Estilo Avermelhado.
Idealizada pela prolífera dupla Alfred Gough e Miles Millar, a série Into the Badlands traz um mundo pós-apocalíptico diferente do convencional, pois não há destruição geográfica e física evidenciada, mas sim um universo no qual a sociedade se destruiu devido a suas ambições naturais.
Inspirada pela fábula chinesa “Journey to the West”, a série tem como protagonista o artista marcial Daniel Wu, que interpreta Sunny, um fiel devoto aos interesses de seu tutor, que exige pouco diálogo e força bruta sem preocupações. Sunny é o regente da fortaleza comandada por Quinn (Marton Csokas), um homem frio e manipulador ao extremo, capaz de fazer de seus interesses a sobrevida para total controle de suas dependências. Quinn é um dos seis barões de Badlands, indivíduos que comandam com pulso firme seus interesses econômicos sem se preocupar muito com a influência política para prosseguir com suas necessidades.
Tudo começa a mudar quando Sunny encontra o jovem M.K. (Aramis Knight), um jovem que está em busca da mãe e de sua antiga terra natal, conhecida como Azra. O jovem em questão é dotado de uma habilidade descomunal que não controla e não sabe suas origens, algo que leva o protagonista a questionar sua devoção ao barão e rever possíveis interesses pessoais fora dos domínios de Badlands.
A situação se acentua mais quando outros personagens surgem em diversos extremos, sejam eles com interesse direto em M.K., como é o caso da Viúva (Emily Beecham), ou mesmo focados em rixas pessoais, como se destacam o orgulhoso Ryder (Oliver Stark) e Lydia (Orla Brady), essa última uma das esposas do barão.
Ausência de peculiaridades a parte, a série ganha força quanto Sunny investe em descobertas sobre o que existe além das terras selvagens de Badlands e ao mesmo tempo questiona sua devoção ao barão Quinn, uma vez que este demonstra incrível insensatez para aqueles que o respeitam indubitavelmente. É um canalha, devo apontar.
Além dos aspectos narrativos interessantes criados nesta temporada, a série ainda desponta com uma incrível qualidade no aspecto ação. Considerando o que diz um dos materiais de divulgação: "In a world without guns, fighting is a art", a lei que prevalesse é a que define a habilidade com o uso das mãos e armas brancas, elemento este que serve para desenrolar todas as cenas que saem da calmaria, diga-se de passagem, brilhantemente bem coreografadas. A violência chega a ser exaltada com muito sangue e desmembramentos, alguns até surpreendentes pelo exagero, mas naturais dentro do universo em que existem.
O figurino é outro item que chama a atenção, já que nas roupas fica evidenciado nitidamente tanto a hierarquia quanto quanto a classe econômica de cada um, a série faz questão disso. O guerreiro Sunny possui uma estilosa composição, contendo um sobretudo vermelho (cor de seu clã), óculos preto e duas espadas forjadas para qualquer situação; os barões são sempre destacados pelo cor de seus "grupos", azul para a Viúva e preto para Jacobee (Edi Gathegi), servindo para pontuar sua diferenças regionais, sem que isso indique força ou significado maior.
Contando ainda com uma fotografia que abusa de tons quentes, em especial o vermelho, para realçar a realidade daquele universo, planos que exaltam e aproximam as lutas do espectador sem jamais causar confusão em cada momento, INTO THE BADLANDS tem uma curta primeira temporada com seis episódios, mas já desenvolveu bastante conteúdo para se desenrolar na já anunciada segunda temporada, que chega em algum momento de 2017. O jeito é esperar para saber como Sunny aprenderá a lidar com as habilidades de M.K. e outros problemas que surgiram nesta divertida série.