Entre Física, Política e Balas.
Baseado na filme de mesmo nome lançado em 2007, SHOOTER é focado no personagem Bob Lee Swagger (Ryan Phillippe), um ex-fuzileiro que saiu da profissão após perder um amigo no campo de batalha. Alguns anos após o ocorrido, Bob é convocado por um antigo colega, Isaac Johnson (Omar Epps), o motivo do contato paira sobre fortes indícios envolvendo uma eventual tentativa de homicídio, tendo o alvo o presidente dos Estados Unidos.
Embora a sinopse seja muito similar à premissa do filme de 2007, a série toma algumas liberdades em sua concepção, deixando o personagem mais bem desenvolvido e pontuado dentro do contexto. Bob Lee, que aqui também torna-se fugitivo, vai desde a prisão até florestas em busca de descobertas que o direcionem à verdade sobre as reais motivações do crime ao qual foi incriminado. A conspiração que vai sendo descosturada é simplesmente complexa e contextualmente fantástica, pois amarra cada pedaço de informação que vai sendo deixada ao expectador estruturalmente, mantendo a trama muito bem construída. Existem muitos elementos envolvendo entidades governamentais, militares, agentes, espiões e as mais variadas hierarquias profissionais em um caldeirão de dados que jamais soam confusos ou forçados, já que sempre aparecem justificados. Há de destacar também que o roteiro jamais menospreza seus personagens secundários, mostrando-os capazes de perceber detalhes e eventuais planos antes de serem devidamente apresentados.
Claro que além da história bem orquestrada, o elenco também faz jus à suas necessidades. Ryan Phillippe carrega com grande facilidade o protagonismo, mostrando vitalidade e desejo de encontrar a verdade sob quaisquer circunstâncias, vale destacar também sua grande afinidade com a família, elemento este que deixa a série mais crível e interessante. No cast de ainda temos a agente do FBI Nadine Memphis (Cynthia Addai-Robinson), uma obstinada em mostrar a verdade por traz da conspiração; Tom Sizemore, como o interessante espião Hugh Meachum; Omar Epps como Isaac Johnson, uma peça chave para a realização e conclusão da narrativa. Apesar de rápida, a aparição do carismático William Fichtner, como um exímio atirador, também convence pela circunstância.
Categorizada como série de ação, este elemento de fato está presente, mas não são muitas a cenas. Embora bem elaboradas do ponto de vista estético, os momentos mais agitados oscilam entre fugas ou emboscadas, algumas relatando o passado de certos personagens durante a atuação militar. São funcionais e ajudam a criar um bom clima, sem jamais tirar o foco da investigação, elemento principal do enredo.
Outro ponto de destaque paira sobre os detalhes militares presentes na obra. Certamente que houve um grande cuidado com a elaboração e seleção de armas utilizadas na série, pois são bem detalhadas e pontuadas quanto a sua força e precisão, deixando o resultado de sua utilização sempre impressionando. Nomes, calibres, relevância, física para uso, modelos e tantos outros itens que surpreendem pelo destaque, mas curiosamente não incomodam ou deixam o expectador perdido caso não seja profundo conhecedor do assunto.
Ao contar com um protagonista convincente e uma trama conspiratória sensacional, SHOOTER oferece uma primeira temporada repleta de bons momentos, fazendo uma investida interessantíssima no obscuro campo militar e suas consequências. Produzida por Mark Wahlberg e Antoine Fuqua, a série tem muito a oferecer em sua já anunciada segunda temporada, pois, apesar de concluída narrativamente, a primeira temporada deixou abertas nítidas possibilidades para expandir o universo de Bob Lee.