Rycroft Philostrate (Orlando Bloom), um investigador e ex-combatente da guerra que deixou para trás muitos mais do que lembranças sórdidas, recebe a complicada missão de investigar uma onda de assassinatos na cidade de Burgo. Tomado por conflitos entre humanos de várias classes sociais e não humanos, o distrito de Carnival Row é o ponto de encontro daqueles que tentam manter a relação entre os diferentes seres de forma amigável. No entanto, a chegada de Vignette Stonemoss (Cara Delevingne) abalará o cotidiano de Philostrate e de grandes nomes influentes da notável Burgo.
Bancada pela Amazon Studios sem restrições no caixa, CARNIVAL ROW desponta como mais um produto que vai muito além do simples entretenimento. Ao longo de seus 8 episódios, a série discute abertamente temáticas complicadas como preconceito racial, social, de gênero entre outros que tomam conta de uma cidade castigada pela intolerância em suas mais variadas vertentes. Tais elementos são tratados com bastante cuidado pelo roteiro ao mesmo tempo que desenvolve sua narrativa principal e como tudo se relaciona efetivamente.
A mescla de elementos mitológicos e humanos em uma cidade inspiradíssima na era vitoriana soa não menos que brilhante, pois permite caracterizar seu universo distópico com muito cuidado ao mesmo tempo que traz ao expectador certo tom de verossimilhança. As locações, ricas em detalhes, funcionam tão bem que mais parece um personagem que traz vida ao ambiente, seja ele nas sujas ruas de Carnival Row ou mesmo nas luxuosas construções ocupadas pelos ricos.
Também merecem destaque as criaturas inseridas na história, tais como fadas, faunos, lobisomens, ogros, trols, centauros e tantos outros para compor a classe daqueles relegados como invasores, objeto dos mais variados tons de preconceito. E para caracterizá-los há um grande cuidado com uso do CG, maquiagem e figurinos; pois advém deles os pontos mais atraentes para compor cada um dos personagens fantasiosos que participam ativamente da história ou simplesmente atuam como figurantes.
Apesar da história transitar entre diversos pontos que misturam elementos paralelos, a trama principal é bem costurada, moldando o passado com o presente para explicar como cada elemento se insere no enredo. O vilão monstro, os políticos repletos de interesses próprios e personagens secundários são bem aproveitados pelo roteiro funcional, culminando em momentos cheios de alma própria e reconhecimento de valores que ultrapassam as cifras.
CARNIVAL ROW termina com um gancho para a segunda (já confirmada) temporada que inflamará ainda mais as discussões que envolvem interesses pessoais e poder. A série criou um universo vivo, com cores frias realçadas pela ótima fotografia e a edição sempre preocupada em aproveitar as locações como elemento da história. Apesar da personagem de Delevingne ser o destaque, há muito o que vivenciar neste produto que surpreendeu em muitos, ou quase todos, os aspectos propostos.