Um dos seriados mais queridos pelo público no início da década passada, Gilmore Girls está centrado no relacionamento entre uma mãe (Lauren Graham) e sua filha (Alexis Bledel), na pequena cidade de Stars Hollow, no Estado de Connecticut. As duas, além do parentesco, compartilham muitas coisas, como o mesmo nome (Lorelai, apesar da filha preferir ser chamada de Rory), o gosto por café e pela cultura pop e a predisposição para o estabelecimento de conversas intermináveis sobre os mais diversos temas.
Eis que nove anos após a última temporada do programa ir ao ar, o canal de streaming Netflix decide fazer um revival do seriado. Gilmore Girls: Um Ano para Recordar, como o próprio título deixa subentendido, se passa no período de um ano, mais precisamente, por meio das quatro estações (primavera, verão, outono e inverno), em que acompanhamos as transformações pelas quais passaram mãe e filha e todos aqueles que fazem parte de seu círculo.
O interessante é ver que, em Gilmore Girls: Um Ano para Recordar, Lorelai e Rory estão vivenciando uma espécie de crise pessoal – não uma com a outra, e sim com a maneira como a vida delas se encontra. Enquanto Lorelai lida com a morte do pai (Edward Herrmann), com a solidez de seu relacionamento com Luke (Scott Patterson), com o sempre delicado relacionamento com a mãe (Kelly Bishop) e com a administração de sua pousada; Rory vê sua vida profissional e pessoal estagnada, completamente diferente de tudo que ela imaginava que iria ser.
Gilmore Girls: Um Ano para Recordar mantém a essência principal da série, que sempre foi a cumplicidade entre mãe e filha, mesmo diante dos maiores obstáculos; mas peca pela maneira como desenvolve a sua história principal – especialmente na forma como relega os seus coadjuvantes a um papel raso, sem um maior desenrolar de histórias paralelas (a mais rica acaba sendo a mudança pela qual Emily passa após a morte de Richard). Ou seja, o revival funciona mais como uma maneira de matarmos as saudades de personagens que são tão queridos, ficando a sensação de que, talvez, seria melhor se a história tivesse terminado da maneira como vimos no series finale, em 2007. Foi, definitivamente, muito mais poético do que o cliffhanger que encontramos no último episódio deste revival.