de drama criminal americana criada por Brad Ingelsby para a HBO. Dirigida por Craig Zobel e escrita por Ingelsby, a série estreou em 18 de abril de 2021 e foi concluída em 30 de maio de 2021, composta por sete episódios. É estrelado por Kate Winslet como a personagem-título, uma detetive investigando um assassinato em uma pequena cidade perto da Filadélfia. Julianne Nicholson, Jean Smart, Angourie Rice, Evan Peters, Sosie Bacon, David Denman, Neal Huff, James McArdle, Guy Pearce, Cailee Spaeny, John Douglas Thompson e Joe Tippett aparecem em papéis coadjuvantes.
A série foi aclamada pelos críticos, que elogiaram sua história, personagens, atuações e representação das mulheres. A série recebeu 16 indicações no 73º Primetime Emmy Awards e ganhou quatro, incluindo Melhor Atriz Principal para Kate Winslet, Melhor Ator Coadjuvante para Evan Peters e Melhor Atriz Coadjuvante para Julianne Nicholson. No Globo de Ouro a série foi indicada em Melhor Série Limitada, Série Antológica ou Telefilme, e levou a estatueta por Melhor Atriz para Kate Winslet. No SAG's a série está indicada a Melhor Ator em Minissérie ou Filme para TV para Evan Peters, Atriz para Jean Smart e Kate Winslet, e Melhor Elenco de Dublês em Série de TV.
Mare of Easttown aborda e adentra em vários pontos como o drama, o suspense, a investigação policial, a desconstrução, a descaracterização e a humanização dos personagens. A série funciona perfeitamente ao nos relatar um marcante drama familiar com bastante autenticidade e veracidade, ao nos confrontar diretamente com todos os acontecimentos que permeia todos os conflitos familiares de Mare Sheehan (Winslet). Nesse quesito a série é completamente fantástica e satisfatória, ao abordar uma protagonista que está vulnerável, deprimida, amargurada, ressentida, infeliz, perdida emocionalmente e amorosamente, tendo que enfrentar a sua profissão em seu dia a dia, ao investigar o assassinato de uma jovem e o desaparecimento de outra, em um período em que a sua vida pessoal está praticamente se desmoronando aos seus pés. Em até certo ponto o roteiro foi bem escrito (só na parte final que não me agradou e explicarei mais à frente), pois tudo que estava inserido na série nos prendia gradativamente e aguçava o nosso desejo de ir mais além e descobrir, junto com a Mare, todos os acontecimentos que se passava ao redor de Easttown. Todos os temas abordados pela série são feitos de forma verossímil.
Outro ponto que eu achei curioso e me motivou cada vez mais dentro da história, foram os arcos pessoais e os dramas vividos por cada um que fazia parte daquela cidade e daquele universo. De certa forma o enredo estabelece e nos apresenta os seus personagens, logo em seguida já nos confronta diretamente com um arco pessoal de cada um que está envolvido na trama. Quanto ao arco pessoal da Mare, eu acho que foi o melhor dentro da série, pois foi bem desenvolvido, bem apresentado, feito com bastante veracidade e que nos comovia e nos causava empatia instantaneamente. Já nos coadjuvantes o roteiro peca ao tentar dar ênfase em um arco pessoal de praticamente todos os personagens. Ok, acho muito digno esta tentativa, pois isso faria nos aproximar e nos importar com às vidas de cada um ali presente (além da Mare), mas me pareceu feito às pressas e sem um aprofundamento nos personagens, me soando apenas como uma mera tentativa de abranger à todos e nos causar empatia pelo o que estava sendo mostrado no arco pessoal de cada um. Acredito que se a série tivesse mais episódios, ou uma segunda temporada, isto poderia ser muito melhor desenvolvido e nos apresentado.
Kate Winslet carrega a série praticamente nas costas, é realmente impressionante o que esta mulher faz na pele da destemida Mare Sheehan. Winslet está estupidamente bem na personagem e nos proporciona uma das mais belas atuações de sua carreira. Kate Winslet foi muito bem reconhecida e premiada no Emmy Awards e no Globo de Ouro. Jean Smart como Helen Fahey, a mãe de Mare, teve uma ótima atuação, era muito interessante aqueles confrontos de ideias e opiniões entre ela e a Mare. Evan Peters como Detetive Colin Zabel, o detetive do condado chamado para ajudar Mare. Mais uma ótima atuação dentro da série, como eu gostei da atuação do Peters, que se iniciou com um desafeto com a Mare e no final já estava adquirindo uma certa química com ela. Julianne Nicholson como Lori Ross, a melhor amiga de Mare, outra atuação grandiosa e muito bem acertada, se destacando principalmente entre as cenas que tínhamos uns diálogos bastante contundentes.
