Ash vs Evil Dead (2ª Temporada)
A segunda temporada de "Ash vs Evil Dead" mantém exatamente o mesmo ritmo da primeira, mantém a mesma essência de todo o universo "Evil Dead" e consegue novamente navegar naquela proposta de comédia trash de terror. Dessa vez temos uma intensificação no cômico, naquele humor mórbido, no trash e principalmente no gore.
É interessante que a série nunca abandona a sua origem, justamente por sempre abusar e intensificar a violência explícita, a sanguinolência extrema e sempre mergulhar no Terrir. Porém, aqui temos um ponto bem curioso, que é o fato do nosso Ash estar de volta a Jacksonville e junto com esse retorno retornar todas as suas lembranças do passado; como o fato da aparição do seu pai (Brock Williams, que é interpretado por Lee Majors), que diga-se de passagem, foi uma surpresa. Além, é claro, entre várias surpresas e várias descobertas sobre o Ash que vamos acompanhando com o passar dos episódios.
Bruce Campbell novamente é a alma da série e de todo o universo "Evil Dead". Temos aqui um Ash cada vez mais velho, onde seu timing cômico e suas tiradas cômicas estão cada vez mais afiadas. Podemos notar aquele Ash tiozão com um senso de humor apuradíssimo, sendo aquele velho canastrão de sempre, onde ele nos proporciona cenas completamente impagáveis (Como na cena do morto no necrotério). Por outro lado a série nunca abandona aquelas famosas cutucadas no politicamente correto, onde temos o próprio Ash se trajando daquele humor politicamente incorreto, e é incrível como isso funciona aqui, mesmo que sendo encarado de forma mais branda, mais suave, que é justamente o intuito dessa alocação mais humorística da série (como já havia sido nos filmes).
A série continua acertando com perfeição no dinamismo, na fluidez, com um ritmo bastante envolvente, onde a diversão e o entretenimento é 100% garantido. E muito dessa diversão se passa justamente pela fator nostálgico, que é toda essência oitentista que a série continua nos proporcionando ao longo das histórias de cada episódio. Por falar em episódios, a temporada continua com a mesma dinâmica de episódios curtos, indo direto ao ponto (por mais que alguns até pareçam como uma encheção de linguiça), com aquele mesmo formato de episódios que não ultrapassam a meia hora, onde eu particularmente considero como um acerto. O saudosismo também pesa quando passamos a falar sobre as qualidades técnicas da temporada, que vão desde a maravilhosa e empolgante trilha sonora, até os cenários mais clássicos do universo "Evil Dead", que é justamente a icônica cabana na floresta.
O roteiro dessa segunda temporada segue entre acertos e erros!
Considero um acerto a história dessa temporada nos revelar mais informações sobre aquele passado oculto e sombrio do Ash, como o fato daquela lenda que se criou em sua cidade natal com o famoso "Ashy Slashy". Isso traz mais corpo para a história que está sendo contada, gera um engajamento maior. O mesmo vale para a introdução do principal vilão da temporada, que já difere da primeira temporada justamente por não manter a figura de antagonista (vilanesca) somente sobre a Ruby (Lucy Lawless). O vilão da vez é o temível (ou talvez não) Baal (Joel Tobeck). Que é uma criatura que se veste de peles humanas, que por sinal todo o efeito que utilizaram nas troca de peles foi fantástico.
Outro ponto muito interessante da temporada é toda referência que se mantém sobre a mitologia do universo "Evil Dead".
Ao longo da temporada temos algumas menções e referências sobre a trilogia original, como no caso da própria cabana e o "Necronomicon", mas ainda vai além, com algumas citações ao "Evil Dead 3", e a aparição daquele demônio de pescoço longo, que faz uma referência direta ao "Evil Dead 2" (se bem me lembro). Não posso esquecer de citar aquela cena no nono episódio, onde temos o clássico ataque dos galhos da árvore na Ruby e na Kelly (Dana DeLorenzo). Os 10 episódios se dividem entre referências, menções e homenagens à toda franquia, e aos famosos episódios de preenchimento da história, que nada mais é do que os famosos "encheção de linguiça".
Eu entendo toda referência e toda representação do universo "Evil Dead" que a segunda temporada traz pra série, inclusive até me surpreendendo no quesito viagem no tempo, onde confesso que não era uma coisa que eu estava esperando na série. E digo que funcionou direitinho como uma inovação da temporada, já que na trilogia original temos abordagens sobre este contexto, e aqui eu fui surpreendido por aquele inusitado encontro entre a Ruby atual e a Ruby dos anos 80, assim como aquele "resgate dos mortos" do Pablo (Ray Santiago). Mas devo reiterar exatamente no quesito inovação na série, que sinceramente eu não vejo muitos caminhos disponíveis para ser explorado fora desse contexto de cabana na floresta. Pois é legal, é nostálgico, é clássico, mas a impressão que dá é de que a história não avança e anda em círculos terminado sempre no mesmo lugar, que é justamente na cabana.
O elenco de apoio continua extremamente cativante!
Ray Santiago e Dana DeLorenzo continuam ótimos, formidáveis, com uma bela química entre eles e principalmente com o Bruce Campbell.
Lucy Lawless tem uma participação maior na temporada, conseguindo transcender aquela figura de vilã fajuta que ela carrega desde a primeira temporada.
Michelle Hurd foi uma boa integração na temporada com sua personagem Linda.
Lee Majors está perfeito sendo a figura do pai do Ash, onde o próprio traz um senso humorístico na medida certa e sendo bem pontual.
Joel Tobeck está mediano como o vilão da temporada, pois achei um apresentação muito caricata e muito canastrona. Mas ok, até que funcionou na medida do possível.
O episódio dez fecha com aquela aparição da Ruby anos 80 no fundo da festa do Ash. Ou seja, o famoso gancho para a terceira temporada. O mesmo vale para a cena pós-crédito (sim, temos uma), onde mostra uma garota achando o "Necronomicon" jogado na floresta.
Por fim, a segunda temporada de "Ash vs Evil Dead" continua boa, e muito por manter grande parte dos elementos da primeira e ainda intensificar alguns. Também continua funcionando perfeitamente em seu objetivo de divertir e entreter. Porém, aqui eu já vejo um pequeno sinal de desgaste, que poderá se intensificar ainda mais na terceira temporada, que por sinal estou bastante curioso pra conferir para poder entender melhor os reais motivos do cancelamento da série. [23/05/2023]