“Osmosis” e Banquete de Platão
O futuro reserva formas de relacionamento virtual. As pessoas buscam a felicidade através de vários aplicativos ou app. Isso parece distante? Talvez nem tanto. Em Osmosis uma empresa oferece o serviço que encontra a alma-gêmea, uma pessoa que desperta grande paixão, e que garante a felicidade e o amor. O serviço se trata de um chip onde a pessoa insere em sua mente certas coisas, sendo também usado para fins terapêuticos, na série.
Contudo, algumas coisas parecem dar erradas, e o amor se mistura a crises dos personagens, loucuras e a suspeita de que os próprios CEOs da empresa não amam, ou enlouquecem com a situação. Isso lembra o Banquete do filósofo Platão, onde se discute a origem do amor, a situação de lendas de pessoas que tinham duas partes e foram separadas, a noção de deusa Afrodite e outros assuntos. Por fim seria o amor filosófico um tema especial, e esse mais elevado. Osmosis também promete essa resposta ao amor, e muitos ali encontram a sua alma-gêmea. Mas pareceu mais uma paixão, ou no dizer dos gregos, uma Afrodite inferior, um Eros mais carnal, e isso não se sustentaria por muito tempo. O amor mais elevado, um amor celeste, esse dependeria mais de alma, e não tanto de paixões.
Curioso que na série há a diversidade de gênero, ademais. As tecnologias auxiliam e atrapalham as pessoas em seus relacionamentos. Está muito atual se conhecer via internet. O Osmosis pode oferecer boa reflexão sobre o amor, sobre cibernética e a liquidez de nosso tempo. Já existe programa de TV onde as pessoas se casam sem conhecer, com par escolhido por especialistas, psicólogos e sociólogos e outros. Será que o amor do futuro estará sem escolha?
Mariano Soltys, filósofo, professor e advogado. Autor de livro Filmes e Filosofia.