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    Wild Wild Country
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    3,9
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    Kamila A.
    Kamila A.

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    Crítica da série
    5,0
    Enviada em 10 de abril de 2018
    Antes de ser conhecido mundialmente como Osho, o líder religioso indiano Rajneesh Chandra Mohan Jain também foi conhecido mundialmente como Bhagwan Shree Rajneesh. Na metade dos anos 70, ele fundou, na cidade de Poona, sua seita de tradições dármicas, com influência direta da arte da meditação e do despertar da consciência, ganhando bastante notoriedade e trazendo gente de todas as partes do mundo para a Índia.

    Na medida em que seu ashram (comunidade formada com o intuito de promover a evolução espiritual de seus membros) foi ganhando mais adeptos, o Bhagwan sentiu a necessidade de ampliar suas fronteiras e foi assim que seu culto chegou, em 1981, aos Estados Unidos, mais precisamente na pequena cidade de Antelope, no Estado do Oregon. Esta era uma cidadezinha no meio do nada, com poucos habitantes, e que foi o lugar propício para que Bhagwan e seus seguidores fundassem um rancho no local que foi a raiz para a criação da cidade de Rajneeshpuram, cujo projeto era um sonho do Bhagwan, um local onde as pessoas pudessem encontrar a paz, a tranquilidade e a harmonia, em meio a um ambiente totalmente sustentável.

    No papel, Rajneeshpuram seria a cidade dos sonhos; entretanto, na prática, a cidade idealizada por Bhagwan e seus discípulos, foi motivo de muita controvérsia, não só na cidade de Antelope, como também em todo o Estado de Oregon e também em todo os Estados Unidos. As tensões existentes entre os líderes da cidade e os habitantes locais foi latente e, na medida em que os discípulos do Bhagwan (liderados por sua secretária particular Ma Anand Sheela), iam expandindo seus domínios, a intolerância e os obstáculos a serem superados foram se tornando mais pungentes.

    A série documental Wild Wild Country, dirigida por Chapman Way e Maclain Way, conta a história por trás do Bhagwan Shree Rajneesh, de Ma Anand Sheela e da fundação de Rajneeshpuram. Dividida em seis partes, cada uma delas enfoca os aspectos que fizeram da comunidade fundada por Bhagwan ser considerada como uma das histórias mais surreais envolvendo religião, comunidade, influência, lealdade absoluta (beirando a idolatria), desejo de poder e perda total de contato com a realidade que eu já vi.

    Apoiada em um trabalho excelente de pesquisa que foi feito pelos diretores, que conseguiram ter acesso a um acervo impressionante de imagens e de pessoas que estiveram diretamente envolvidas com as decisões que eram tomadas, tanto pelo lado de Rajneeshpuram, quanto pelo do governo dos Estados Unidos e suas instituições, bem como as instâncias locais do Estado do Oregon; Wild Wild Country é um retrato muito fiel sobre como, muitas vezes, em busca dos seus ideais, as pessoas simplesmente não conhecem limites éticos e morais.

    Ao término das seis partes, várias perguntas martelam na nossa mente, mas a principal delas é a seguinte: tudo vale a pena em nome daquilo que se acredita? É muito bonito de se ver todo o envolvimento daquelas pessoas com uma ideologia que elas claramente acreditavam. Também chega a ser impactante ver a humanidade por trás do relato de pessoas que foram diretamente afetadas por todas as vivências dentro de Rajneeshpuram, como Jane Stork. Mas, ao mesmo tempo, chama a atenção como Bhagwan conseguiu sair intacto de toda essa controvérsia em torno de seu nome, conseguindo se reinventar como Osho, recriando todo um novo ashram e um novo império – tendo nos bastidores as mesmas pessoas que o seguiram nos últimos dias de Rajneeshpuram. Essa história merece uma continuidade, especialmente em relação ao novo império que foi construído por Osho, após seu retorno à Índia.
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