Saudosos anos 80 e suas obras que transcendem e ainda conquistam aqueles que não resistem a um momento de nostalgia plena. Pois é exatamente isto que os produtores da série COBRA KAI tinham em mente ao lançarem a divertida "continuação" do filme de 1984. A série inverte o protagonismo do filme, colocando Johnny Lawrence (William Zabka) no papel principal, que leva uma vida não tão diferente daquela vista em 84, com o insucesso seguindo-o de perto na vida pessoal e profissional. Em contrapartida, Daniel Larusso (Ralph Macchio) leva uma vida bem sucedida como dono de uma concessionária de luxo, além de bem casado e com vida familiar seguindo sem complicações. A narrativa toma rumo quando os dois se (re)encontram devido a um acidente e as consequências que surgem após demonstrarem que o passado não foi tão bem digerido como se esperava de pessoas amadurecidas.
A primeira temporada de COBRA KAI tem lá seus méritos que ultrapassam o efeito nostalgia, mas devo admitir que a diversão será infinitamente superior para aqueles que assistiram o longa original na época, pois hoje já não faz tanto sentido (nem vou cometer a maldade de lembrar da porcaria de 2010). Johnny Lawrence colocado como protagonista deu fôlego à série e mostra como uma narrativa baseada em algo antigo pode ter relevância para os dias de hoje. O cara é literalmente um fracassado, tanto profissionalmente quanto na vida pessoal, mas isso não impede que suas escolhas acabem criando simpatia no público, muito embora oscile ao longo dos episódios como uma montanha russa, até mesmo seu humor ácido e muitas vezes desferido sem papas na língua faz dele uma presença melhor do que qualquer outro personagem. Em oposição temos um Daniel Larusso bem sucedido, mas realçado como um personagem bobo e que faz sentido existir apenas pela rivalidade antiga com Lawrence, uma pena, pois Macchio poderia ser melhor aproveitado do que parecer um mané em todos os aspectos.
Ainda sobre a narrativa, há de se ressaltar que tudo funciona se o expectador se entrosar no contexto, visto que existem algumas falhas um tanto gritantes que se questionadas podem tirar o brilho do conteúdo ofertado pela série. Temos muitas homenagens aos anos oitenta, karatê, trilha sonora oitentista de primeiríssima e algumas coreografias só pra constar. Nem de longe é uma obra prima, mas no plano geral funciona como bom entretenimento, cujo resultado fica na medida.
Obs.: Há uma mudança brusca para concluir a série e anunciar a continuação, algo que pode causar sensações inesperadas do público.