“O Poder Feminino” e o patriarcado
Apesar da série Poder Feminino, The Bold Type mostrar sempre mulheres empoderadas, conquistadoras, defensoras da diversidade, dos trans e inter-gêneros, mesmo assim pareceu algo ainda envolto de patriarcado. Basta ver quem manda na empresa : é o homem, no caso o esposo da chefe das colunistas de revista feminina, ou da “escritora” premiada, se é que colunista de revista possa ser comparada a algum escritor de romance.
A série é divertida, mostrando a vida de três amigas, uma delas “amigue” destas, pois bissexual, de modo que trafegam através de relacionamentos, crises profissionais, conquistas na empresa e defesas de classes marginalizadas, ou minorias. A defesa da mulher ocorre vez ou outra, apesar de duas das amigas se renderem a paixão de um masculino ou outro. Vez ou outra a série busca alguma apelação na sensualidade, mas no geral faz refletir sobre questões atuais e diversidade, o que pode render um embate político de direita contra esquerda, e por lá o vilão parecia Trump. Além dessa série, seria interessante as mulheres empoderadas lerem pensadoras, como Simone de Beauvoir, a fim de compreender melhor os processos históricos envoltos na luta feminista. As três amigas mesmo assim se mantém numa ligação saudável e fraterna, apoiando sempre que possível a vida uma da outra. Sempre o que deve ficar claro é que apesar do feminino estar em destaque, não vive sem o masculino.
Há uma dualidade nas coisas, uma lei de gênero, já tratada lá por Hermes Trimegisto, o sábio egípcio. E assim na série há um homem para liderar e mandar na empresa, que se tem poder feminino, não deixa de valorar o masculino, seja nos amigos, namorados ou mesmo chefe, homens. O patriarcado se mantém velado na série, mesmo que as mulheres tenham grandes conquistas, bem como superando a visão, em diversidade de gêneros.
Mariano Soltys, escritor e filósofo, autor de livro Filmes e Filosofia