O ritmo do desenrolar da trama é propositadamente lento, como na vida real. A psicoterapeuta (Jean) é o eixo em torno do qual orbitam as demais personagens, cada qual com seu drama específico e significativo para a proposta do enredo. Uma mãe superprotetora(Claire) na mesma medida da sua dependência da filha após ter ficado viúva. Uma menina(Dolly) diagnosticada equivocadamente com TDAHimpondo à sociedade sua sexualidade de forma natural e espontânea. Uma dependente química(Alysson) , enganando todos que tentam ajudá-la a deixar o vício desaparece misteriosamente, talvez assassinada ou internada por overdose. Um advogado de sucesso(Michael) , um homem sensato e elegante, esposo dedicado e carinhoso, que percebe que toda sua estabilidade emocional e profissional depende do seu casamento. Uma mulher de 30 anos que vive como adolescente(Sidney) , trabalha como barista e tenta sucesso musical com uma banda composta por outros fracassados, justifica sua vida medíocre inventando estórias sobre seu pai, vivendo relacionamentos complicados e fugindo de compromissos. Uma secretária competente (Alexis) que esconde suas fantasias sexuais e sonha em ser uma escritora. Um traficante supostamente violento (Tom) que se envolve com uma das suas clientes que só se interessa na verdade pelas drogas que ele guarda em casa. Um paciente confuso (Sam) e deprimido com o fim de um relacionamento doentio é manipulado pela sua terapeuta e por sua ex, resolve reatar um namoro tradicional, mas sofre uma recaída. Outra que também tem uma recaída é Larin, amiga de Jean e também terapeuta, trocada por uma mulher mais jovem, resolve se divorciar e torrar o dinheiro que recebeu no divórcio em um apartamento de luxo, mas acaba saindo com seu ex. Outra personagem, aparentemente bem resolvida (mãe da Jean), apresenta mais confiança e controle das situações que envolvem sua filha, porém não consegue lidar com os conflitos de relacionamento entre elas. E por fim, a protagonista, com um passado reincidente de envolvimento pessoal com pacientes e um fantasma que a assombra (Melissa). A dúvida que o último episódio deixa no ar é se dessa vez Jean vai conseguir evitar que tudo venha à tona e destrua sua carreira. Quem de nós já não se viu em pelo menos uma das situações acima? Quantas pessoas conhecemos também podem ser identificadas por comportamentos semelhantes? E isso tudo acontecendo lentamente, diariamente, repetidamente. Com certeza vou assistir a segunda temporada, sem ansiedade ou grandes expectativas, apenas com a mesma curiosidade que sempre tenho
ao observar as interações de comportamento social, suas causas e consequências.