Angourie Rice (como essa atriz é linda....Meu Deus!) como Siobhan Sheehan, filha de Mare. Rice tem em suas mãos uma personagem muito interessante e que poderia render muito mais na história, dado aos seus acontecimentos, seus envolvimentos e principalmente por ser a filha adolescente (meia rebelde) que sempre entrava em constantes conflitos com a Mare (entra exatamente no ponto que eu destaquei acima, faltou desenvolver mais o seu arco pessoal). David Denman como Frank Sheehan, ex-marido de Mare, um personagem muito intrigante e que influenciava diretamente a Mare. Boa atuação de David Denman. Neal Huff como o padre Dan Hastings, primo de Mare, um padre católico e pastor da Igreja de São Miguel, que se mostrava uma figura sempre meio obscura. James McArdle como Deacon Mark Burton, um diácono católico transferido para St. Michael's após alegações de má conduta sexual em sua paróquia anterior (personagem que eu sempre tive um pé-atrás na série). O grande ator Guy Pearce como Richard Ryan, um autor e professor de escrita criativa que se envolveu com Mare, mas na minha opinião, apenas pra compor a história, sem uma grande relevância.
Cailee Spaeny como Erin McMenamin, uma mãe solteira adolescente que é maltratada por seu ex-namorado (falarei dela na barra de spoiler). John Douglas Thompson como Chefe Carter, chefe de Mare no departamento de polícia (sua melhor cena é aquela que ele afasta a Mare do cargo). Joe Tippett como John Ross, marido de Lori e primo do pai de Erin, Kenny (ao final seu personagem ganha bastante relevância na trama). Sosie Bacon como Carrie Layden, a mãe do neto de Mare, Drew, e ex-namorada do falecido filho de Mare, Kevin (outra grande atuação dentro da série, principalmente ao confrontar a Mare pelo seu filho).
Erin McMenamin foi a personagem que eu tive empatia logo em sua primeira cena, pois a sua história dentro da série me soou verdadeiramente, como várias histórias da vida real que acompanhamos diariamente ao nosso redor. Uma garota de 17 anos que se envolve com homens mais velhos, que engravida e tem que enfrentar todas as dificuldades que às suas escolhas lhe impôs, que decidi se prostituir para arrecadar dinheiro para fazer a cirurgia de ouvido do filho. Ela já é órfã de mãe e cria seu filho praticamente sozinha, além de ser maltratada em casa pelo pai e humilhada pelo ex-namorado e sua namorada atual, ou seja, a vida nunca foi fácil para Erin, principalmente pelas suas próprias escolhas. Como não trazer toda essa história para o nosso cotidiano de hoje em dia?
O primeiro episódio já é fantástico (um dos melhores de toda série), pois como destaquei acima, a Erin foi a personagem que eu me conectei instantaneamente (além da Mare, é claro), por isso me surpreendi tanto ao ser confrontado com o seu assassinato. Eu fiquei paralisado ao ver que a Erin tinha sido brutalmente assassinada logo ao final do primeiro episódio da série, e a forma como ela foi encontrada também me abalou, totalmente nua e com um tiro na testa (poxa, eu fiquei triste nessa hora). Eu não imaginava que ela seria o ponto de partida da série em relações às investigações da Marie. Uma pena, pois eu gostei muito da atuação da Cailee Spaeny e queria que ela estivesse viva em toda a série.
O quinto episódio é outro excelente, pois é nesse ponto que temos os embates e confrontos de Mare e Zabel com o sequestrador que mantinha aprisionada no sótão a Katie Bailey (Caitlin Houlahan), a garota que desapareceu de Easttown um ano antes (juntamente com uma outra garota que depois se junta à ela no sótão). Mas também é nesse episódio que temos a triste e dolorosa morte do Detetive Colin Zabel, com um tiro na testa disparado pelo sequestrador durante o confronto.
Quero deixar registrado aqui o meu descontentamento, minha desaprovação e minha frustração com a revelação do assassino da Erin McMenamin no ultimo episódio da série. É sério que a série deixou todos os plot twist para o último episódio? Realmente tinha a necessidade de inventar todos esses plot twist para revelar o verdadeiro culpado? Esta forma adotada pelo roteiro para nos revelar o verdadeiro assassino da Erin foi completamente estapafúrdia, pífia, mal feita, despreparada, desprovida de imaginação.
Não tinha a menor necessidade em um único episódio mudar o então assassino três vezes, passando pelo Billy (Robbie Tann), depois o John, pra só então tentar nos surpreender (a mim não surpreendeu, pelo contrário, me decepcionou) que o verdadeiro assassino de Erin McMenamin era o Ryan Ross (Cameron Mann), filho de Lori e John, um garoto de 13 anos.
Definitivamente esta parte foi a maior deslizada, a maior derrapada da série, pra mim uma grande falha de roteiro, poderiam muito bem ter parado e entregado que o verdadeiro assassino era o John, acho que ficaria muito mais coerente e aceitável - não gostei do final!
Mare of Easttown é uma série muito boa, muito gostosa de acompanhar, nos prende em todos os episódios e nos surpreende várias vezes. Eu gostei demais da série (mesmo com o ponto que eu destaquei na barra de spoiler), adorei os personagens e principalmente a Mare. Realmente eu não sei a probabilidade da série ganhar mais uma temporada, pelo o que li, a própria Kate Winslet revelou uma grande vontade de voltar para uma segunda temporada, e a própria HBO também não descartou esta possibilidade. Eu realmente torço muito pra que a série não termine aqui e que renda mais alguns episódios, porque o elenco é muito bom e poderiam nos proporcionar mais uma ótima temporada de Mare of Easttown. [19/02/2022]