A premissa do aplicativo parecia interessante e me despertou a curiosidade para assistir, considerando as reflexões que poderiam surgir relativas ao excesso de uso de tecnologia. Mas logo nos primeiros episódios, o que o drama entrega nesse quesito é bem fraco: o aplicativo é apresentado como um "brinquedinho" para adolescentes, que é até compatível com o ambiente escolar, mas que quando estoura essa bolha e aparece em outros contextos, torna tudo muito absurdo.
A cena do casamento, em que os noivos sacam os celulares durante a cerimônia para "provarem seu amor" através do aplicativo, foi a gota d`água para mim. kkkkk
Não costumo ser muito exigente com premissas fantasiosas como essa mas, simplesmente, não consegui comprar a ideia, que jamais faria sentido num contexto de maturidade adulta. Talvez, um pouco mais de criatividade de roteiro teria suavizado essa sensação que não tive em Memórias de Alhambra, por exemplo, que trás um contexto tecnológico ainda mais utópico mas que consegue cativar o espectador do início ao fim.
Tirando a parte da tecnologia, que ao meu ver, se tornou quase coadjuvante para a história, a construção dos personagens me pareceu bem consistente e foi o que me segurou até o final, pela empatia pelo trio principal. Todos com histórias individuais muito difíceis, tentando aliviar o peso de suas vidas através do amor. Só pecou no arco de evolução da Jojo, que o tempo todo parecia presa a imaturidade da adolescência, sendo incapaz de justificar e assumir responsabilidade por suas escolhas. Já a evolução do Sun Oh e do Hye Yeong me pareceram mais adequadas. Em relação a eles, gostaria apenas de ter visto mais sobre a forte amizade dos dois, que é tão enfatizada na primeira temporada, e que na segunda parece ter sido deixada de lado e abordada de forma superficial.
Fiquei surpresa ao ver que a maior decepção dos espectadores é em relação ao desfecho, que confesso, achei coerente.
Apesar de Jojo ter sido extremamente injusta com Sun Oh e de ficarmos com a sensação de que ele merecia um final melhor, afinal, os dois formavam um baita casalzão, Hye Yeong conquista seu espaço na vida dela aos poucos de forma paciente e encantadora, e seria ainda mais sofrido vê-lo terminar sozinho.
O desfecho que realmente me incomodou foi o de Duk-gu.
O mistério sobre o seu desaparecimento foi super valorizado, mas sua reaparição é muito rápida e não responde todos os questionamentos levantados. Cria-se também a expectativa de que ele seja redimido dos maus tratos de Gul-mi, mas ela termina sambando na cara dele mais uma vez, demonstrando não ter aprendido muita coisa depois de ter aprontado tanto, especialmente com a Jojo. Essa sim merecia ter sofrido mais um pouco.
Love Alarm deve atender a expectativa de quem curte um drama adolescente, sem grandes pretensões. E a fotografia que é linda, como em todo bom romance coreano, torna a experiência dos mais céticos como eu, mais agradável.