Após evitar que um massacre terrorista crie complicações na política mundial, o analista da CIA Jack Ryan (John Krasinski) identifica algo suspeito envolvendo um grande cargueiro em terras venezuelanas. Sem conseguir sustentar suas suposições para concretizar uma ação militar, ele parte juntamente com o senador Moreno (Benito Martinez) para tentar, diplomaticamente, identificar junto ao governo local as razões pelas quais embarcações suspeitas transitam em território local. A ação amigável dá início a um conflito no qual a soberania venezuelana se confunde com uma ditadura que não dá espaço para justiça ou diálogo efetivo, cabendo a Ryan e James Greer (Wendell Pierce) descobrir o que há por traz de ações questionáveis do presidente Nicolás Reyes (Jordi Mollà).
Logo de imediato já se percebe a veia política-militar tão presente nas obras oriundas da mente do falecido Tom Clancy. A sustentação do enredo passa por temáticas de desequilíbrio global envolvendo não somente hegemonia financeira, mas como a utilização de certos recursos naturais podem ser vitais quando utilizados de forma desbalanceada. Essa pegada funciona bem e ajuda a dar um teor mais verossímil à narrativa, principalmente por estarem presentes tantos elementos realistas utilizados em prol da reflexão.
O roteiro que se desenvolve bem ao longo de oito episódios transita em um emaranhado de situações envolvendo muitos personagens, às vezes até confuso, mas que faz boas abordagens sociais. Ainda que transite em um universo mais político que dramático, a segunda temporada ainda se preocupa em dar espaço à vida pessoal de seus personagens, em especial ao agente Greer e à Gloria Bonalde (Cristina Umaña), esta representante do povo que almeja dar fim ao controle desumano imposto pelo então presidente da Venezuela. Algumas características que surgem nesse contexto abrem espaço para conflitos de interesse, sejam eles pessoais ou profissionais, dando um pouco mais de atratividade à história.
Voltando ao personagem principal, John Krasinski está ainda mais a vontade no papel de protagonista. Embora praticamente não atue nos escritórios que o identificaram sumariamente, aqui ele age por impulsos e raramente dá ouvidos às ordens de seus superiores, deixando-se levar pela crença no correto e aspirações de justiça a qualquer preço. Essa premissa nos leva a grandes e interessantes sequências de ação, muitas delas comandadas com segurança e deixando o expectador presente nos melhores planos para jamais desperdiçar o momento de adrenalina.
Ao longo de seus oito episódios, a segunda temporada de JACK RYAN apresenta boas ideias e gera uma interessante narrativa cuja abordagem certamente não agradará a todos, principalmente pela insistência na hegemonia militar americana e no total desrespeito à soberania de outros Estados. Deixando de lado tais aspectos e mantendo interesse no entretenimento, o seriado produzido pela Amazon Prime tem tudo para divertir e criar horas de diversão, sendo seu resultado reflexivo dependente da experiência e exigência de cada um, mas vale a investida.