Após ser levada a assinar o livro que afirma seu pacto com o Senhor das Trevas, a jovem Sabrina Spellman (Kiernan Shipka) adota uma postura mais voltada ao universo dos bruxos, já que sua relação com os plenamente humanos feriu-se após tentar fazer feitiços em prol de um bem maior. Agora preparada para assumir um suposto lugar ao lado do vindouro ser que rege a doutrina dos bruxos, a jovem deverá trabalhar suas constantes evoluções como bruxa, romances novos e a antiga vida que anseia por buscá-la de volta às origens.
A segunda temporada do seriado capitaneado por Roberto Aguirre-Sacasa evolui em muitos aspectos, nas partes dramáticas, temos uma boa abordagem que sempre tenta se sustentar aproveitando as consequências de decisões tomadas por cada personagem, por menor que seja ele na trama principal. Harvey, Hilda, Ambrose, Rosalind, Susie e tantos outros que vão sendo ajustados à história como pontos vitais à narrativa, algo que funciona muito bem na grande maioria das situações.
E falando em narrativa, a versão sombria da clássica história ganha contornos ainda mais diretos, já que tanto Sabrina quanto o tal Senhor da Trevas começam a mostrarem-se mais efetivamente, criando janelas de eventos curiosamente interessante graças às capacidades de cada um enquanto bruxos; os poderes de ambos ascendem a um patamar inesperado quando o enredo aponta a necessidade de evolução. O roteiro ainda aborda os já clássicos aspectos sociais que pouco se vê em produções no cinema, como opções sexuais diversas e suas consequências naturais aos olhos dos diretamente envolvidos; sem deixar de mencionar o grande volume de situações implícitas que trazem consigo uma satisfação imensa ao expectador antenado nos contextos.
O elenco, por sua vez, tem grandes destaques, notavelmente chama atenção mais uma vez o nefasto Faustus Blackwood (Richard Coyle) como tutor máximo da escola de bruxos; as tias Hilda Spellman (Lucy Davis) e Zelda Spellman (Miranda Otto) sempre simpáticas e muitas vezes opostas em personalidade mas complementares em "funcionalidade"; o carismático e divertido Ambrose Spellman (Chance Perdomo); e a famigerada Mary Wardwell (Michelle Gomez) ainda mais importante na narrativa do que antes.
Embora já tivesse sido renovada até a 4ª temporada, O MUNDO SOMBRIO DE SABRINA expande o que foi apresentado na temporada anterior de maneira exponencial e ainda mais cativante, tornando os personagens peças fundamentais para o contexto que ainda tem muito a ofertar. A evolução de Sabrina enquanto bruxa é o elemento maior no seriado e, se continuar nessa linha, terá muito a mostrar. Resta citar que não é um produto de entretenimento para qualquer público, pois faz uso com grandes liberdades acerca de religião e ocultismo, muitas vezes com palavras e expressões que mostram-se coerentes no universo proposto, mas requer mente aberta para a devida apreciação. Que venha os próximos episódios.