Desiludido com a vida e suas consequências, Marcus Lopez (Benjamin Wadsworth) mantém um cotidiano fragilizado pela total falta de rumo para seu futuro. Não por obra do acaso, o jovem é recrutado para fazer parte de uma nada ortodoxa escola secundarista, cujo propósito é o de treinar assassinos profissionais. Em contrapartida, Marcus precisará lidar com as dificuldades que surgem quando seu passado vem a tona e gera fortes complicações no novo ambiente acadêmico.
"O único local em que me sinto vivo é o mesmo que me ensina a matar." Esta é uma frase que resume bem as elucidações antagônicas que tentam ser colocadas em evidência ao longo da temporada deste novo seriado do canal americano SyFy. O passado do protagonista, que vai sendo pouco a pouco revelado, cria não só bons relatos sobre a personalidade do jovem, mas também permite que esses elementos sejam pesados diante das altas exigências da curiosa instituição de ensino. O resultado é uma agitação narrativa que oscila entre a criatividade oriunda das HQ's que deram origem ao seriado ao mesmo tempo que preenche espaços com muitas subtramas bobas e vazias de conteúdo.
Há diversas referências aos anos 80 (a série se passa em 1987), desde visuais, músicas, acessórios e até políticas como a própria vertente que move o protagonista: matar Ronald Reagan diante de decisões sociais questionáveis naquele universo. Temos ainda mais para os atentos de plantão, como cartazes, enfeites, babyboomers e comentários do tipo "qual o vilão que você considera imbatível", pergunta um professor; ao passo que responde um aluno russo: "o capitalismo".
Esses pontos tendem a funcionar como maior atrativo da série ao longo de seus 10 episódios, entretanto, não são capazes de tapar o buraco deixado pelo citado anteriormente: a enrolação com tramas paralelas. A história começa muito bem, faz uma ótima apresentação da escola, dos grupos internos e metodologias dos docentes; algo bem raro em séries iniciantes, mas reforço que os roteiristas se perdem diversas vezes com a falta de argumentos para desenvolver o que eles criaram. Um exemplo forte disso está presente em um episódio de 52 min que mostra apenas as alucinações do protagonista após consumir uma droga sintética, depois de uns 15 min fica cansativo e monótono.
Certamente que o bom elenco que conta com Benedict Wong, Olivia Cheng e David Zayas soam como atrativos para enriquecer o que se vê em cena... além de uma longa lista de jovens que se esforçam mas são trapaceados pelo fraco roteiro.
No final das contas, uma boa ideia com ótima apresentação e agitação aliadas a boas sequências de ação não são o suficiente para salvar DEADLY CLASS de um resultado medíocre. Bons personagens que mudam demais de postura (tudo bem, são adolescentes oitentistas, mas deveriam ter seus limites), falta de explicações em momentos de pouca amarração e uma conclusão dedicada ao humor bobo e forçado é o que pode ser presenciado no nada épico episódio final... que ainda se amarra forçadamente a uma desnecessário segunda temporada.