Sinceramente, eu não achei a série tão boa assim quanto estavam prometendo. Ela não é ruim, mas está bem longe de ser muito boa. Vou pontuar as coisas que me incomodaram. Primeiramente achei o roteiro bem confuso, principalmente no começo. A prerrogativa da série é super interessante, afinal ela se baseia num futuro bem distante na qual os humanos dominam a imortalidade. Porém os primeiros episódios foram construídos de uma forma que a narrativa mais atrapalha do que auxilia quem está assistindo. A série tem vários núcleos paralelos que em si servem pra amarrar a narrativa principal, mas a forma como o roteiro pontua essas narrativas é bem desconexa e dificulta a compreensão geral. Outro pronto que me incomodou bastante é que senti falta de um maior aprofundamento sobre as questões filosóficas,religiosas, sociais e políticas sobre a imortalidade. A série mostra no começo certo impacto social e a população contra os cartuchos, mas nada que faça realmente a gente questionar os efeitos disso na vida humana. Também trata com muita rapidez sobre a troca de corpos, sem sequer pontuar as contradições e inquietações que um ser humano pode sofrer durante o processo de adaptação em um novo corpo. Na verdade esse processo nem existe na série. Isso pode até não ser o elemento principal da série mas não teria nem como não ser abordado. Isso nos leva a uma outra questão: Tak. Acredito que o grande elo de questionamento desse futuro distópico seja o Tak, mas, quando ele é interpretado pelo Joel Kinnaman a série simplesmente perde a essência. O Tak do Kinnaman parece mais a reencarnação do Robocop, que por ironia ele também interpretou no cinema a pouco tempo atrás. Ele é como um robô, sem expressão, sem vida e duro. Ele não é um mal ator, mas também não é um ótimo ator. Em contraponto o Will Yun Lee, que interpreta o Takeshi do passado, é carregado de emoção e isso prende muito mais a atenção do expectador na série. Acreditei na dor do Takeshi através dele, somente. Alias, o ponto da narrativa que mostra o Tak virando um emissário e o questionamento sobre a imortalidade apresentado através da Quell é muito bom (outra ótima atriz). A interpretação da Martha Higareda como Kristin cresce ao longo dos episódios e eu me vi torcendo por ela também, assim como as outras personagens (a família Elliot, Poe). Fotografia boa, direção de arte muito boa, a ambientação da série foi muito bem feita. Acredito que se talvez na próxima temporada eles voltassem a utilizar a capa asiática do Takeshi, interpretada pelo Will Yun Lee, a série ganhasse um pouquinho mais de vida e mais empatia dos espectadores pelo personagem principal.
O Kinnaman nem precisa ser descartado, ele pode voltar a ser capa do Ryker como o próprio final deixa a entender, mas como personagem principal não dá.